Cultura

Atriz de “Demolidor” diz que namorado cego “é o melhor tipo de herói”

Atriz de “Demolidor” diz que namorado cego “é o melhor tipo de herói”

Por Da Redação

Atriz de “Demolidor” diz que namorado cego “é o melhor tipo de herói”Reprodução Twitter

Não demorou muito para Matt Murdock (Charlie Cox), cego desde a infância, conquistar o coração de Karen Page na série “Demolidor”. Na vida real, no entanto, o coração da atriz Deborah Ann Woll tem dono há sete anos: o comediante E. J. Scott, que pode não ter superpoderes, mas tem algo em comum com o defensor de Hell’s Kitchen. Portador de coroideremia, que causa perda progressiva da visão, ele promove eventos para arrecadar dinheiro e chamar a atenção para a doença, que é hereditária e rara. “Ele é o melhor tipo de herói, um ser humano comum”, afirma a atriz, em entrevista ao UOL, por telefone.


No lançamento da série em Los Angeles, no início do mês, Scott inclusive adotou os óculos vermelhos e o uniforme do Demolidor. “Tenho interesse em como os cegos são representados na mídia. Vejo a seriedade com que Charlie encara essa responsabilidade, e isso é gratificante para mim de uma maneira mais pessoal do que para os outros”, conclui a intérprete da secretária, que nas HQs da Marvel é um dos principais interesses amorosos de Murdock.


A loira de 30 anos conta que não é expert nos quadrinhos, mas passou a estudar o universo do Demolidor assim que assumiu o papel. E afirma que o que mais lhe atrai na história é explorar uma área meio cinzenta entre o bem e o mal.


“Às vezes Matt vai longe demais. Não sabemos exatamente onde a parte boa termina e a ruim começa. Karen espelha Matt. Ao se deparar com pessoas corruptas, ela também quer fazer algo a respeito. São vilões poderosos. Ela não aguenta apanhar como ele, mas procura ajuda no repórter Ben Urich (Vondie Curtis-Hall). Ela acha seu próprio caminho para divulgar as informações que tem. O que invejo nela é que ela não tem medo de colocar seus planos em ação, é corajosa, assume riscos”, analisa.


Nascida e criada no bairro do Brooklyn, em Nova York, Deborah afirma que filmar em sua cidade natal é fascinante – porque os nova-iorquinos não estão tão interessados assim em interromper sua rotina para uma série de TV. “Você é que está no caminho deles para o trabalho, e eles fazem você perceber isso. Aí você vê um carro passando no fundo e a pessoa aumenta o som. É engraçado, e você tem que incorporar isso à cena”, diverte-se.


O Hell’s Kitchen da ficção, completamente dominado pelo crime, pode até não ser assim na realidade, afirma a atriz, mas tem na história uma construção bastante verossímil. “Amo como os roteiristas deram uma forte razão para a devastação do bairro, o incidente que aconteceu no primeiro ‘Os Vingadores’. O lugar precisa de uma reconstrução, e indivíduos corruptos se aproveitaram disso. Admiro como eles não ignoraram essa questão”, analisa.


Embora diga que não fique preocupada em acompanhar a reação do público – que no caso dos fãs de quadrinhos pode ser bem apaixonada -, ela conta que tem lido comentários positivos no Twitter. E garante que a péssima recepção ao longa-metragem do Homem Sem Medo, estrelado por Ben Affleck em 2003, não a assustou. “Tento não focar nisso. Obviamente a gente quer que que as pessoas gostem do nosso trabalho. Às vezes acertamos, às vezes é preciso tentar de novo. Mas todas as tentativas de contar uma história são válidas”, explica.


Famosa por interpretar a vampira Jessica Hamby em “True Blood”, a atriz conta que a série de fantasia teve uma importância enorme em sua carreira, mas também na vida pessoal. “O programa me abriu muitas portas e foi lá que conheci alguns de meus amigos mais próximos, como Michael McMillian (o Steve), Rutina Wesley (a Tara) e Gianna Sobol (produtora da atração). Não importa quanto tempo passe, quando a gente se encontra é como se estivesse recomeçando de onde parou. Vou ter carinho pela Jessica por toda a minha vida”, afirma.


Ela ri ao ser lembrada do ótimo timing em sua trajetória – estar em “True Blood” quando os vampiros estavam em alta e ganhar um papel em “Demolidor” quando os super-heróis são a bola da vez. “Na hora de escolher um papel, você tem que seguir sua intuição, ver se a história é interessante. Não importa se está na moda ou não. Foi coincidência. Tenho que fazer teste para todos os trabalhos. Não saio escolhendo o que quero fazer (risos). Tive muita sorte de conseguir esses papéis”, diz Deborah.


Ela ainda não sabe se Karen vai aparecer numa segunda temporada ou ainda nas outras produções que a Netflix vai lançar este ano (“Jessica Jones”, “Punho de Ferro”, “Luke Cage” e a minissérie “Os Defensores”). Mas está pronta para o desafio que surgir. “O que quiserem fazer com Karen vou adorar”, torce.


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