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Necessário ou não? Filme que mostra o início da carreira de Willy Wonka e sua fábrica de chocolates vale a pena de ser conferido?

Colunista On: Enoe Lopes PontesPesquisadora, jornalista e crítica de cinema e séries
Necessário ou não? Filme que mostra o início da carreira de Willy Wonka e sua fábrica de chocolates vale a pena de ser conferido?

Gene Wilder, direção de Mel Stuart, Oompa Loompas cor de abóbora e músicas inesquecíveis… A Fantástica Fábrica de Chocolate (1971) é um clássico cinematográfico do século XX, que marcou a infância das crianças dos anos 1970 e das gerações futuras. Seja no cinema, na TV, em VHS, em DVD ou em streamings da vida, o musical ficou marcado no imaginário popular, virando até meme da internet. Em 2004, o cineasta Tim Burton se aventurou a entregar a sua versão do famoso longa, dando roupagens e estilísticas “burtonianas” para esta história tão popular mundialmente, que nada mais é do que um livro homônimo de Roald Dahl.


Nesta conjuntura, de sucesso de público, que um prequel foi anunciado para 2023. No entanto, na era dos remakes, reboots e continuações, uma dúvida pairava sob a mente dos consumidores (principalmente dos cinéfilos): essencial ou não, este filme vai ser bom? Estrelado por Timothee Chalamet, Wonka não é apenas bom, mas também necessário. A palavra necessidade aqui tem um tom quase metafórico, porém depois de passar pela exibição do longa e ter contato com a vida pregressa de uma personagem tão icônica como Willy Wonka, o espectador pode sentir exatamente isso: era algo que a plateia nem sabia que precisava, mas descobriu que precisava.


Juntando a nostalgia do filme original, com escolhas ousadas - como Hugh Grant no papel de Oompa Loompa -, Paul King consegue criar um mundo ficcional que se conecta com o futuro de Willy, mas que cria em si uma atmosfera de novidade. A descoberta da relação do protagonista com sua mãe e o seu amor genuíno pela feitura dos chocolates, por exemplo, criam camadas para a personalidade peculiar de Wonka. Conhecer as suas motivações é importante para amarrar os elementos constitutivos da personalidade de Willy. A razão pela qual ele se torna tão seletivo no futuro e preocupada com a sua empresa também aparece nesta nova produção, porém com um grande frescor de quem está vivenciando os conflitos pela primeira vez. Assim, a base do sucesso de Wonka e suas guloseimas, que faz com que ele ganhe muitos inimigos, também é explicada dentro da narrativa.


Mesmo com toda esta coesão com os enredos anteriores, a produção se basta e tem uma trama envolvente, que deixa quem assiste conectado com a projeção. O ponto principal para a concretização deste intento é o carisma do elenco. Chalamet, que nem sempre é considerado gerador de empatia em seus papéis, entrega um Wonka sensível e doce, o que cria uma simpatia imediata com ele. Para que uma ficção funcione, geralmente, é necessário que quem a consome torça pela figura central. O Wonka de Chalamet é tão entregue ao que está vivendo, que a torcida pela personagem é intensa. Não só por ele, mas por seus coadjuvantes também, principalmente a garotinha Noodle (Calah Lane), que cumpre uma função semelhante à de Charlie (criança central do livro), porque é ela que mantém a humanidade de Wonka.


Os intérpretes dos vilões também realizam um bom trabalho, dentro de arquétipos que funcionam porque se encaixam na atmosfera da narrativa. O destaque aqui é Olivia Colman que, como sempre, se entrega ao seu papel e constrói corpo e voz de uma senhora completamente desagradável e má, deixando-se levar pela sua criatividade costumeira, que sempre mescla intuição e técnica. Por isso que Colman é tão genial, pois ela equilibra uma ingenuidade com malícia, que fomenta o seu processo criativo, tornando suas personagens mais orgânicas. Mas, não é só de elenco que vive Wonka. Tanto as músicas originais quanto as antigas estão à serviço da narrativa, elevando o poder de emocionar e enganchar a plateia. O uso de Pure Imagination, por exemplo, é pontual e não se desgasta.


Assim, a canção funciona como elemento conector para quem assistiu à produção de 1971, porém também deve alcançar a nova audiência, por conter em si uma melancolia com alegria, vinda de seus tons suaves, que ampliam a imersão durante a exibição. Esta característica também está na direção de Paul. Sem exagerar nas movimentações de câmera ou efeitos, Paul King é seletivo no que vai dar intensidade ou retenção. Aqui, ele não aparece contido, porém cuidadoso, a fim de convocar o foco para a trama e suas personagens, mas também dando espaço para mostrar algumas de suas habilidades, como na sequência da abertura do filme ou quando a loja de chocolates é inaugurada.


Desta maneira, Wonka vale a pena de ser conferido. Com quase 2h de duração, a sessão passa rapidamente e de forma prazerosa. Ainda há a vantagem de ser uma obra que toda família pode conferir, sendo assim, é uma excelente opção para o final de ano e as férias da criançada.


Assista ao trailer:
https://youtu.be/5a-qYjXNOtw
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.

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Enoe Lopes Pontes

Enoe Lopes Pontes

Doutoranda e mestre em Comunicação, formada em Artes Cênicas e em Comunicação Social, Enoe Lopes Pontes é pesquisadora, jornalista e crítica de cinema e séries. É membro da ABRACCINE e do Coletivo Elviras. Cinéfila desde os 6 anos, sempre procurou estar atenta para todo tipo de produção, independentemente do gênero, classificação ou fama. Do cult ao pipoca, busca observar as projeções com cuidado e sensibilidade. Filmes preferidos: Hiroshima Mon Amour e Possession.

Enoe integra a equipe do Coisas de Cinéfilo, como crítica.

Instagram: @enoelp

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