Casal de artistas instala câmeras na própria casa para exposição sobre lesbianidades
Casal de artistas instala câmeras na própria casa para exposição sobre lesbianidades
O casal de artistas Roberta Nascimento e Talitha Andrade decidiu transformar sua casa em galeria para a exposição multimídia “Nosso Amor Sapatão ? 10 anos de Revolução”. A gravação vai durar 10 dias, com câmeras de monitoramento registrando a rotina das duas por 24h. O espaço estará aberto para visitação do público de 29 de agosto a 7 de setembro, na rua Direta da Piedade, das 10h às 19h.
Terá ainda exposição fotográfica de Brenda Matos e Milena Palladino, registros fotográficos e escritos pessoais feitos ao longo de 10 anos de relacionamento e instalações multimídias. A abertura da exposição acontece no dia 29 de agosto, data que marca o Dia da Visibilidade Lésbica em todo o Brasil, e o encerramento será no dia 7 de setembro, data que registra a Independência do país.
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O período de casa aberta também faz referência aos 10 anos de relacionamento entre Roberta Nascimento e Talitha Andrade, que querem não só celebrar em comunidade, como dar destaque a temas que atravessam a identidade de mulheres lésbicas, como as violências de gênero e lesbofobia.
“Já fomos expostas uma vez de uma maneira que não desejo a nenhuma mulher. Com meu rosto deformado, marcado pela violência e pelo ódio, 5 anos depois eu/nós é que escolho/escolhemos nos expor. Dessa vez inteiras e cheias de amor, de um amor revolucionário”, disse Roberta Nascimento, uma das artistas e idealizadoras da exposição.
Para Talitha Andrade, em um momento onde a vigilância é uma constante nas redes sociais, elas abrem as câmeras de monitoramento instaladas provisoriamente na própria casa, compartilhando a rotina do casal na internet, para mostrar ao mundo o que de fato acontece na vida privada de duas mulheres. Desmistificado essa relação e abrindo às questões que interessam não somente a elas, como a toda sociedade que transforma a afetividade lésbica e LGBTI+ em estereótipos carregados de violências e invisibilidades.
“O pessoal é político, ainda mais quando se trata de mulheres lésbicas no contexto latino-americano. Levar para o público o privado faz parte desse processo de romper silêncios, expor feridas, dar voz aos nossos corpos e construir fissuras no olhar sobre às vivências de mulheres lésbicas e LGBTI+”, comenta.
Quatro câmeras de monitoramento estarão ligadas 24 horas nos três principais cômodos do apartamento (quarto, sala e ateliê), transmitindo em tempo real o cotidiano e a vida privada das artistas na internet, além de exposição fotográfica de Brenda Matos e Milena Palladino e instalações com videoartes produzidos por Roberta Nascimento sobre violências às pessoas LGBTI+, artivismo lésbico e ocupação de espaços legitimados por esta comunidade.
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