Família

Nasce um filho, nasce um blog

Colunista On: Otávio LealPai de Maria Flor e Amora, advogado, consultor parental e psicanalista em formação
Nasce um filho, nasce um blogilustrativa/Pexels

Há alguns anos, quando eu já havia iniciado o trabalho social "Pai, Vem Cá!" (@paivemca), fui procurado por um pai que me disse ter interesse em criar um perfil nas redes sociais para falar sobre paternidade, na ideia de orientar outros pais. Queria dicas e sugestões!


Diante da demanda, resolvi perguntar a ele quantos anos tinha seu filho, para trocarmos ideias sobre aquele novo projeto, pois sempre fui um entusiasta desse movimento!


Mas, para a minha surpresa, ele me disse que seu filho tinha apenas SEIS MESES!


Eu não sabia se ria ou se soltava os cachorros nele! Até entendi a vontade dele de falar sobre os sentimentos e desafios que estava vivenciando, mas daí a pretender ENSINAR outros pais após uma rasa e ligeira experiência de seis meses de paternidade, fica difícil! Ainda mais no meio do caos que é o puerpério!


E porque trago esse assunto agora?! Porque agora sou eu o pai de uma criança de sete meses e hoje tenho a absoluta certeza de que não sei nada, ou melhor, quase nada que possa verdadeiramente servir de orientação efetiva para outros pais, ao menos nessa fase. Me sinto assim.


As únicas lições que tenho a oferecer para esses pais são as mesmas que ofereci há anos atrás para o tal pai que queria virar blogueiro: vivam intensamente a paternidade, façam uma imersão nela, invistam tempo nisso, dediquem-se, amparem seu par, cuidem de quem amam e gastem mais energia e tempo brincando com os filhos(as) do que postando nas redes.


É exatamente isso que faço hoje por aqui, enquanto alguns insistem em me perguntar se eu não vou "aproveitar" o momento para produzir mais conteúdo! Não, obrigado! Ser pai já consome energia suficiente.


Quando iniciei o projeto, minha primeira filha tinha cerca de 5 anos e, ainda assim, não me achava suficientemente apto a orientar outros pais. A ideia inicial sempre foi contar nossa trajetória e estimular outros pais a serem mais presentes.


Nesse caminho, terminei fazendo a formação em psicanálise e adquirindo um pouco mais de conhecimento. Mas novas dúvidas vieram junto!


Hoje falo menos e escuto mais! Acho que essa também é um grande dica para a paternidade.


Precisamos colocar nossa vaidade para descansar, chegar mais perto dos nossos filhos, sentir o cheiro, sentar no chão, de pés descalços, desarmados, e aprender com eles a viver, enquanto brincamos e educamos com afeto.


*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.

Importante: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Aratu On.

Otávio Leal

Otávio Leal

Otávio Leal, do blog "Pai, vem cá", é pai de Maria Flor e Amora, advogado, consultor parental, psicanalista em formação e autor do livro "Papai foi pra roça, Mamãe foi trabalhar. E agora?".

O projeto “Pai, Vem Cá!” se tornou parceiro da Defensoria Pública da Bahia e da Revista Pais & Filhos, tendo participado de iniciativas sociais importantes, a exemplo da campanha Poder do Colo, da Novalgina.

Instagram: @paivemca
 

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