O que esperar do retorno das aulas na Bahia?
Foto: Fernando Vivas/GovBa
O ano letivo nas escolas públicas da Bahia começou na última segunda-feira com aulas 100% presenciais. Apesar das atividades em sala de aula já terem sido totalmente retomadas na rede estadual em outubro de 2021, após um ano e sete meses da suspensão devido à pandemia da Covid-19, observa-se que perdemos muito tempo sem qualquer tipo de atividade de ensino por um longo período na rede estadual. Não houve sequer aulas virtuais num período de mais de um ano.
Num levantamento realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), entre março e outubro de 2020, a Bahia ficou em último lugar em um ranking brasileiro de educação pública à distância. Apesar do ano atípico, a realidade é que houve pouca ou nenhuma disposição para ofertar uma educação à distância semelhante a que outros estados e redes do ensino municipal realizaram. Só após um ano de pandemia atentaram-se em estruturar um programa de aulas remotas.
E são situações de descaso na educação como essa que geram graves problemas no desenvolvimento das crianças e adolescentes. Na última semana, por exemplo, a Unicef declarou que a falta de atividades de ensino “além de privar milhões de crianças da aquisição de habilidades básicas, afetaram sua saúde mental, aumentaram seu risco de abuso e impediram que muitas delas tivessem acesso a “uma fonte regular de nutrição”.
Não tenho dúvidas de que essa é uma dura realidade que diversos estudantes baianos estão passando nesses quase dois anos de pandemia. Estamos enfrentando um quadro praticamente irreparável na educação pública da Bahia. E, o que é ainda mais lamentável, é que esse é um cenário que não se restringe apenas ao período desta crise sanitária.
Quando desconsideramos os dados desses dois anos de pandemia, constatamos que a educação em nosso estado também já amargava resultados negativos em anos anteriores. No Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2019, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) em 2020, a Bahia teve o terceiro pior desempenho do Brasil entre os alunos do Ensino Médio. Já nos anos finais do Ensino Fundamental, a educação baiana ocupou o penúltimo lugar no ranking nacional.
Outros dados que também preocupam é que apenas 58,6% dos jovens entre 15 e 17 anos baianos frequentam o ensino médio. Entre esses, 42,2% estão fora da série recomendada para a sua idade, segundo o Anuário Brasileiro da Educação Básica (2021). A pergunta que fica é: o que tem sido feito para afastar tanto nossos jovens das escolas?
Não há como a educação ser tão negligenciada em nosso estado. Acredito que a educação precisa ser nossa principal ferramenta para reduzir as desigualdades sociais e não pode ser tão desvalorizada como vem sendo por aqui.
Sei o quanto a educação transformou a minha vida e possibilitou que eu pudesse alçar voos mais altos. Da mesma forma, acredito que a educação poderá transformar a realidade de muitos outros jovens. Por isso, é urgente alterarmos essa má condução da educação pública na Bahia. Só assim conseguiremos viabilizar a igualdade de condições e oportunidades para alcançarmos um futuro mais próspero para juventude baiana.
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.