Oscar 2015 consagra Birdman
Oscar 2015 consagra Birdman
Com poucas surpresas, alguns discursos memoráveis e uma apresentação morna, o Oscar 2015 não parece ter empolgado boa parte da população cinematográfica. O início pareceu arrebatador, com uma apresentação criativa, emocionante e divertida homenageando o cinema. Mas, logo tudo ficou formal demais, sem grandes novidades.
Quem esperava uma performance especial de Neil Patrick Harris provavelmente se decepcionou. Bem menos à vontade que Ellen DeGeneres, que, na edição anterior fez selfie e pediu pizza, o ator também passeou pela plateia e até ficou de cueca no palco em um dos poucos momentos inspirados onde homenageou Birdman e Whiplash, mas, no geral, fez poucas piadas divertidas e pareceu um mestre de cerimônias bem apagado.
No duelo entre Boyhood e Birdman, o homem pássaro voou longe na principal noite da indústria cinematográfica. O filme de Richard Linklater, que levou doze anos para ser produzido, só subiu ao palco representado por sua atriz coadjuvante Patricia Arquette que fez um empolgante discurso pelos direitos das mulheres, inclusive de salários iguais aos dos homens sendo ovacionada pela plateia e aplaudida de pé por sua concorrente Meryl Streep que parecia se divertir em sua 19ª indicação.
Já o filme de Alejandro Gonzáles Iñárritu consagrou o mexicano que levou Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Original, tendo ainda o prêmio técnico de Melhor Fotografia mais do que merecido para Emmanuel Lubezki. O Grande Hotel Budapeste também levou quatro estatuetas, mas todas de prêmios técnicos. E Whiplash ficou com três, sendo Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Montagem e Melhor Mixagem de Som.
A surpresa ficou por conta do Prêmio de Melhor Animação que consagrou o estúdio Disney como o grande vencedor da Academia, mesmo com uma obra que fica aquém de seus concorrentes. Não que Operação Big Hero seja um filme ruim, mas Como Treinar Seu Dragão 2 e Os Boxtrolls são superiores. Infelizmente, “Song of the Sea” e “The Tale of the Princess Kaguya” não chegaram por aqui para ter uma ideia exata da ordem dessa categoria, mas o poder de Baymax realmente surpreendeu. Pobre Banguela…
Mas, ainda que com poucas surpresas e com uma apresentação morna, o Oscar teve seus momentos memoráveis, como alguns discursos. O já citado de Patricia Arquette e o do roteirista Graham Moore (“O Jogo da Imitação”) são campeões. Ele poderia ter dado um pouco da emoção do discurso ao roteiro do filme, que o tornaria muito melhor. A forma sincera com que ele falou da sua vontade de se matar por ser diferente, bateu com a trajetória do protagonista e emocionou a todos.
Da mesma forma que John Legend e Common emocionaram ao cantar e depois agradecer pela premiação de Glory única indicação de Selma, além de Melhor Filme. Ao falar da causa, da importância da luta de Luther King e de como o tema ainda merece atenção, eles fizeram muita gente chorar no teatro.
Teve ainda a homenagem surpresa aos 50 anos de A Noviça Rebelde com uma performance surpreendente de Lady Gaga seguida da participação de Julie Andrews apresentando o prêmio de Melhor Trilha Sonora para Alexandre Desplat por O Grande Hotel Budapeste. O músico ganhou o seu primeiro Oscar após oito indicações. Quem também levou sua primeira estatueta foi Julianne Moore por Para Sempre Alice. Assim como Eddie Redmayne foi o vitorioso na categoria de Melhor Ator e J.K. Simmons como Melhor Ator Coadjuvante.
Confiram todos os vencedores:
Melhor Filme: Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância).
Melhor Diretor: Alejandro Gonzáles Iñárritu (Birdman)
Melhor Ator: Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo)
Melhor Atriz: Julianne Moore (Para sempre Alice)
Melhor Ator Coadjuvante: JK Simons (Whiplash)
Melhor Atriz Coadjuvante: Patricia Arquette (Boyhood)
Melhor Filme em Língua Estrangeira: Ida (Polônia)
Melhor Documentário: CitizenFour
Melhor Documentário em Curta-Metragem: Crisis Hotline: Veterans Press 1
Melhor Animação: Operação Big Hero
Melhor Animação em Curta-Metragem: Feast
Melhor Curta-Metragem em ‘live-action’: The phone call
Melhor Roteiro Original: Alejandro G. Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris Jr. e Armando Bo (Birdman)
Melhor Roteiro Adaptado: Graham Moore (O Jogo da Imitação)
Melhor Fotografia: Emmanuel Lubezki (Birdman)
Melhor Montagem: Tom Cross (Whiplash)
Melhor Design de Produção: O Grande Hotel Budapeste
Melhores Efeitos Visuais: Paul Franklin, Andrew Lockley, Ian Hunter e Scott Fisher (Interestelar)
Melhor Figurino: Milena Canonero (O Grande Hotel Budapeste)
Melhor Maquiagem e Cabelo: Frances Hannon e Mark Coulier (O Grande Hotel Budapeste)
Melhor Trilha Sonora: Alexandre Desplat (O Grande Hotel Budapeste)
Melhor Canção: Glory, de John Stephens e Lonnie Lynn (Selma)
Melhor Edição de Som: Alan Robert Murray e Bub Asman (Sniper Americano)
Melhor Mixagem de Som: Craig Mann, Ben Wilkins e Thomas Curley (Whiplash)
Confira em CinePipocaCult matérias exclusivas sobre a premiação e críticas dos principais filmes.