'Piratas' realizam limpeza em praias de Salvador; Aratu On explica como funciona a ação
Projeto Mergulho Pirata mantém compromisso com a vida marinha nas praias de Salvador, que começou em uma 'resenha' de amigos
Fonte: Anna Caroline Santiago
Quando os ponteiros do relógio e o calendário anunciam a chegada da estação mais quente do ano, o calor nos convida a desfrutar das belezas de morar em um país tropical: as praias, que se tornam cada vez mais movimentadas e desejadas. Em Salvador, baianos e turistas transformam a orla em um ponto de encontro, onde o espetinho de queijo coalho, bebidas refrescantes e petiscos fazem parte do estilo de vida soteropolitano.
Mas você já parou para pensar para onde vai todo o lixo descartado de forma inadequada nas praias?
O Aratu On Explica foi até o Porto da Barra para conhecer o Projeto Mergulho Pirata, uma iniciativa que promove a preservação ambiental e a limpeza das praias de Salvador.
Tudo começou em 2017, em um grupo de conversa no WhatsApp. Mergulhadores inquietos com a sujeira no fundo do mar decidiram se unir para retirar resíduos do Porto da Barra. O projeto ganhou forma sob a liderança de Ronaldo Batista, de 40 anos, conhecido como "Capitão" do grupo, que tornou a "resenha" um compromisso com a vida marinha.
'Capitão' do Mergulho Pirata, Ronado Batista. Foto: Vitória Pádua | Aratu On
“Temos a missão de promover a segurança nos mergulhos e, principalmente, a conscientização ambiental. Não recebemos apoio financeiro, agimos por amor”, explica Ronaldo. Para ele, o mergulho é um verdadeiro poder que deve ser usado para o bem. “Vamos usar o mergulho para uma causa nobre. O compromisso com a natureza é o que nos move”.
O Projeto Mergulho Pirata reúne cerca de 100 integrantes, com a metade participando ativamente das atividades. As ações de limpeza são realizadas de uma a três vezes por mês, e são intensificadas no verão e durante o Carnaval - períodos marcados pelo aumento do fluxo de turistas e foliões nos circuitos Dodô e Osmar, na Barra, e pelo consequente acúmulo de resíduos.
Flávio Ribeiro, integrante do grupo há três anos, destaca a importância do apoio de órgãos públicos para a manutenção das ações. "Como diz o ditado, 'uma andorinha só não faz verão'. Precisamos de uma prefeitura mais atuante para cuidar do litoral, que é um espaço de lazer para todos", afirma.
A Empresa de Limpeza Urbana (Limpurb) tem ampliado seu envolvimento com projetos como o Mergulho Pirata, segundo os membros. Durante o verão e no período pós-Carnaval, na Quarta-feira de Cinzas, a Limpurb se une a mergulhadores do Porto da Barra e de outros pontos do litoral para realizar limpezas que abrangem uma extensão de até 25 km, desde a orla do Oceano Atlântico até a Baía de Todos-os-Santos.
André Sousa, membro recente do grupo, ressalta que, durante as festas, o problema é visível mesmo fora da água: "Não precisa mergulhar para perceber a quantidade de sujeira. Na areia já encontramos muitos resíduos."
Segundo Ronaldo, outro membro do projeto, a quantidade de lixo retirada do mar varia entre 100 e 300 quilos por ação. Porém, durante grandes eventos, como o Carnaval, esse número pode chegar a 800 quilos, graças à colaboração de outros grupos de mergulho, como o Projeto Fundo Folia e o Instituto Fundo Limpo.
O Aratu On acompanhou uma ação do Projeto Mergulho Pirata nesta segunda-feira (6). Em apenas 20 minutos, os voluntários retiraram do mar dois sacos cheios de resíduos, contendo garrafas, palitos de churrasco e até restos mortais de animais.
Mergulhadores retiram lixo do fundo no mar em praias de Salvador. Foto: Vitória Pádua | Aratu On
Resíduos curiosos e o impacto ambiental
Entre os itens recolhidos, destacam-se roupas, preservativos, garrafas e até mesmo um carro quase completo. Esses resíduos, frutos do descarte inadequado, representam uma ameaça à biodiversidade marinha e à limpeza das praias.
Apesar dos desafios, os voluntários observam um impacto positivo em termos de conscientização. "As pessoas nos abordam para perguntar sobre o projeto e muitas se sentem motivadas a colaborar", comenta André Sousa.
"Sereismo"
Além dos mergulhos, o Mergulho Pirata também utiliza o "sereismo" — performances com caudas de sereia — para atrair a atenção dos banhistas durante as ações. A Sereia Vitória, uma das participantes, conta como sua entrada no projeto começou. "Fui 'resgatada' pelos piratas, e assim comecei a atuar no ativismo pelas praias de Salvador. Sereiar aqui [no Porto da Barra] é incrível, mas, por baixo de toda a vida marinha, há muito lixo. Por isso, tentamos conscientizar a população com nossos mutirões."
Sereismo é usado para ativismo ambiental no Porto da Barra. Foto: redes sociais | @sereia_vitoria
Novos voluntários
O Mergulho Pirata está aberto a novos voluntários interessados em promover a preservação ambiental e a valorização do ecossistema marinho. Para participar, basta acompanhar as redes sociais do projeto, que também oferece mergulhos para quem deseja explorar a vida marinha enquanto contribui para a limpeza e preservação das praias de Salvador.
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