Família

A palavra AMOR anda vazia. Não tem gente dentro dela

Colunista On: Otávio LealPai de Maria Flor e Amora, advogado, consultor parental e psicanalista em formação
A palavra AMOR anda vazia. Não tem gente dentro delaCréditos da foto: Ilustrativa/Pexels

Essa frase, de autoria do escritor e gênio Manoel de Barros, anda mais atual do que nunca! O atentado dessa quarta-feira (5/4), que vitimou crianças dentro de uma escola em Blumenau, é uma prova viva disso.

Para quem ainda não se deu conta, estamos vivendo uma escalada de violência nas escolas que reflete o clima de tensão e ódio que se instalou no Brasil, que até então era tido como um país alegre, festivo e distante desse cenário.

O Brasil teve 24 ataques em escolas nos últimos 22 anos, sendo que 14 desses atentados aconteceram nos últimos cinco anos. Os dados são da Universidade de Campinas (Unicamp) e da equipe liderada pela pesquisadora Telma Vinha.

A pesquisa também aponta que a tragédia poderia ser ainda pior, já que 34 atentados foram evitados nos últimos 10 anos, sendo 22 deles somente no ano passado!

Não se pretende aqui culpar um governo e prestigiar qualquer outro, mas não há dúvidas de que o discurso extremista e radical abriu os bueiros na nossa nação.

A maldade e a perversão que antes estava interditada por questões éticas, morais e pelos invisíveis limites sociais, hoje andam soltas e permeando nosso círculo social e lugares de convivência.

Nós e os nossos filhos somos vítimas disso. Todos nós! Conservadores ou não! Precisamos ficar alerta para esse fato e buscar alternativas para reduzir o impacto disso na nossa sociedade, antes que seja tarde demais para recuperar o prejuízo.

Quebrar o ciclo de violência é uma temática constante nos meus textos e no meu trabalho. Sempre foi um desafio falar sobre isso e, infelizmente, sinto que esse cenário piorou muito nos últimos anos.

Se qualquer pessoa resolve tocar nessa temática, hoje, nas redes sociais, ou até mesmo em algumas famílias, o resultado é imediato e sempre violento, incluindo adjetivos ofensivos, pejorativos ou, simplesmente, menosprezando quem ousou falar de algo mais afetuoso e brando.

Somos todos "nutelas", "mimizentos", "lacradores", "comunistas", dentre outros adjetivos que falam mais da idiotia de quem os profere do que, necessariamente, de quem os recebe.

Sigo na tentativa de emprestar minha voz e o meu trabalho para, de alguma forma, ainda que "ingenuamente", tentar colocar mais gente dentro da palavra AMOR.

Boa Páscoa para todas as famílias e um abraço apertado para todas as famílias que perderam crianças e adolescentes nesses cruéis atentados.

*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.

Importante: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Aratu On.

Otávio Leal

Otávio Leal

Otávio Leal, do blog "Pai, vem cá", é pai de Maria Flor e Amora, advogado, consultor parental, psicanalista em formação e autor do livro "Papai foi pra roça, Mamãe foi trabalhar. E agora?".

O projeto “Pai, Vem Cá!” se tornou parceiro da Defensoria Pública da Bahia e da Revista Pais & Filhos, tendo participado de iniciativas sociais importantes, a exemplo da campanha Poder do Colo, da Novalgina.

Instagram: @paivemca
 

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