Empresário pediu que esposa delegada entregasse arma diferente após matar gari
Após ser detido por morte de gari, indiciado enviou mensagens à esposa delegada: "Entrega a nove milímetros"
Por Da redação.
Fonte: SBT News
Renê da Silva Nogueira Júnior, indiciado pela morte do gari Laudemir de Souza Fernandes, pediu em mensagens à esposa, a delegada Ana Paula Lamego Balbino Nogueira, não entregasse sua arma de uso pessoal à polícia.
+Três brasileiros estão entre os feridos em acidente que matou 16 em Lisboa
O artefato, calibre .380, foi usado no homicídio da vítima e na ameaça à motorista do caminhão de coleta, em 11 de agosto.
O casal foi indiciado na última sexta-feira (29), o empresário por homicídio duplamente qualificado, ameaça e porte ilegal de arma de fogo e a servidora do Governo de Minas Gerais por porte ilegal de arma de fogo, por ceder e emprestar o armamento.
+Jovem é executado minutos após pagar fiança e deixar delegacia na Bahia
Mensagens enviadas pelo indiciado
Após análises do aparelho celular do indiciado, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) concluiu que às 16h27, após ser detido pela Polícia Militar de Minas Gerais em uma academia na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, Renê enviou uma mensagem para a esposa.
+O que se sabe sobre morte de influenciador alvo de facção em Salvador
No texto, o homem afirma: “Não pega a outra [calibre .380]. Entrega a nove milímetros”.
Para a PCMG, o homem tinha o objetivo que a esposa ludibriasse as forças policiais e impedisse a completa investigação dos fatos. No entanto, Ana Paula não respondeu o marido.
Ao não ter um retorno, Renê enviou uma nova mensagem para a delegada. “Amor, eu não fiz nada. Estava no lugar errado, na hora errada”. Renê tentou apagar as mensagens, mas a polícia conseguiu recuperar.
Renê conversou com delegada dois minutos após disparo
As investigações da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) apontam que as câmeras de segurança registraram o momento que o gari foi atingido às 9h09 do dia 11 de agosto. Antes dele ser baleado, às 9h04, Renê ligou para esposa, mas ela não atendeu.
Às 9h11, Ana Paula retornou a ligação, ele aceitou e a chamada durou 6 minutos e 24 segundos. O inquérito policial informa que não é possível acessar o conteúdo da ligação entre os dois porque foi realizada pelo WhatsApp.
Em seguida, às 9h22, o suspeito de matar Laudemir enviou um áudio ao seu superior na empresa onde trabalhava. “Renê aparenta estar de alto astral e justifica seu atraso ao chefe, em razão de ‘retenção no trânsito’”, constata o inquérito da PCMG.
Ainda de acordo com as investigações policiais, Renê da Silva Nogueira Júnior seguiu com sua rotina normalmente e realizou outras ligações com a esposa ao longo do dia. Em imagens já reveladas que mostram o suspeito na área pet do prédio onde mora, foi registrado um dos momentos, às 14h39, em que ele conversou por ligação com Ana Paula.
Renê também fez pesquisas relacionadas com o acontecimento, como a busca no Instagram às 12h11 com os dizeres: “gari é morto em Betim”.
Investigações
Dezoito dias depois da morte de Laudemir de Souza Fernandes, a PCMG finalizou o inquérito que investigou as circunstâncias do crime. Os detalhes sobre o crime foram repassados pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) durante coletiva de imprensa.
No dia seguinte aos fatos, em 12 de agosto, a corporação já havia afirmado que o depoimento das testemunhas, colegas de trabalho de Laudemir, já indicavam que o empresário seria responsável pelo disparo.
De acordo com o delegado Evandro Radaelli, o indiciamento de Renê foi baseado nas informações repassadas em oitiva de testemunhas, no próprio interrogatório do investigado, análises das imagens colhidas no local dos fatos, na empresa em que o homem trabalhava e em sua casa.
Além disso, a quebra do sigilo telefônico e telemático do aparelho celular e do carro que o empresário dirigia no dia, também forneceram dados para a conclusão do inquérito.
Além da comprovação do envolvimento do empresário na morte de Laudemir, as investigações indicaram que Renê tem "fascínio" por armas de fogo e o "poder" que o armamento o concedia.
Qual é o envolvimento da delegada?
Assim como o marido, a delegada Ana Paula foi indiciada. Ela poderá responder judicialmente por porte ilegal de arma de fogo, conforme previsto na lei de desarmamento por ter cedido ou emprestado sua pistola de uso pessoal para o companheiro.
Durante coletiva de imprensa, para apresentação dos resultados das investigações, o delegado Evandro Radaelli afirmou apenas que a servidora permitia e tinha ciência que Renê usava sua pistola de uso pessoal, não chegando a citar a de uso profissional da corporação.
Segundo o delegado Matheus Moraes, após a quebra do sigilo telefônico do acusado, foi possível analisar a conversa do casal. Ele explica que em algumas mensagens, em datas anteriores ao crime, ficou claro que Ana Paula consentia com o uso da arma pelo companheiro.
Caso seja condenada, a delegada poderá pegar de 2 a 4 anos de prisão. Além disso, caso haja o entendimento pela Justiça, a pena pode ser ampliada em 50%, por ela ser servidora pública.
“Nós apuramos que ela [Ana Paula] tinha ciência que ele andava armado de forma habitual e que consentia com tal comportamento. Nós analisamos preteritamente todas as conversas que eles tiveram”, informou Moraes.
O que acontece agora?
- O resultado das investigações e indiciamento do suspeito serão enviados ao Ministério Público de Minas Gerais;
- Após o recebimento dos documento, o MPMG tem até dez dias para denunciar, ou não, o indiciado à Justiça;
- Além dos crimes relatados na conclusão do inquérito o MPMG pode acusar o homem por outros delitos;
- A delegada Ana Paula Lamego Balbino Nogueira vai continuar afastada, por motivos de saúde;
- A Corregedoria da PCMG continua as investigações administrativas contra a servidora.
Siga a gente no Insta, Facebook, Bluesky e X. Envie denúncia ou sugestão de pauta para (71) 99940 – 7440 (WhatsApp).