Bomba ou tiro? Veja como diferenciar sons no período junino
A dúvida se um estouro foi de uma bomba ou tiro cresce na época das festas de São João
Por Ananda Costa.
Com a chegada das festas juninas, é comum ouvir estampidos por toda parte — nas ruas, nos bairros e até em áreas centrais das cidades. No entanto, em meio ao período das tradicionais brincadeiras de São João, cresce também a preocupação: como saber se o que se ouviu foi uma bomba ou tiro?
A dúvida é pertinente, especialmente diante do cenário de insegurança pública. Só em abril deste ano, Salvador foi a capital brasileira com o maior número de tiroteios registrados, somando 118 confrontos armados, segundo levantamento do Instituto Fogo Cruzado.
Para ajudar a população a compreender melhor a diferença entre esses sons, o Aratu On conversou com o advogado criminalista e presidente do Spartan Clube de Tiro, Dr. André Carvalho, que explicou os principais elementos técnicos que ajudam a distinguir um disparo de arma de fogo de uma bomba de São João.
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Bomba ou tiro?
Segundo Dr. André, diferenciar o som de tiros e fogos de artifício não é simples, principalmente para quem não possui treinamento. “Integrantes da elite das forças de segurança pública e das Forças Armadas passam por um treinamento específico conhecido como acuidade auditiva. Essa capacidade permite identificar o tipo de arma, a distância do disparo e até o calibre da munição”, explica.
Três elementos fundamentais ajudam nessa identificação: duração, intensidade e cadência do som.
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Duração: tempo que o som permanece nos ouvidos;
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Intensidade: força do som;
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Cadência: sequência dos sons, que pode indicar a repetição típica de tiros automáticos ou em rajadas, por exemplo.
As bombas juninas, como buscapés, traques e foguetes, costumam ter sons explosivos e secos, geralmente seguidos por um chiado ou eco. Fogos maiores, como os utilizados em shows pirotécnicos, têm um estouro mais forte, que reverbera pelo ar e costuma vir do alto, já que são lançados para o céu.
“Os fogos produzem uma explosão com amplitude longa e som muito forte, que pode ultrapassar os 160 decibéis e se propaga livremente no ar, ecoando em várias direções. O som geralmente vem de cima, porque os fogos explodem no céu”, detalha o advogado.
Som de tiros
Ao contrário dos fogos, o som de uma arma de fogo é mais direcionado e tende a ser mais seco e metálico. Isso acontece porque o disparo ocorre dentro de uma câmara de combustão, com a energia do som sendo parcialmente guiada pelo cano da arma.
Armas curtas, como pistolas e revólveres, geralmente produzem ruídos de até 115 decibéis, enquanto fuzis podem alcançar os 150 decibéis.
“O cano da arma funciona como um tubo que conduz o som para frente. Além disso, a pólvora utilizada nas munições tem concentrações e queimas diferentes, o que influencia o som final do disparo”, explica Dr. André.
Outro diferencial importante está na cadência: fogos costumam estourar de forma aleatória, enquanto tiros, especialmente de armas automáticas, apresentam uma sequência mais ritmada e padronizada.
Em caso de dúvida, a orientação é se proteger
Por fim, Dr. André Carvalho faz um alerta importante: "Se a pessoa não tem certeza se o som foi de fogos ou de disparos, o melhor é buscar proteção em um local seguro. Afinal, tanto fogos quanto armas de fogo representam riscos quando utilizados de forma irresponsável ou em ambientes públicos", orienta.
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