Pesada, sombria e intensa, Adolesc&ecirc;ncia &eacute; uma das novas miniss&eacute;ries da Netflix. A premissa em si j&aacute; d&aacute; um n&oacute; na garganta, porque trata sobre um garoto de 13 anos, Jamie Miller (Owen Cooper), que &eacute; acusado de assassinar sua colega de escola. Apesar de algumas irregularidades, a s&eacute;rie impressiona por sua consci&ecirc;ncia de encena&ccedil;&atilde;o e desenho de som.
Como &eacute; que se conta uma hist&oacute;ria t&atilde;o assombrosa quanto essa? Como setar o tom, sem ultrapassar limites? Em termos de diegese e extra-diegese (o que h&aacute; dentro e fora da narrativa), a produ&ccedil;&atilde;o lida com essa premissa indigesta. Dentro da trama, um menino &eacute; preso por um crime de viol&ecirc;ncia extrema. Para que o impacto da situa&ccedil;&atilde;o seja sentido desde o in&iacute;cio, as din&acirc;micas da mise-en-sc&egrave;ne s&atilde;o exploradas.
A sequ&ecirc;ncia da pris&atilde;o de Jamie acontece nos primeiros minutos do seriado e &eacute; um excelente exemplo da qualidade do trabalho aqui. A come&ccedil;ar pelo fato de que ela tem poucos planos fechados, com movimenta&ccedil;&otilde;es espaciais intensas e mudan&ccedil;as geogr&aacute;ficas - como a ida da pol&iacute;cia do primeiro andar da casa de Jamie para o segundo.&nbsp;
A luz da interna &eacute; baixa, com a arte trabalhada na temperatura azulada e pontos de luz que v&ecirc;m dos policiais. Os sons possuem diversas camadas. Assim, o ambiente de caos &eacute; instaurado. Imagens e sons acelerados e intensos fazem com que o espectador se aproxime das emo&ccedil;&otilde;es das personagens - como de desespero e d&uacute;vida.&nbsp;
Al&eacute;m disso, nesta sequ&ecirc;ncia inicial e at&eacute; o final do primeiro epis&oacute;dio, o p&uacute;blico ainda n&atilde;o sabe para quem torcer ou o que pensar exatamente do que est&aacute; ocorrendo. H&aacute; uma organicidade dos movimentos do elenco, das c&acirc;meras e ru&iacute;dos que direcionam a plateia, em uma dan&ccedil;a sinuosa entre a&ccedil;&otilde;es f&iacute;sicas, amor familiar e contradi&ccedil;&otilde;es humanas.
Em termos de sons, ap&oacute;s a sa&iacute;da da casa dos Miller, a pot&ecirc;ncia do trabalho de sonoridades de Adolescence se eleva. A partir dali, quem assiste &eacute; convidado a mergulhar cada vez mais na atmosfera daquele universo ficcional. Quem faz o folley desta produ&ccedil;&atilde;o brilha - &nbsp;juntamente com toda a equipe de som. Cada elemento sonoro evoca um sentimento e explica cada situa&ccedil;&atilde;o vivenciada.&nbsp;
Depois do piloto, cada epis&oacute;dio se passa em um contexto - o que faz a s&eacute;rie cair um pouco, &eacute; verdade, mas chegaremos l&aacute; -, mas, ainda assim, o espectador sente que est&aacute; presente na narrativa justamente por conta dessa preocupa&ccedil;&atilde;o com os detalhes do som. Os ru&iacute;dos da escola, da delegacia, da sala de terapia entregam uma experi&ecirc;ncia narrativa particular.
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Est&aacute; tudo ali: as portas que abrem e fecham (aumentando ou diminuindo o som de uma ambiente), os telefones que tocam, as escadas do col&eacute;gio que t&ecirc;m aquele barulhinho de t&ecirc;nis rangendo. Mas, ainda melhor, o uso do sil&ecirc;ncio. Com toda esta l&oacute;gica de sonoridades, a aus&ecirc;ncia de ru&iacute;dos &eacute; potente, &eacute; simb&oacute;lica, &eacute; desconfort&aacute;vel. O auge desta estrat&eacute;gia tamb&eacute;m &eacute; no piloto.
A cena que tem um plano m&eacute;dio de Eddie Miller (Stephen Graham), pai de Jamie, vendo o filho ser revistado, sem roupas, pelos policiais, &eacute;, talvez, a melhor (em termos de qualidade, de sensa&ccedil;&otilde;es &eacute; a pior) parte de toda a produ&ccedil;&atilde;o. &Eacute; muito inteligente como as dire&ccedil;&otilde;es - geral, fotografia e arte - mant&eacute;m a integridade do menino sem tirar o peso do contexto da trama.
Toda a sequ&ecirc;ncia da vistoria em Jamie &eacute; um plano longo em Eddie. O p&uacute;blico v&ecirc; apenas a sua rea&ccedil;&atilde;o e escuta o sil&ecirc;ncio frio da sala da delegacia, interrompido somente pelas indica&ccedil;&otilde;es dos policiais. Cada microexpress&atilde;o de Stephen &eacute; captada pela plateia. Inclusive, ainda que todo elenco se saia bem, sem exce&ccedil;&otilde;es, Graham &eacute; o grande destaque em termos de atua&ccedil;&atilde;o.
A maneira como o ator joga com a conten&ccedil;&atilde;o versus explos&atilde;o de movimento eleva a potencialidade de significados dos seus sentimentos. As d&uacute;vidas e ang&uacute;stias de um pai que n&atilde;o sabe o que sentir em rela&ccedil;&atilde;o ao seu filho, mesmo o amando, ficam n&iacute;tidas no trabalho de Graham por conta desta din&acirc;mica f&iacute;sica e corporal que ele investe.
No entanto, devido a l&oacute;gica da miniss&eacute;rie, n&atilde;o &eacute; poss&iacute;vel acompanhar a interpreta&ccedil;&atilde;o de Graham durante toda a obra. Modificando os cen&aacute;rios em cada epis&oacute;dio (delegacia, escola, institui&ccedil;&atilde;o psiqui&aacute;trica, casa da fam&iacute;lia Miller), um quebra-cabe&ccedil;a se monta e as trajet&oacute;rias das personagens s&atilde;o narradas. Todavia, ao mesmo tempo que esta estrutura esgar&ccedil;a o conte&uacute;do da hist&oacute;ria, ela impede que as personagens se desenvolvam.
O que ocorreu no crime fica bem explicado no segundo epis&oacute;dio. Dali em diante, o p&uacute;blico encontra repeti&ccedil;&otilde;es. Contudo, ao mesmo tempo, diversas figuras somem do enredo, sendo abandonadas pelo roteiro. &Eacute; por esta raz&atilde;o que, apesar de todo um apuro est&eacute;tico, Adolesc&ecirc;ncia &eacute; melhor em introduzir o seu universo ficcional do que mant&ecirc;-lo.&nbsp;
A obra vale a pena por transmitir sensa&ccedil;&otilde;es profundas, atrav&eacute;s da t&eacute;cnica do audiovisual. Mas, n&atilde;o d&aacute; para se prender ao destino das personagens, sen&atilde;o a decep&ccedil;&atilde;o ir&aacute; se instalar.&nbsp;
Assista ao trailer oficial:
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*Este material n&atilde;o reflete, necessariamente, a opini&atilde;o do Aratu On

Entre filmes, s&eacute;ries e miniss&eacute;ries, spin-offs, crossovers e muitas fases do MCU (Universo Cinematogr&aacute;fico Marvel), a Disney e todas as suas outras empresas adquiridas &ndash; incluindo a pr&oacute;pria Marvel &ndash; sufoca o seu p&uacute;blico de produ&ccedil;&otilde;es. Nesta l&oacute;gica, nem toda obra do MCU &eacute; bem sucedida, muito menos necess&aacute;ria. &nbsp;Ainda assim, certas hist&oacute;rias, mesmo que com suas imperfei&ccedil;&otilde;es e trope&ccedil;os, merecem ser acompanhadas. Este &eacute; o caso de Agatha Desde Sempre.
Spin-off de um spin-off, a obra ganha o espectador, principalmente, pelo carisma da protagonista Agatha Harkness (Kathryn Hahn) e as suas companheiras de &lsquo;Witches Road&rsquo;: as bruxas Lilia (Patti LuPone), Alice (Ali Ahn), Jennifer (Sasheer Zamata), Mrs. Hart (Debra Jo Rupp) e o adolescente agregado (Joe Locke). A uni&atilde;o for&ccedil;ada entre elas e os desvios de car&aacute;ter de Agatha elevam a complexidade das rela&ccedil;&otilde;es e das pr&oacute;prias rea&ccedil;&otilde;es de personagens.
Neste sentido, a atua&ccedil;&atilde;o de Hahn continua chamando aten&ccedil;&atilde;o, tal como na s&eacute;rie Wandavision. Inclusive, este papel lhe rendeu uma indica&ccedil;&atilde;o ao Globo de Ouro, em 2025. Ainda que ela n&atilde;o consiga apresentar a mesma qualidade de quando apresentou Agatha pela primeira vez, ela mant&eacute;m a habilidade de equilibrar os tons sombrios e c&ocirc;micos, em sua voz e corpo, muitas vezes em uma mesma frase, garantindo um bom resultado.&nbsp;
A &uacute;nica quest&atilde;o que desagrada &eacute; que parece faltar uma motiva&ccedil;&atilde;o interna maior para seu papel. Mesmo que diversos elementos da trama precisem ser escondidos do p&uacute;blico, &eacute; necess&aacute;rio que exista uma liga condutora das a&ccedil;&otilde;es Assim, &eacute; preciso que esta fique n&iacute;tida e coesa desde o princ&iacute;pio. Algo que destaca este &eacute; ponto &eacute; o fato da personagem do adolescente cont&eacute;m essa caracter&iacute;stica e ele soa muito mais como principal do que Agatha.&nbsp;
Nem mesmo o garoto sabe porque ele faz certas a&ccedil;&otilde;es, por&eacute;m ele tem um objetivo e uma jornada para cumprir, de forma que h&aacute; possibilidade da plateia torcer por ele. &Eacute; not&aacute;vel, por&eacute;m, que Locke n&atilde;o entrega o seu melhor trabalho aqui, pois o jovem ator demonstra inseguran&ccedil;a no olhar e nos movimentos, o que fica bem mais n&iacute;tido por ele estar cercado de int&eacute;rpretes experientes e talentosas. No entanto, no roteiro, o Adolescente foi escrito de tal maneira que a sua trajet&oacute;ria amarra as das coadjuvante e at&eacute; mesmo de Agatha.&nbsp;
Por esta raz&atilde;o, os epis&oacute;dios ficam cansativos, a partir do 1x06. Isto porque &eacute; t&atilde;o incerto o que est&aacute; ocorrendo na hist&oacute;ria que quem assiste pode ficar perdido pensando se torce para que o grupo chegue ao final da caminhada das bruxas, se &eacute; o que Agatha quer, se aquilo tudo &eacute; real. Obviamente, todos estes elementos poderiam empolgar ainda mais o espectador, por&eacute;m &eacute; a condu&ccedil;&atilde;o destas perip&eacute;cias que n&atilde;o funcionam, por esse afrouxamento da escrita sobre Agatha.
Todavia, Agatha Desde Sempre n&atilde;o &eacute; uma produ&ccedil;&atilde;o ruim. Ela &eacute; cansativa e n&atilde;o &eacute; perfeita, mas ela garante um entretenimento em alguns de seus aspectos. Al&eacute;m de ver as boas atua&ccedil;&otilde;es das bruxas, a equipe de arte tem um trabalho consistente. Assim como em Wandavision, h&aacute; em Agatha cen&aacute;rios que retratam mundos e tempos diversos. A utiliza&ccedil;&atilde;o das temperaturas, formatos dos objetos de cena e figurinos para fomentar a constru&ccedil;&atilde;o de personalidade das personagens e de seus conflitos &eacute; o ponto alto do seriado.&nbsp;
Al&eacute;m disso, a Arte insere uma din&acirc;mica inteligente ao explorar a figura de Rio Vidal (Aubrey Plaza) e do Adolescente em cada cen&aacute;rio de cada epis&oacute;dio. Ainda que as instala&ccedil;&otilde;es do caminho das bruxas sejam mais caracter&iacute;sticas de cada bruxa em voga, as pistas sobre a identidade de Rio e do Adolescente s&atilde;o deixadas visualmente para a plateia. &Eacute; frut&iacute;fero esse jogo do que a vida, a morte e o espa&ccedil;o entre as duas.&nbsp;
Por isso, a imers&atilde;o &eacute; t&atilde;o profunda e a conex&atilde;o acaba sendo estabelecida. Cada sof&aacute;, tabuleiro de Ouija, sapatos, gavetas etc. fazem parte desse quebra-cabe&ccedil;a e se n&atilde;o fossem bem elaborados perderiam a maior parte do estabelecimento de atmosfera, dos riscos corridos pelas personagens e quem est&aacute; ou n&atilde;o criando la&ccedil;os afetivos entre si. Outro ponto que, curiosamente, amarra o p&uacute;blico ao programa &eacute; a m&uacute;sica tema da s&eacute;rie.&nbsp;
Sim, The Ballad of the Witches vai al&eacute;m de ser uma can&ccedil;&atilde;o grudenta &ndash; ela &eacute;, mas &eacute; mais do que isso. Impregnando a narrativa de significados plurais, a balada das bruxas &eacute; uma sina, uma senten&ccedil;a (sem escapat&oacute;ria para a maioria das personagens). Ela &eacute; passado e presente de Agatha e vai preenchendo os epis&oacute;dios com mais descobertas e segredos revelados. A m&uacute;sica cria uma hist&oacute;ria paralela, de emo&ccedil;&otilde;es que florescem na tela.&nbsp;
No in&iacute;cio, emociona e faz o espectador torcer pelas bruxas, no final, ela deixa o mesmo vazio que deixa em Agatha, porque recapitula tudo que ocorreu &ndash; ou pelo menos, d&aacute; esta sensa&ccedil;&atilde;o. Desta maneira, Agatha desde sempre entrega um bom elenco, uma visualidade bem tratada e uma consci&ecirc;ncia de constru&ccedil;&atilde;o de universo ficcional. Ainda que a sua dire&ccedil;&atilde;o n&atilde;o seja coesa e n&atilde;o consiga juntar os peda&ccedil;os da trama com a cria&ccedil;&atilde;o de enquadramentos, movimentos e efeitos de c&acirc;mera, a arte cumpre esse papel e n&atilde;o deixa o p&uacute;blico emergir e sair do contexto da hist&oacute;ria.&nbsp;
Faltam muitas caracter&iacute;sticas para esta ser uma s&eacute;rie maravilhosa, mas tamb&eacute;m falta um abismo para que seja ruim. N&atilde;o deixa de ser instigante para quem ama o audiovisual, por apresentar visualidades ricas. Tamb&eacute;m &eacute; uma boa pedida para s&aacute;ficas que gostam de torcer por casais intensos. Por fim, obcecados pelo MCU ou pelo mundo dos Maximoff n&atilde;o podem deixar de conferir a produ&ccedil;&atilde;o, porque ela traz a chance de vivenciar o misticismo brux&ocirc;nico, dentro do universo de super-her&oacute;is. Para quem s&oacute; quer ver mais um seriado de a&ccedil;&atilde;o, talvez n&atilde;o fa&ccedil;a sentido gastar o tempo com algo t&atilde;o espec&iacute;fico e referenciado.&nbsp;
Veja trailer:
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Este material n&atilde;o reflete, necessariamente, a opini&atilde;o do Aratu On
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&Eacute; curioso observar como, desde o seu in&iacute;cio, "Duna: A profecia" convoca na tela elementos visuais em oposi&ccedil;&atilde;o &agrave; sua obra original. Se nos dois longas-metragens de Denis Villeneuve, o p&uacute;blico acompanha a quentura do planeta Arrakis e a jornada do her&oacute;i Paul Atreides, na s&eacute;rie, o ciano com preto e o ar de conspira&ccedil;&atilde;o entre madre superioras imprimem outro tom, e complexifica o imagin&aacute;rio do universo ficcional de Duna.
Aqui, s&atilde;o dez mil anos de Paul e h&aacute; muita diferen&ccedil;a imag&eacute;tica, principalmente nas cores dos cen&aacute;rios, figurinos, maquiagens e luzes. H&aacute; mais frieza, c&aacute;lculo de rota e menos urg&ecirc;ncia neste momento da hist&oacute;ria. &Eacute; como se o terreno ainda estivesse sendo preparado para que algumas fam&iacute;lias ganhassem mais poder, outras perdessem e a revolta dos Fremen ainda estivesse para eclodir mais intensamente. No entanto, a atmosfera deste mundo &ldquo;duniano&rdquo; permanece.&nbsp;
&Eacute;, de fato, impressionante, como h&aacute; uma identidade visual e narrativa vindas dos livros originais de Frank Herbet, mesclado ao que foi criado por Villeneuve, que se espalha pelo ecr&atilde; do seriado da HBO. Um dos elementos centrais para esta sensa&ccedil;&atilde;o &eacute; o cuidado em criar ambienta&ccedil;&otilde;es novas para espa&ccedil;os ainda n&atilde;o mostrados, mas com elementos j&aacute; conhecidos pela plateia, como &eacute; o caso da a ordem secreta Bene Gesserit e a inser&ccedil;&atilde;o de personagens das fam&iacute;lias Harkonnen e Atreides.
As simpatias e antipatias v&atilde;o se deslocando, &agrave; medida que a trama avan&ccedil;a, mas quem assiste sabe de onde come&ccedil;ar, pois compreende que h&aacute; uma rivalidade entre os Atreides e os Harkonnen. Mesmo que algu&eacute;m consuma apenas A Profecia, por exemplo, o pr&oacute;logo ambienta o p&uacute;blico, quando explica sobre as guerras com as m&aacute;quinas auxilia nesse entendimento. Neste sentido, a tens&atilde;o entre as fam&iacute;lias, juntamente com a briga pelo poder das casas, s&atilde;o os focos tamb&eacute;m neste enredo.
Desta maneira, o espectador continua torcendo e se irritando com uma trama semelhante, por&eacute;m protagonizada por outros nomes e contextos. &Eacute; a&iacute; que est&aacute; a chave para a maior conex&atilde;o com a constru&ccedil;&atilde;o de universo ficcional de Duna. Mas, a personalidade de A Profecia est&aacute; presente tamb&eacute;m. Este azulado e preto, que preenche a tela na maior parte das sequ&ecirc;ncias, &eacute; a pista de que os tempos s&atilde;o outros e a aten&ccedil;&atilde;o deve se voltar para as a&ccedil;&otilde;es das Bene Gesserit - afinal, esta &eacute; a paleta de cores delas.&nbsp;
Porque este &eacute; um universo no qual a intui&ccedil;&atilde;o e a intelig&ecirc;ncia emocional ser&atilde;o armas. Logo, as batalhas s&atilde;o mais verbais e os conflitos f&iacute;sicos entram como um &aacute;pice deste jogo de movimenta&ccedil;&otilde;es psicol&oacute;gicas entre as personagens. Assim, a c&acirc;mera brinca junto com as protagonistas, as irm&atilde;s Tula e Valya Harkonnen (Olivia Williams e Emily Watson, respectivamente). A dire&ccedil;&atilde;o dos epis&oacute;dios &eacute; inteligente ao comandar a decupagem a favor da dupla.&nbsp;
Seja pelo tempo de tela ou por serem as figuras que contam com planos mais fechados e est&aacute;ticos, h&aacute; uma centraliza&ccedil;&atilde;o da condu&ccedil;&atilde;o da narrativa pelo olhar e atos da irm&atilde;s Harkonnen. Paralelamente, a entrada de Desmond Hart (Travis Fimmel) simboliza a quebra - ou a tentativa de quebrar com - do poder das duas. Desmond &eacute; solar, &eacute; f&iacute;sico nas a&ccedil;&otilde;es e dialoga abertamente, sem jogos mentais.
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Gradativamente, Hart vai assumindo esse espa&ccedil;o na tela, dividindo ele com as Harkonnen. O conflito argumentativo, tanto no sentido extra-obra como na diegese, vai se ampliando. Assim, qual a diverg&ecirc;ncia o espectador deve abra&ccedil;ar? De classe ou de g&ecirc;nero? H&aacute; um limite para o &ldquo;girl power&rdquo; de Tula e Valya? Desmond &eacute; a ruptura do jogo de poder ou ele fomenta a desigualdade provocada pela sede de ser dono das especiarias?&nbsp;
Dentro do enredo, ao passo que a origem de Hart &eacute; desvendada, o ponto de partida da tens&atilde;o original de Duna: Parte I e Parte II parece regressar. O conflito das fam&iacute;lias principais da hist&oacute;ria n&atilde;o se perde e a consci&ecirc;ncia sobre o universo Duna &eacute; firmado, quando as caracter&iacute;sticas visuais e verbais das casas e dos planetas s&atilde;o mantidos. Contudo, A Profecia &eacute; instigante para quem n&atilde;o se importa com o mundo ficcional &ldquo;duniano&rdquo; em si. H&aacute; uma elabora&ccedil;&atilde;o de suspens&atilde;o, desde a revela&ccedil;&atilde;o das habilidades de Valya, passando pela vingan&ccedil;a das irm&atilde;s, pelo futuro das Bene Gesserit at&eacute; a quest&atilde;o do dom&iacute;nio do imperador.&nbsp;
A complexidade das personagens, na qual o manique&iacute;smo passa longe, funciona como catalisador da espectatorialidade cont&iacute;nua, empolgando o p&uacute;blico a maratonar a produ&ccedil;&atilde;o. Desta forma, Duna: A profecia &eacute; um t&iacute;tulo que individualmente e como parte de uma hist&oacute;ria funciona por apresentar uma t&eacute;cnica apurada e consciente. Nesta perspectiva, olhar para as rela&ccedil;&otilde;es entre as personagens e as suas bases dramat&uacute;rgicas &eacute; um exerc&iacute;cio interessante.
Isto porque &eacute; not&aacute;vel o cuidado em administrar no roteiro e na transforma&ccedil;&atilde;o dele em imagem as tens&otilde;es presentes neste universo de Duna.
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Investigar as complexidades humanas e da sociedade &eacute; um bom caminho para produzir um produto midi&aacute;tico que, pelo menos em sua premissa, ser&aacute; instigante para os consumidores. Assassino Zen se encaixa neste tipo de obra que conta com uma tem&aacute;tica, aparentemente, diferentona, que instiga o espectador a dar play. A s&eacute;rie alem&atilde; da Netflix se vale dessa ideia contrastante de um assassino que, se baseando em t&eacute;cnicas de mindfulness, torna-se um criminoso &ldquo;zen&rdquo;. Todavia, em termos t&eacute;cnicos, ela &eacute; uma produ&ccedil;&atilde;o que n&atilde;o alcan&ccedil;a um padr&atilde;o de alta qualidade.

Ainda que debater o fato de algo como o mindfulness, supostamente pensando para o bem estar das pessoas, pode ser mal utilizado, a depender de quem se vale dele, ser inteligente e proporcionador de dicotomias que elevam a potencialidade de uma trama, os epis&oacute;dios da produ&ccedil;&atilde;o s&atilde;o &oacute;bvios e n&atilde;o o seu lado interessante fica apenas nesta primeira camada. Todas as a&ccedil;&otilde;es do protagonista e seus coadjuvantes s&atilde;o f&aacute;ceis de prever, o que gera uma sensa&ccedil;&atilde;o de t&eacute;dio.&nbsp;

Al&eacute;m disso, assim como diversos seriados da Netflix, o enredo &eacute; somente pautado em gerar espa&ccedil;o para cliffhangers*. O objetivo deste tipo de estrat&eacute;gia &eacute; criar no p&uacute;blico o desejo de &nbsp;acompanhar a hist&oacute;ria. Mas, este recurso n&atilde;o funciona caso n&atilde;o venha junto com pouco ou nenhum desenvolvimento. O que acontece aqui &eacute; que, na tentativa de parecer que conta com um enredo eletrizante, a investiga&ccedil;&atilde;o sobre as motiva&ccedil;&otilde;es das personagens e o desenrolar dos acontecimentos provocados por elas n&atilde;o ganham espa&ccedil;o em Assassino Zen. E o mesmo pode ser dito pela sua tecnicidade.&nbsp;

A c&acirc;mera somente se interessa pelos cl&iacute;maxes. O restante do planejamento de enquadramentos, movimentos e efeitos de c&acirc;mera s&atilde;o protocolares e/ou repetitivos. Um exemplo &eacute; a din&acirc;mica de flashback entre Bj&ouml;rn Diemel (Tom Schilling) e seu guru. A ilumina&ccedil;&atilde;o, os movimentos de c&acirc;meras e os deslocamentos dos atores em cena seguem a mesma l&oacute;gica, durante todas as sequ&ecirc;ncias nas quais esta intera&ccedil;&atilde;o acontece. Por esta raz&atilde;o, a din&acirc;mica que, inicialmente, gera curiosidade, no sentido da observa&ccedil;&atilde;o das camadas de Bj&ouml;rn, v&atilde;o se tornando t&atilde;o somente uma reitera&ccedil;&atilde;o.&nbsp;

A obviedade transborda dentro da narrativa de tal maneira que at&eacute; mesmo os elementos sonoros n&atilde;o surpreendem e n&atilde;o causam tanta emo&ccedil;&atilde;o. Porque uma obra de a&ccedil;&atilde;o e crime precisa criar uma atmosfera que deixe quem a assiste intrigado e com tens&atilde;o sobre o que est&aacute; por vir na hist&oacute;ria. Contudo, cada explos&atilde;o, ru&iacute;do de pneu, de m&uacute;sica estilosa &ndash; que parece servir para mostrar que Bj&ouml;rn &eacute; descolado, agora que ele tamb&eacute;m comete ilegalidades &ndash;, n&atilde;o funcionam, pois seguem uma esp&eacute;cie de cartilha sonora (e visual tamb&eacute;m).

Assim, o que salva a espectatorialidade do t&eacute;dio &eacute; o ar carism&aacute;tico que Tom Schilling e seu companheiro de cena, Murathan Muslu (Sacha), carregam. A intera&ccedil;&atilde;o entre eles &eacute; bem constru&iacute;da, por ser trabalhada mais nos sil&ecirc;ncios, olhares e gestos do que no textual verbal e expositivo do restante das rela&ccedil;&otilde;es da produ&ccedil;&atilde;o. Desta forma, acompanhar como o relacionamento de amizade e trabalho da dupla vai crescendo e se transformando em lealdade &eacute; o &uacute;nico ponto que realmente funciona. Ali, existe uma d&uacute;vida inicial se Sascha e Bj&ouml;rn ir&atilde;o se unir na criminalidade e at&eacute; onde a parceria pode ir, que instiga quem assiste ao seriado.

O fato de Sascha ser um bandido &ldquo;am&aacute;vel&rdquo; tamb&eacute;m confere uma camada maior de complexidade ao rapaz. Com ambos em cena, os fen&oacute;tipos versus as atitudes e sentimentos que est&atilde;o guardados em cada um, cria este questionamento sobre como as apar&ecirc;ncias podem enganar (ou n&atilde;o). Bj&ouml;rn &eacute; um advogado, pai de fam&iacute;lia, de estatura baixa, magricela, que realizava, at&eacute; a virada dentro da sua trajet&oacute;ria, &ldquo;apenas&rdquo; a defesa de gangsters. Sascha &eacute; alto, forte, barbudo, de longa estrada na parte f&iacute;sica do crime e tamb&eacute;m um grande pai. No entanto, a periculosidade deles &eacute; alta, seja no embate f&iacute;sico, com Sascha, ou mental, com Bj&ouml;rn.

Por isso, observar a ironia da uni&atilde;o deles &eacute; um ponto alto da obra. De toda maneira, Assassino Zen pode ser uma experi&ecirc;ncia relevante para quem se interessa pelo Universo do debate sobre gurus, medita&ccedil;&atilde;o e t&eacute;cnica de mindfulness. Para o restante, que n&atilde;o se importa tanto com esta tem&aacute;tica, a s&eacute;rie pode ser enfadonha.&nbsp;

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*Cliffhanger = situa&ccedil;&atilde;o extrema que acontece em uma narrativa serializada para criar uma curiosidade no espectador, fazendo com que o mesmo continue a acompanhar um seriado.&nbsp;

*Este material n&atilde;o reflete, necessariamente, a opini&atilde;o do Aratu On

Declara&ccedil;&atilde;o de ajuste anual do <a href="https://aratuon.com.br/economia/declaracao-do-imposto-de-renda-comeca-nesta-segunda-feira-confira-" target="_blank" rel="noopener">imposto de renda</a>. Voc&ecirc; j&aacute; ouviu falar da declara&ccedil;&atilde;o pr&eacute;-prenchida? O que &eacute;, quem pode e quais os pontos de aten&ccedil;&atilde;o? A declara&ccedil;&atilde;o pr&eacute;-prenchida do imposto de renda &eacute; uma funcionalidade oferecida pela Receita Federal do Brasil, que permite ao contribuinte iniciar a declara&ccedil;&atilde;o com diversas informa&ccedil;&otilde;es j&aacute; preenchidas automaticamente.&nbsp;
A declara&ccedil;&atilde;o pr&eacute;-prenchida utiliza dados fornecidos por fontes pagadoras, institui&ccedil;&otilde;es financeiras, planos de sa&uacute;de e outros &oacute;rg&atilde;os. Isso reduz o risco de erros e facilita o preenchimento, j&aacute; que o contribuinte precisa apenas revisar e complementar as informa&ccedil;&otilde;es.
Podem utilizar a declara&ccedil;&atilde;o pr&eacute;-prenchida:
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<li>todos os contribuintes que possuem a senha gov.br no n&iacute;vel "prata ou "ouro". Se for bronze, eleve seu n&iacute;vel de seguran&ccedil;a;</li>
<li>quem tamb&eacute;m utiliza o programa do Imposto de Renda de Pessoa F&iacute;sica (vers&atilde;o de computador ou aplicativo m&oacute;vel), ou o servi&ccedil;o "Meu Imposto de Renda", no E-CAC;</li>
<li>contribuintes que entregaram a declara&ccedil;&atilde;o no ano anterior e j&aacute; tem os seus dados na <a href="https://aratuon.com.br/economia/receita-federal-libera-consulta-ao-lote-da-malha-fina-veja-detalhes" target="_blank" rel="noopener">base da Receita Federal</a> tamb&eacute;m poder&aacute; usar a declara&ccedil;&atilde;o pr&eacute;-prenchida.</li>
</ul>
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*Este material n&atilde;o reflete, necessariamente, a opini&atilde;o do Aratu On

Falamos muito sobre foco, mas nem sempre percebemos que tudo o que alimentamos com nossa aten&ccedil;&atilde;o cresce.
Por isso, escolha com cuidado onde coloca sua energia. No final, somos n&oacute;s que cultivamos e tamb&eacute;m quem lida com os frutos do que cresce dentro da gente.
Se voc&ecirc; passa muito tempo alimentando pensamentos de medo, inseguran&ccedil;a, d&uacute;vida&hellip; adivinha? Eles crescem dentro de voc&ecirc;.
E quanto mais crescem, mais moldam sua forma de ver o mundo, de se relacionar e at&eacute; de falar.
Agora, pensa nisso: Sem conex&atilde;o, sua fala tende a ser ignorada pela outra pessoa. Sem escuta, sua fala tende a n&atilde;o considerar o estado emocional do outro.Se voc&ecirc; j&aacute; est&aacute; pensando no que vai responder antes mesmo de ouvir&hellip; t&aacute; perdendo detalhes importantes do que o outro sente.
E sem reflex&atilde;o, suas emo&ccedil;&otilde;es, dores e insatisfa&ccedil;&otilde;es falam por voc&ecirc;.
O problema &eacute; que muitas vezes a gente n&atilde;o percebe o que est&aacute; crescendo dentro. S&oacute; sente o efeito disso: rela&ccedil;&otilde;es desgastadas, falas que n&atilde;o s&atilde;o ouvidas, uma sensa&ccedil;&atilde;o de frustra&ccedil;&atilde;o que parece n&atilde;o ter fim."
Estar presente n&atilde;o &eacute; s&oacute; uma escolha, &eacute; um compromisso. Um compromisso com suas rela&ccedil;&otilde;es, com a sua voz e com quem voc&ecirc; quer ser. O que voc&ecirc; tem alimentado ultimamente? Isso te fortalece ou est&aacute; te drenando?
Se essa reflex&atilde;o fez sentido pra voc&ecirc;, continue me acompanhando atrav&eacute;s das redes sociais: @decidaseexpressar e @gamatai. Porque tem muita coisa que a gente pode transformar, s&oacute; mudando o que cresce aqui dentro.
E n&atilde;o se esque&ccedil;a: o que voc&ecirc; sente, pensa e quer importam. Decida se expressar. At&eacute; a pr&oacute;xima!
*Este material n&atilde;o reflete, necessariamente, a opini&atilde;o do Aratu On

Segundo especialistas, a alta dos juros em 2025 deve impactar o mercado de trabalho a partir do segundo semestre. Como esse assunto afeta a todos n&oacute;s, vamos entender como isso reflete em nossa economia e no nosso dia a dia.
Mas o que de fato s&atilde;o os juros?
Basicamente, os juros s&atilde;o o custo do dinheiro emprestado. Quando o Banco Central aumenta a taxa de juros, os empr&eacute;stimos ficam mais caros. Os juros sobem para conter a infla&ccedil;&atilde;o e impactam indicadores da economia, elevando a taxa de desemprego. &nbsp;
Vamos entender melhor?
Para n&oacute;s, consumidores, isso significa que financiamentos, como os de carro e casa, ficam mais caros. Al&eacute;m disso, o uso do cart&atilde;o de cr&eacute;dito e do cheque especial pode pesar mais no bolso. &nbsp;
Com juros mais altos, muitas empresas tamb&eacute;m pensam duas vezes antes de pegar empr&eacute;stimos para investir. Isso pode desacelerar o crescimento econ&ocirc;mico e impactar a gera&ccedil;&atilde;o de empregos. Nesse sentido, h&aacute; uma rela&ccedil;&atilde;o direta entre o aumento da taxa de juros e a probabilidade de eleva&ccedil;&atilde;o do desemprego na tentativa de controle da infla&ccedil;&atilde;o. &nbsp;
Quando a infla&ccedil;&atilde;o est&aacute; alta, o Banco Central pode aumentar os juros para desestimular o consumo e manter os pre&ccedil;os sob controle. Como contador e gestor financeiro, ressalto que a alta dos juros pode ajudar a combater a infla&ccedil;&atilde;o, mas precisamos estar atentos aos seus efeitos na economia. &nbsp;
&Eacute; um equil&iacute;brio delicado que impacta diretamente a nossa qualidade de vida. Ficar informado sobre as taxas de juros &eacute; essencial para tomarmos decis&otilde;es financeiras mais inteligentes e estrat&eacute;gicas.
*Este material n&atilde;o reflete, necessariamente, a opini&atilde;o do Aratu On

Enoe Lopes Pontes

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