Empresário é preso por liderar rede de exploração sexual de adolescentes na Bahia
Polícia investiga participação de outros suspeitos e já identificou seis vítimas no caso de exploração sexual de adolescentes na Bahia
Por Ananda Costa.
Um empresário de 59 anos, do ramo de hotelaria, foi preso nesta quinta-feira (2), em Seabra, na Chapada Diamantina, suspeito de envolvimento em um esquema de exploração sexual de adolescentes na Bahia.
O mandado de prisão temporária foi cumprido pela Polícia Civil, após investigação que aponta o homem como líder da rede criminosa. Segundo a polícia, seis adolescentes, com idades entre 12 e 17 anos, já foram identificadas como vítimas.
As jovens eram aliciadas em troca de dinheiro, presentes e viagens, além de serem levadas, em alguns casos, para pousadas de propriedade do investigado, onde ocorreriam os abusos.
As apurações revelam ainda que o suspeito oferecia vantagens materiais para que as próprias vítimas convencessem outras adolescentes a se relacionarem com ele. A polícia também investiga a participação de outros adultos no esquema e realiza perícia nos celulares apreendidos.
O empresário chegou a deixar a cidade de Lençóis após tomar conhecimento do inquérito, mas foi monitorado pelas equipes e localizado no centro de Seabra. Ele permanece preso à disposição da Justiça. As investigações continuam para identificar outras vítimas e possíveis envolvidos.
Outros casos
No dia 23 de setembro, um adolescente foi apreendido em Maracás, no sudoeste da Bahia, durante uma operação da Polícia Civil que investiga a produção, armazenamento e compartilhamento de pornografia infantil na internet. A ação fez parte da Operação Brilho do Amanhã, que combate crimes sexuais contra crianças e adolescentes em ambiente digital
Segundo a polícia, o jovem mantinha um vasto acervo de material ilegal em plataformas digitais e é suspeito de participar da produção e transmissão de imagens envolvendo abuso sexual, estupro e extorsão com conteúdo sexual. As investigações também apontam que ele induzia as vítimas à automutilação durante transmissões ao vivo.
Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão pessoal e domiciliar, foram recolhidos dispositivos eletrônicos, como celular e mídias digitais, que passarão por análise técnica. De acordo com avaliação preliminar, o celular do investigado continha evidências das práticas criminosas.
Pornografia infantil: caso reacende alerta sobre jovens na internet
O caso reacende a discussão sobre como adolescentes interagem na internet. Para o pediatra Michael Rich, professor associado da Escola de Medicina da Universidade Harvard, não é possível “blindar” os jovens da internet, mas é essencial que pais e responsáveis saibam orientar o uso das redes sociais.
Rich pontuou que muitos pais têm mais medo de falar com os filhos sobre internet do que sobre sexo. "Isso acontece porque, correta ou incorretamente, eles sentem que conhecem algo sobre sexo, mas se sentem inseguros ao falar sobre a internet porque acreditam que os filhos sabem mais sobre isso do que eles", explicou em entrevista à Folha de S. Paulo publicada no domingo (28).
Para o especialista, de certa forma, os pais não admitem o fato de estarem "mergulhados no celular" e acabarem ausentes para os filhos. Mas, como os celulares, redes sociais e internet não vão deixar de existir, o que pode ser feito é "apoiar os pais a criar seus filhos no mundo digital”.
Exploração sexual infantil na internet bate recorde em 2023
Em 2023, as denúncias da presença de imagens de abuso e exploração sexual infantil na internet bateram recorde – resultado é o maior da série histórica, iniciada em 2006. Foram 71.867 queixas no ano passado,número 28% superior ao recorde anterior, registrado em 2008 (56.115 denúncias). Em relação a 2022, houve alta de 77,1%. Os dados são da organização não governamental (ONG) Safernet.
Segundo a ONG, três fatores principais motivaram o aumento das denúncias de imagens de abuso e exploração sexual infantil: as demissões em massa realizadas pelas big techs, que atingiram as equipes de segurança, integridade e moderação de conteúdo de algumas plataformas; a proliferação da venda de imagens de nudez e sexo autogeradas por adolescentes; e o uso de inteligência artificial para a criação desse tipo de conteúdo.
As denúncias de imagens de abuso e exploração sexual infantil, somadas a outras violações de direitos humanos ou crimes de ódio na internet (xenofobia, tráfico de pessoas, intolerância religiosa, neonazismo, apologia a crimes contra a vida, racismo, LGBTfobia, e misoginia) também foram recorde. Em 2023, a Safernet recebeu um total de 101.313 queixas – o recorde anterior, registrado em 2008, totalizou 89.247 denúncias.
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