Honrar pai e mãe, talvez. Honrar a si mesmo, sempre!
Depois de dias sem escrever, enfim saio do isolamento que me permiti fazer. Nos dias de hoje anda cada dia mais difícil abrir mão da exposição pública e dos tais "likes".
Apesar de não ter sido um isolamento completo, meu retiro interno foi extremamente necessário para a minha busca e maior conexão com a família.
Quem passa a vida buscando respostas do "lado de fora", comumente, perde-se no caminho.
Entre as descobertas mais recentes, descobri que o meu projeto social, a quem eu dei nome de "Pai, Vem Cá!", foi fruto de um SINTOMA. Na prática, a expressão revelava um chamado de um pai que nunca chegava.
Pouco antes da minha cirurgia cardiológica, fizemos as pazes e a vida anda mais leve em alguns sentidos. O tempo ajuda a sarar algumas feridas e a reestruturar os sonhos que o mundo, de tão mesquinho, triturou.
O Projeto "Pai, Vem Cá!" não vai acabar. Ao contrário, renasce mais forte e reconfigurado, assim como eu me sinto.
Ao contrário do que pode parecer, não acho que estar próximo e fazer as pazes com pai e mãe seja um requisito para seguir bem, tampouco para ser plenamente "feliz", se é que isso existe.
A ideia judaico-cristã, de honrar pai e mãe, precisa levar em consideração quem é esse pai, quem é essa mãe, como essas figuras estão elaboradas para o sujeito e como foi construída essa relação durante a vida.
Precisamos honrar a nós mesmos nessa trajetória, nos respeitar, respeitar nosso tempo, nosso sentir, aprender a ler nossas angústias, cuidar das nossas feridas, nos abraçar, nos dar o colo que muitas vezes nos foi negado.
Se não prejudicamos ninguém no caminho, não há "pecado" nisso.
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.