Quais são os principais produtos do agronegócio na Bahia?
Principais produtos do agronegócio na Bahia movimentam a economia com soja, algodão, cacau, frutas tropicais, café, milho e feijão
Por João Tramm.
O agronegócio é um dos pilares da economia baiana, responsável por movimentar bilhões de reais e por garantir a presença do estado no cenário nacional e internacional de exportações. Segundo o IBGE, no primeiro trimestre de 2025, o setor respondeu por 14,3% da economia estadual, confirmando sua força e sua relevância para o desenvolvimento regional.
No total, o setor agropecuário baiano mantém um estoque de 134.017 empregos formais, demonstrando sua relevância não apenas econômica, mas também social.
A participação do agronegócio no PIB estadual também se destaca. Entre 2012 e 2024, a contribuição do setor vem oscilando, mas segue como um dos pilares da economia baiana, ao lado da indústria e dos serviços.
A Bahia reúne condições climáticas e geográficas diversas, o que permite a produção de uma grande variedade de culturas. Da soja cultivada em larga escala no Oeste, passando pelo cacau que transformou o sul do estado, até a fruticultura irrigada no Vale do São Francisco, o território baiano se consolidou como referência em produtividade e diversidade agrícola.
A seguir, destacamos os principais produtos do agronegócio na Bahia, contextualizando sua importância histórica, econômica e social. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e compilados, a pedido do Aratu On, pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (FAEB).
Ranking por produtividade
Apesar de não serem os produtos mais lucrativos, na Bahia, o tomate, a batata-inglesa e a cebola lideram o top3 de rendimento por área plantada no estado. Com rendimento médio de 56.023 kg por hectare, o tomate demonstra alto desempenho, mesmo em uma área relativamente pequena de 6,2 mil hectares. A produção total chegou a 343 mil toneladas, movimentando R$ 935,8 milhões no estado.
A batata-inglesa também se mostra bastante produtiva, alcançando 43.988 kg/ha em 8,8 mil hectares plantados. Foram colhidas 389 mil toneladas, com valor superior a R$ 730,5 milhões. Outro destaque é a cebola, tradicional no interior baiano, que atingiu rendimento de 39.490 kg/ha. Em 7,5 mil hectares cultivados, a safra rendeu quase 299 mil toneladas, avaliadas em R$ 671,6 milhões.
Embora não ocupe lugar de liderança em valor de produção, a cana-de-açúcar apresenta produtividade expressiva, com 73.139 kg/ha. Foram 5,65 milhões de toneladas colhidas em 77,2 mil hectares, movimentando R$ 776,7 milhões. A cultura é estratégica para o setor energético e para a indústria alimentícia.
O protagonismo do Oeste baiano
Já em termos de regiões produtivas, destaca-se o Oeste da Bahia, que se transformou no maior polo de produção de grãos do estado. Municípios como Barreiras, Luís Eduardo Magalhães e Correntina concentram grandes áreas agrícolas e atraem investimentos nacionais e estrangeiros.
Segundo o IBGE (2023), a região produziu:
-
Soja: 7.749.176 toneladas, com valor de R$ 16,98 bilhões;
-
Algodão herbáceo: 1.429.656 toneladas, equivalente a R$ 7,2 bilhões;
-
Milho: 2.232.120 toneladas, com valor de R$ 2,07 bilhões.
Além desses, o feijão, o fumo, o café arábica e as frutas — como banana, laranja, manga, limão e maracujá — também se destacam, demonstrando a diversidade produtiva da região.
O modelo de produção do Oeste combina tecnologia agrícola, uso intensivo de maquinário e pesquisa científica, o que transformou a área em uma das mais produtivas do Brasil. A região é responsável por colocar a Bahia entre os maiores produtores de grãos e fibras do país.
A força da soja
Entre os principais produtos do agronegócio na Bahia, a soja ocupa posição de destaque. O grão é utilizado na alimentação animal, na produção de óleo e como matéria-prima para biocombustíveis, além de ser uma das principais commodities exportadas pelo estado.
A soja é a grande protagonista do agronegócio na Bahia. Em 2023, o grão movimentou R$ 17,03 bilhões, com uma área plantada superior a 1,9 milhão de hectares e produção de 7,77 milhões de toneladas. O rendimento médio foi de 4.043 kg por hectare, consolidando a oleaginosa como principal produto agrícola do estado. O setor emprega cerca de 13.778 trabalhadores formais, o maior contingente de mão de obra entre todas as culturas.
O Oeste concentra praticamente toda a produção, que abastece o mercado interno e externo. A soja baiana é exportada principalmente para países da Ásia e da Europa, o que fortalece a balança comercial do agronegócio baiano.
Algodão: fibra de ouro do campo
Outro produto que alavanca o agronegócio baiano é o algodão herbáceo. A Bahia é um dos maiores produtores nacionais, rivalizando com Mato Grosso. O cultivo concentra-se no Oeste, em grandes propriedades que utilizam sistemas modernos de irrigação e colheita mecanizada.
Logo atrás da soja, o algodão herbáceo aparece como destaque, com valor de produção de R$ 7,31 bilhões em uma área de 312,5 mil hectares, resultando em 1,45 milhão de toneladas. O rendimento médio da lavoura é de 4.649 kg por hectare, e a cultura gera 4.472 empregos diretos.
Além da produção de pluma, destinada à indústria têxtil, o algodão também gera subprodutos como óleo e farelo, aproveitados pela indústria de alimentos e de ração animal. O setor tem ainda um forte impacto na industrialização local, movimentando fábricas de beneficiamento e fortalecendo cadeias produtivas na Bahia.
Cacau: símbolo histórico da Bahia
O cacau é um capítulo à parte na história, não só da agricultura, mas da Bahia. Desde os primeiros pés plantados em Canavieiras, no sul do estado, a cultura mudou a história econômica e social da Bahia.
Durante décadas, o cacau foi a base da economia local, consolidando o poder da aristocracia rural conhecida como os “coronéis do cacau”. Porém, a praga vassoura-de-bruxa devastou as plantações, gerando desemprego em massa e transformações sociais profundas, como explicou o historiador Murilo Mello em entrevista ao Aratu On. “As fazendas demitiram, a população migrou, a região se transformou socialmente, e o estado não tinha como ajudar”, lembra.
O renascimento do setor veio com investimentos em pesquisa científica, incentivo ao cacau fino e políticas de produção sustentável. Hoje, o sul da Bahia voltou ao mapa mundial, não apenas como produtor de amêndoas, mas também como referência em chocolates premiados. O cacau baiano se tornou símbolo de tradição, resiliência e inovação no agronegócio.
O cacau, símbolo da agricultura baiana, apresentou valor de R$ 2,35 bilhões em 2023. Foram 425,9 mil hectares plantados e 139 mil toneladas colhidas, com rendimento médio de 326 kg/ha. O cultivo gera aproximadamente 6.882 empregos formais, reafirmando a força da lavoura cacaueira no sul do estado.
Fruticultura
A fruticultura também se consolida como vetor de dinamização do agronegócio baiano. A manga registrou produção de 704,1 mil toneladas, com valor de R$ 1,6 bilhão e empregando 7.982 pessoas. Já a banana alcançou 862,5 mil toneladas, movimentando R$ 1,53 bilhão e garantindo mais de 2.700 empregos.
Outras frutas de relevância são o mamão (354,5 mil toneladas), a laranja (610 mil toneladas) e a uva (72,9 mil toneladas), que juntas diversificam e fortalecem a agricultura irrigada no Vale do São Francisco.
Com o uso intensivo de sistemas de irrigação, regiões como o Vale do São Francisco consegue produzir em todas as estações do ano, o que garante frutas frescas para o mercado interno e externo. Grande parte da produção é exportada para Estados Unidos e Europa, consolidando a fruticultura como uma das atividades mais dinâmicas do agronegócio baiano.
Café, feijão e cultivos tradicionais
Embora não tenham o mesmo peso econômico da soja ou do algodão, outros cultivos mantêm relevância no campo baiano:
-
Café arábica: produzido em áreas da Chapada Diamantina e do Planalto da Conquista, tem se destacado em concursos nacionais e internacionais pela qualidade dos grãos;
O café, somando as variedades arábica e canephora, alcançou R$ 2,38 bilhões, cultivado em 122,5 mil hectares, com produção total de 232,5 mil toneladas. O setor emprega 7.156 pessoas, especialmente em regiões tradicionais como o Planalto da Conquista.
- Hortaliças e outras culturas
A produção de tomate atingiu 343 mil toneladas, com valor de R$ 935 milhões, enquanto a batata-inglesa chegou a 389 mil toneladas (R$ 730 milhões) e a cebola a 298,9 mil toneladas (R$ 671 milhões).
Cultivos tradicionais como mandioca (808 mil toneladas), feijão (174,5 mil toneladas) e cana-de-açúcar (5,65 milhões de toneladas) também ocupam papel estratégico, seja para consumo interno, seja para abastecer indústrias locais.
Siga a gente no Insta, Facebook, Bluesky e X. Envie denúncia ou sugestão de pauta para (71) 99940 – 7440 (WhatsApp).