Macacos-prego sequestram filhotes de bugios por tédio

Há registro de morte de quatro das vítimas de sequestro, que eram filhotes de macacos bugios

Por Da Redação.

Pesquisadores documentaram 11 diferentes filhotes de bugios sendo carregados por macacos-pregos machos, na ilha de Jicarón, no Panamá. As imagens, feitas por câmeras remotas instaladas na ilha, intrigaram pesquisadores do Instituto Max Planck de Comportamento Animal na Alemanha, pois a interação entre as espécies não é um comportamento habitual. 

Macacos-prego sequestram filhotes de outra espécie na ilha de jicarón, no Panamá. Foto:  Brendan Barrett/Instituto Max Planck de Comportamento Animal /AFP1747831743 3x2 Lg

Devido a limitações das câmeras remotas, não era possível acompanhar os macacos em toda a extensão que percorriam, mas a morte de quatro bebês foi registrada, por fome e desidratação. A suspeita é que o mesmo ocorreu com os outros seis filhotes, por não terem acesso ao leite de suas mães. A ecologista Zoë Goldsborough, junto a seus colegas do Instituto Max Planck, descreveram as observações em um artigo, publicado nesta segunda-feira (19), na revista científica Current Biology.

Macacos-prego sequestram filhotes de bugios por tédio?

Os autores e revisores do estudo não acreditam que os sequestradores tinham a intenção de fazer mal aos filhotes. Eles sugerem, inclusive, que os macacos podem inventar novos comportamentos por estarem entediados. De acordo com a apuração do The New York Times, Brendan Barret, orientador de doutorado de Goldsborough, compara os macacos-prego-de-cara-branca a crianças que capturam vaga-lumes e não os libertam antes que morram. 

Filhote de macaco bugio nas sequestrado por macaco-prego no Panamá. Foto: Brendan Barrett/Max Planck Institute of Animal Behavior

As observações foram feitas entre janeiro de 2022 e julho de 2023. Goldsborough, Barret,  também afiliados ao Instituto de Pesquisa Tropical Smithsonian, normalmente pesquisam o uso de ferramentas de pedra pelos macacos-prego, que acontece apenas em Jicarón e em Coiba, ilha vizinha. Os cientistas não descartam a hipótese de que o uso de instrumentos e o sequestro dos filhotes tenham correlação, pois em ambos os lugares, os macacos-pregos tem comida farta e nenhum predador. "Eles podem simplesmente ter muito tempo livre", afirma Meg Crofoot, antropóloga do Instituto Max Planck e coautora do estudo.

Os macacos-prego carregavam os filhotes na barriga ou nas costas, não brincavam e não retiravam parasitas de seus pelos. Há vídeos em que os macacos-pregos impedem um filhote de bugio de fugir ao ser chamado por adultos de sua espécie. "Olhar para as imagens sem saber o que iria acontecer era como assistir a um filme de terror que estava sendo escrito", declarou Barret ao The New York Times.

A prática dos sequestros parece ter sido iniciada por Coringa, apelido de um dos machos do grupo observado. Aparentemente, os outros machos passaram a imitar a prática. Os cientistas desejam continuar estudando imagens adicionais, para entender o status social de Coringa no grupo.

 

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