Doenças cardiovasculares, câncer, hipertensão, diabetes, doenças metabólicas (obesidade, dislipidemia) e doenças respiratórias como bronquite, asma e rinite são as principais doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as DCTN são responsáveis por 63% das mortes no mundo.
Para se proteger dos riscos destas e de outras doenças, uma alimentação saudável, aliada à prática de atividade física regular, configuram-se como condições fundamentais. O acesso a essas condições, no entanto, não faz parte da realidade da maioria das pessoas. Apesar da alimentação adequada está prevista como um direito humano básico, grande parte das pessoas têm esse direito violado diariamente.
De acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19, cerca 125 milhões de brasileiros vivem em situação de insegurança alimentar. Isto é, vivem com a qualidade da alimentação já comprometida, com quantidade insuficiente de nutrientes para satisfazer suas necessidades, e em incerteza quanto ao acesso a alimentos em futuro próximo.
A lei que instituiu o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional no Brasil prevê que a alimentação adequada e saudável envolve a garantia ao acesso permanente e regular, de forma socialmente justa, a uma prática alimentar apropriada aos aspectos biológicos e sociais do indivíduo. Ela deve ser referenciada pela cultura alimentar e pelas dimensões de gênero, raça e etnia, além de estar de acordo com necessidades alimentares especiais. Deve ainda ser acessível do ponto de vista físico e financeiro e atender aos princípios da variedade, equilíbrio, moderação e prazer, além de baseada em práticas produtivas sustentáveis.
No que toca à prática de atividades físicas, existem fatores para que esse hábito se torne regular que seguem sem legislação e muito insuficientemente enfrentados por políticas públicas. Sem que comprometa outros aspectos da sua vida social e profissional, para que um indivíduo consiga praticar exercícios diariamente, ele precisa de disponibilidade de tempo. Além disso, é importante a orientação de um(a) educador(a) físico(a) e, em certos casos, testes cardiorrespiratórios que verifiquem a aptidão para a prática de determinado exercício.
Como se nota, é amplo o arranjo social envolvido para que os benefícios da alimentação e atividades físicas saudáveis sejam efetivamente garantidos e acessados por toda e qualquer pessoa. Nesse sentido, cabe a provocação sobre o conceito de autorresponsabilidade na saúde. Como falar em assumir as responsabilidades por escolhas com potencial de afetar nossa saúde, positiva ou negativamente, se não há real poder de escolha garantido para toda a sociedade?
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.