Quatro anos e cinco ministros da Educação: o que esperar?
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Em menos de quatro anos, teremos o quinto Ministro da Educação no governo Bolsonaro. Todas as trocas aconteceram de forma tumultuada, cheias de polêmicas e em meio a denúncias de casos de corrupção. Um cenário que não inspira confiança e não traz qualquer garantia de um futuro melhor para o desenvolvimento do país, sobretudo para o futuro dos nossos jovens.
Dessa vez, Victor Godoy, ex-auditor federal de finanças, foi efetivado na última segunda-feira (18/4), como o mais novo ministro da Educação. Entretanto, Victor segue os mesmos requisitos dos seus antecessores: falta de qualificações técnicas para a pasta. Antes de Victor Godoy, o MEC já teve Ricardo Vélez Rodriguez, Abraham Weintraub, Carlos Alberto Decotelli e Milton Ribeiro. Todos saíram após inúmeras confusões e sem deixar qualquer legado positivo para a educação brasileira.
Essas constantes trocas devido aos casos de corrupção, incompetência e outras trapalhadas só revelam o quanto a nossa educação está abandonada. Só nos últimos 30 dias, a gente se deparou com escândalos como o pedido de barras de ouro para pastores amigos do Ministério da Educação (MEC), ônibus escolares superfaturados e até mesmo a criação de 52 "escolas fake".
E isso é o que a gente sabe até agora de esquemas de corrupção envolvendo o MEC. Precisamos estar sempre de sobreaviso. A cada semana pode surgir um novo escândalo. Quando não é algum esquema de corrupção, decisões “políticas” são tomadas de forma a prejudicar ainda mais a educação. Tudo isso pela mais clara e pura politicagem para beneficiar aliados políticos.
Ontem, por exemplo, o Brasil tomou conhecimento de que o MEC suspendeu o repasse de cerca de R$ 434 milhões que seriam destinados às prefeituras de todo o país para construções de creches, escolas, salas de aulas e quadras nos municípios brasileiros.
Ao todo, são R$ 1.780 obras afetadas em mais de 1.300 prefeituras do país. Todas essas obras estão paralisadas ao mesmo tempo em que o MEC prioriza o repasse dos recursos da educação de acordo com o interesse dos aliados do governo. Tudo sem qualquer critério técnico e responsabilidade com o futuro do nosso país.
Além dos inaceitáveis casos de corrupção, são medidas politiqueiras como essa de suspender recursos cruciais para construções de escolas que fragilizam ainda mais a já combalida educação brasileira. Esse cenário afeta profundamente o futuro daqueles jovens que tanto precisam de uma educação de qualidade para transformar suas vidas.
Sei o quanto a educação transformou a minha vida e sei o quanto ela pode mudar a vida de milhões de brasileiros. Por isso, digo e repito sempre: enquanto a educação não for prioridade no Brasil, não teremos um país desenvolvido capaz de reduzir as desigualdades sociais, o alto índice de violência e de promover reparações históricas.
Não dá mais para aceitar que a educação do nosso país seja utilizada como um grande balcão de negócios como tem sido usada. Precisamos virar esse jogo para construir um país melhor para todos e todas!
*Este materia não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.