Família

Escrevendo errado por linhas tortas: os perigos do "homeschooling"

Colunista On: Otávio LealPai de Maria Flor e Amora, advogado, consultor parental e psicanalista em formação
Escrevendo errado por linhas tortas: os perigos do "homeschooling"ilustrativa/Pexels

Para quem nunca ouviu falar, o homeschooling é uma modalidade de educação que defende que os pais eduquem seus filhos em casa, participando do seu processo de formação. Caso esses pais não tenham tempo disponível, podem, ainda, terceirizar a educação doméstica contratando professores particulares ou adotando o Ensino à Distância.


A modalidade está presente em outros países e ganhou força durante e depois da pandemia. Quem defende a ideia cita como vantagem a maior flexibilidade de ensino, horários e técnicas, bem como a personalização do conteúdo. Mas, por trás da suposta boa vontade e boa intenção desses pais, esse formato de educação esconde perigos imensos para o desenvolvimento dessas crianças.


O maior perigo do homeschooling é a limitação à qual as crianças serão submetidas durante os seus primeiros anos de vida e formação cognitiva. Falo da limitação de referências, de socialização com outras crianças, experiências, convivência com a diversidade de circunstâncias e personalidades. Essa limitação fará muita falta lá na frente, pois é justamente a experiência com o novo que gera amadurecimento e prepara o ser humano para a vida em sociedade.


O outro perigo para essa criança reside no convívio exacerbado com os pais. Sim, o excesso de pai e mãe pode ser um fator de risco nesse processo, já que o mesmo pai/mãe que assumirá o papel de educador, também precisará, em tese, acolher e dar afeto no caminho das descobertas. Isso pode se chocar em algum momento.


Quando delegamos aos professores e às escolas o papel de educar, podemos focar em nosso próprio papel na vida dessas crianças, papel esse que já nos traz incumbências, desafios e responsabilidades suficientes. Logo, se a ideia é promover uma educação de qualidade, talvez seja mais produtivo escolher uma escola de confiança da família e se manter presente e pró-ativo durante o caminhar da formação dessa criança.


Dar voz às inseguranças que passam nas nossas cabeças, julgar que sabemos tudo e que precisamos ser onipresentes na vida dos filhos, pode ter um efeito oposto ao que se pretende, ou seja, pode terminar fragilizando a criança para a vida social e para as demais etapas da sua formação.


*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.

Importante: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Aratu On.

Otávio Leal

Otávio Leal

Otávio Leal, do blog "Pai, vem cá", é pai de Maria Flor e Amora, advogado, consultor parental, psicanalista em formação e autor do livro "Papai foi pra roça, Mamãe foi trabalhar. E agora?".

O projeto “Pai, Vem Cá!” se tornou parceiro da Defensoria Pública da Bahia e da Revista Pais & Filhos, tendo participado de iniciativas sociais importantes, a exemplo da campanha Poder do Colo, da Novalgina.

Instagram: @paivemca
 

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