Sobre sentido e nossas escolhas de carreira
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Vamos conversar um pouquinho hoje sobre escolhas de carreira? Para mim, foi um tanto complicado ser/responder à tal pergunta: “o que você vai ser quando crescer?”
A minha resposta era imediata: professora! Meu pai gostaria que eu fosse engenheira. Minha mãe imaginava-me médica. Preciso ser justa com ambos, afinal, nenhum dos dois me obrigou a fazer nada, porém, meu pai era taxativo. Eu não iria ser professora, ia morrer de fome, dizia que isso já acontecia com minha mãe e que eu iria fazer outra coisa. E aí me vi escolhendo Ciências Contábeis. Meu pai não fez curso superior, era comerciário e foi durante quase toda sua vida Chefe de Departamento Pessoal. Passou por uma fase de desemprego complicada e tornou-se taxista. Minha mãe sempre foi professora e, após alguns anos de sala de aula, foi atuar na Secretaria de Educação.
E lá estava eu, apaixonada por gente, sem nenhuma vocação nem paciência para ser contadora, já trabalhando e superando um tanto de desafios e com uma decisão consolidada: queria educação corporativa. Queria liderança. Era o que o coração mandava fazer, era o que o meu farol apontava. Olhando para trás, analisando a decisão que tomei, vi na minha frente uma equação para lá de interessante e pensei sobre o sentido das coisas, que só percebemos depois que elas acontecem, as tais coincidências: Chefe de DP + Taxista + Professora = ?
Pois é, trabalhei com gente como meu pai, me tornei líder muito jovem, fui para sala de aula, me tornei uma professora corporativa e percebi que, tal qual um taxista, conduzi às pessoas aos seus destinos, ao local onde desejam chegar. Na verdade, é bem isso, que fazemos na liderança, apenas conduzimos. Elas escolhem o destino, o caminho e o que
vão fazer quando chegar lá. E é uma grande honra e uma grande alegria fazer este passeio.
Há alguns anos, a vida me deu a oportunidade de exercer a minha missão numa Incorporadora e lá estava eu, em meio a um monte de engenheiros. Acho que Painho ficou feliz. Depois, fui cuidar de uma missão na área de saúde, cercada de médicos. Acho que Mainha ficou feliz. Curiosamente, acabei descobrindo que atendi à expectativa destas duas pessoas, de um jeito muito curioso, àquela pergunta tão crucial nas nossas vidas, “ao que vou ser quando crescer.”
Ahá! E é agora que o texto começa, porque a questão central aqui é: qual a sua expectativa de carreira? Como você tem buscado responder a esta questão? Eu tenho um pensamento muito simplista a este respeito, e minha crença se baseia, no que vivi: eu simplesmente escolhi o que fazia meu coração vibrar absurdamente! Vejam, não concluí Ciências Contábeis na Universidade Federal da Bahia (Ufba). Após quatro anos de curso, fui para a Universidade do Estado da Bahia (Uneb) cursar Educação e, então, efetivamente, sou professora!
E isso me levou a lugares extraordinários! Antes de me formar já liderava equipes e me tornei gestora aos 21 anos. Como escolhi minha paixão, meu trabalho sempre foi fonte de prazer, sempre me diverti com o que fazia. Claro que tive muito estresse e muita confusão, mas a essência do que eu fiz a vida inteira esteve na essência do meu desejo
profissional mais profundo.
Ser contadora mataria minha alma. O que minha carreira me proporcionou, foi fruto do meu esforço, da minha dedicação, dos meus acertos e, especialmente, dos meus erros.
Meu pai falava que eu morreria de fome como educadora e o foco dele estava na sobrevivência financeira e tudo bem, sem romantismo, precisamos mesmo de din din para mais que sobreviver, mas a questão é que aonde eu cheguei onde meu pai nunca imaginou que a minha formação me levaria.
Sim, hoje sou empresária, atuo no segmento de recursos humanos, sou educadora por formação, especialista em educação e depois em outras tantas coisinhas aí, mas a escolha raiz foi pelo que fazia meu coração disparar.
Sempre que me perguntam sobre grana ou paixão, não penso duas vezes narecomendação: vá na paixão, a grana virá, é consequência. Se for só pela grana, tenho a sensação de que eu coração vai embora, mas não arrebatado por uma alegria avassaladora, mas pela doença, depressão, ou sei lá mais o quê.
Visão romântica? Pode ser... por via das dúvidas, experimenta um papo com a galera que passou dos 45/50 anos, possivelmente a gente vai entendendo o sentido da passagem por este plano.
Aí, você pode me dizer: “Ah, mas quero muito a grana.” Tá valendo, tá tudo certo! Só me permita recomendar que encontre uma forma de viver o que te encanta, o que faz sentido para você, o que faz vibrar sua alma.
Juro que não estou seguindo a linha Alice no País das Maravilhas ou nas palavras de moda/sensação, mas você vai passar a maior parte da sua vida dedicada a esfera laboral. Então, me parece simples escolher: como você quer investir mais de 1/3 da sua vida?
Quero aproveitar e agradecer a todas as pessoas que “entraram no meu táxi”, que me concederam a oportunidade e aprendizado de apoiá-los nos seus processos de crescimento e aprimoramento pessoal.
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.