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04/05/2023 13h23 | Atualizado em 05/05/2023 14h59

O “sextou” e os exageros alimentares

Esses três dias da semana representam um misto de recompensa, descanso, busca por prazer e vida social

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Aline Ribeiro

É muito comum ouvir das pessoas que procuram por um atendimento nutricional que o grande problema da alimentação delas está nos finais de semana. Iniciando frequentemente ainda na sexta e terminando no domingo à noite, esses três dias da semana representam um misto de recompensa, descanso, busca por prazer e vida social.

No entanto, essa busca desenfreada apenas nesses três dias está quase sempre associada a um maior consumo calórico (até 4 vezes mais do que o necessário para um adulto), maior consumo de bebidas alcoólicas e redução da prática de atividades físicas. Por isso, o que a princípio representa menos da metade de uma semana, pode ter grandes impactos na saúde a curto e a longo prazo.

Mas o que faz com que as pessoas tenham atitudes como essas nos finais de semana?

A primeira causa possível é a restrição alimentar excessiva durante a semana. Esse comportamento pode acontecer por crenças equivocadas em relação à alimentação e nutrição. Isto é, um indivíduo pode deixar de comer grupos de alimentos ao longo da semana por acreditar que eles não são saudáveis e que não devem fazer parte da sua rotina, deixando suas refeições monótonas e pouco satisfatórias.

É comum que isso aconteça com alimentos ricos em carboidratos, como massas, bolos e pães. E, nesse contexto, ao chegar no final de semana, situação mais propicia a eventos sociais e exposição a variedade de alimentos, ele se depara com muitas oportunidades de comer esses alimentos “proibidos” e pode experimentar a sensação de “ter que aproveitar”, o que gera uma falta de controle diante da comida.

Outro fator associado a essas atitudes é a falta de planejamento alimentar para os finais de semana. Isso porque fugir da rotina monótona de alimentação nesse período pode ter se tornado um hábito para muitas pessoas, o que faz com que elas não se planejem para esses dias porque já sabem que terão muitas oportunidades de comer alimentos diferentes. No entanto, em encontro sociais é difícil de controlar quais as opções de comidas estarão disponíveis e a quantidade que vai ser consumida, como em restaurantes, por exemplo.

Além disso, nem sempre os encontros sociais acontecem, e, somado ao fato de os finais de semana serem os dias de descanso para grande parte da população, é comum que nesse momento as pessoas não queiram usar muito desse tempo para o preparo de refeições. Por isso, o consumo de comidas por delivery aumenta, as quais muitas vezes são ricas em gorduras saturadas e calorias, podendo chegar até a quantidade calórica que uma pessoa necessita para um dia inteiro.

Por último, um comportamento que está associado aos exageros alimentares nos finais de semana é a visão da comida como única fonte de prazer, independe do dia da semana. Em outras palavras, as pessoas costumam enxergar a comida como forma exclusiva de obter satisfação, recompensa e sensações prazerosas. No entanto, é importante lembrar que esse não é o único meio de experimentar essas sensações e que não precisamos deles apenas nos finais de semana.

Atividade física, encontrar com amigos e familiares, assistir filmes, práticas de autocuidado, música, teatro e entrar em contato com a natureza são exemplos de práticas que nos trazem prazer e que não estão necessariamente associadas à comida.

Portanto, se você deseja melhorar sua relação com a comida ao longo de toda a semana, varie sua alimentação e procure torna-la mais satisfatória ao seu gosto e cultura, de forma equilibrada. Busque praticar atividades físicas nos finais de semana, até porque nosso corpo não sabe em qual dia da semana estamos. Além disso, a atividade física ajuda na nossa capacidade de autocontrole, disposição e também é uma forma de obter prazer. E ainda, entre em contato com a natureza e com qualquer forma de arte durante toda a semana. Isso vai te ajudar a criar o hábito de buscar prazer por diferentes meios.

*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.