'Patrimônio histórico deteriorado', diz advogada sobre desabamento de igreja
Maria Benedita disse que ainda é impossível mensurar o impacto total do desabamento
Por Da Redação.
A Bahia vive um momento de tristeza após o desabamento da Igreja e Convento de São Francisco, localizado no Centro Histórico de Salvador. A tragédia, que ocorreu na tarde de quarta-feira (5), resultou na morte de uma jovem de 26 anos e deixou outras cinco pessoas feridas.
Na manhã de hoje, em coletiva de imprensa no Pelourinho, a advogada da comunidade franciscana, Maria Benedita, explicou que a congregação está auxiliando nas investigações, fornecendo documentos e depoimentos. O incidente está sendo investigado pela Polícia Federal e pela Polícia Civil da Bahia.
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![A tragédia, que ocorreu na tarde de quarta-feira (5), resultou na morte de uma jovem de 26 anos e deixou outras cinco pessoas feridas. | Foto: Defesa Civil de Salvador (Codesal)](https://adm.aratuon.com.br/assets/c54a4eb9-b49a-423b-87c6-b148d0630f96.jpg?width=1280&format=webp&)
A tragédia, que ocorreu na tarde de quarta-feira (5), resultou na morte de uma jovem de 26 anos e deixou outras cinco pessoas feridas. | Foto: Defesa Civil de Salvador (Codesal)
Mas, ela destacou que a comunidade não pode realizar modificações no local sem a autorização do Iphan, pois a Igreja e o Convento de São Francisco são tombados como patrimônio federal. “Trata-se de um imóvel tombado, de órgão federal, e nós não podemos fazer qualquer intervenção sem autorização do Iphan. Nós tivemos acesso ao processo judicial em que o Iphan é réu para realizar intervenções na igreja depois de ser apresentado problemas estruturais”, afirmou.
Maria Benedita também mencionou que ainda é impossível mensurar o impacto total do desabamento: “É um patrimônio histórico que foi deteriorado. Não conseguimos ainda mensurar o tempo que a igreja ficará assim porque a comunidade ficará sem assistência e temos muitas obras sociais”, completou.
Frei Lorrane, membro da igreja, declarou sobre o caso: "Às vezes, é preciso acontecer tragédias para que as coisas aconteçam": “É uma tristeza. Acho que se resume a isso em todos nós, como religiosos, em um lugar sagrado. Nem só pelo patrimônio, porque o patrimônio pode se reerguer, como o São Francisco diz, mas a vida é mais importante. Então, a gente lamenta, mas estamos esperançosos de que as coisas podem mudar. Às vezes, é preciso acontecer tragédias para que as coisas aconteçam”.
O presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, confirmou que as avaliações do órgão não haviam identificado risco iminente de tragédia no local.
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![Quatro meses antes do incidente, o frade e o Iphan haviam assinado uma ordem de serviço no valor de R$ 1,2 milhão. | Foto: Defesa Civil de Salvador (Codesal)](https://adm.aratuon.com.br/assets/d80f5e48-7cf8-4605-8248-a08d0a14e6af.jpeg?width=1280&format=webp&)
Quatro meses antes do incidente, o frade e o Iphan haviam assinado uma ordem de serviço no valor de R$ 1,2 milhão. | Foto: Defesa Civil de Salvador (Codesal)
Desabamento na igreja
Na tarde de quarta-feira (5), parte do teto da Igreja de São Francisco de Assis, conhecida como “igreja de ouro”, desabou no Centro Histórico de Salvador, causando a morte da turista Giulia Panchoni Righetto, de 26 anos, e deixando outras seis pessoas feridas.
O templo é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Segundo Pedro Júnior Freitas da Silva, frade guardião e diretor da Igreja e Convento de São Francisco, o instituto havia sido alertado na segunda-feira (3) sobre a dilatação no forro do teto.
Quatro meses antes do incidente, o frade e o Iphan haviam assinado uma ordem de serviço no valor de R$ 1,2 milhão para a elaboração de projetos de restauração e preservação do templo.
O superintendente do Iphan, Hermano Fabrício, afirmou em entrevista à Rádio Metrópole que “o dever de conservação da igreja é da ordem franciscana”. Ele também destacou que “não existe vistoria sobre todos os imóveis tombados durante todo o tempo” e admitiu que não foram realizadas vistorias recentes no local.
Giulia Panchoni Righetto, de 26 anos, morreu no incidente. | Foto: Arquivo Pessoal