Consciência em novembro e sempre!
Foto: ilustrativa/Pexels
Novembro é o mês em que, normalmente, ampliamos o debate sobre uma necessária tomada de consciência para superarmos o racismo. No sábado, 20 de novembro, data que marca o Dia da Consciência Negra, acompanharemos o aumento de homenagens, manifestações e reflexões sobre a luta árdua contra a discriminação racial e a influência da cultura africana na construção da sociedade brasileira. Não deixa de ser um momento oportuno para aprofundarmos debates que possam elucidar dúvidas, desconstruir mitos e pautar uma sociedade mais igualitária.
Afinal de contas, não é incomum encontrarmos questionamentos sobre o porquê da existência do Dia da Consciência Negra ou até mesmo a afirmação de que não existe racismo no Brasil. Prática infeliz, porém, comum para um país colonizado por quase três séculos e que até os dias de hoje sofre com a disseminação da ideia da democracia racial. Mas, trago aqui algumas considerações para entendermos a necessidade da ampliação do debate e caminhar em favor do combate ao racismo.
Primeiro que, não por acaso, negros e negras lideram o ranking de estatísticas nada agradáveis, como o ranking do desemprego, da maior parcela da população carcerária e manicomial e, infelizmente, a de maior número de mortes em território nacional, seja pelas mãos do Estado ou da violência urbana. Dados como esses revelam o quanto a democracia racial, por exemplo, é um mito e não resiste às pesquisas, aos números e ao cotidiano da nossa população. Isso por si só já explicaria o quão fundamental é existir campanhas de debate sobre o racismo. E digo mais, não apenas por um dia ou mês, mas massivamente durante todo o ano.
Além disso, nesses tempos tão conturbados da nossa democracia, temos líderes políticos que negam a existência do racismo e tentam desmantelar instituições que promovem e preservam a cultura negra e afro-brasileira. Debates sobre a luta por igualdade racial se tornam ainda mais cruciais em momentos tão caóticos como esse que estamos atravessando.
Para além de tudo isso, acrescento que discussões sobre a luta por igualdade racial são mais do que necessárias para termos a percepção histórica e cultural da importância do povo negro para a sociedade e o quanto merecem ser celebrados pela força, resistência à opressão e por serem construtores do nosso país. É preciso olhar para trás e não esquecer dos heróis que lutaram por igualdade para entendermos que falar de Consciência Negra é tocar na chaga do racismo que insiste em não cicatrizar na sociedade brasileira.
Por isso, devemos dizer um Viva à Consciência Negra, um viva à Zumbi Dos Palmares, à Dandara e a tantos outros símbolos da luta e resistência do povo negro como; Luiz Gama, Lucas Dantas, João de Deus, Luís Gonzaga das Virgens, Manuel Faustino, Makota Valdina, Mestre Moa do Katendê e tantos outros grandes, de nomes ainda desconhecidos, que resistiram ao jugo do escravismo, do racismo e da brutalidade à época. A consciência muda a realidade! Consciência em novembro e sempre!
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.