'Não é saudável nem seguro': nutricionistas alertam sobre refrigerantes zero

Presentes no mercado há mais de 20 anos, os refrigerantes zero açúcar continuam cercados por dúvidas e controvérsias

Por Bruna Castelo Branco.

Presentes no mercado há mais de 20 anos, os refrigerantes zero açúcar continuam cercados por dúvidas e controvérsias. Embora muito consumidos por quem busca reduzir a ingestão calórica, a percepção de que essas bebidas são inofensivas — e até aliadas do emagrecimento — vem sendo questionada por especialistas e pesquisas científicas. Com informações da Agência Einstein.

Um estudo apresentado em outubro, durante a Semana Europeia de Gastroenterologia, associou o consumo de bebidas adoçadas artificialmente, como os refrigerantes zero, a um aumento de 60% no risco de desenvolvimento de gordura no fígado, a esteatose hepática. Segundo os pesquisadores, esses produtos podem desencadear disfunção metabólica ao provocar picos de glicose e insulina, comprometendo a saúde hepática.

No mercado há mais de 20 anos, os refrigerantes zero açúcar continuam cercados por dúvidas e controvérsias. | Foto: Ilustrativa/Pexels

O fígado, porém, não é o único órgão afetado. Pesquisas têm relacionado o consumo frequente dessas bebidas a outros possíveis prejuízos, entre eles o impacto no comportamento alimentar. Por manterem o paladar condicionado ao sabor doce, os adoçantes podem estimular a chamada “compensação calórica”, levando ao consumo excessivo em outras refeições. “O fato de não conter açúcar e nem calorias não o transforma em uma bebida saudável ou segura”, afirma a nutricionista Fabiana Rasteiro, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Outro ponto é a ausência de nutrientes: os refrigerantes não fornecem vitaminas, minerais ou compostos bioativos, presentes em alimentos in natura. A presença constante desse tipo de bebida na rotina também pode reduzir o consumo de itens mais nutritivos, prejudicando a qualidade geral da dieta. Além disso, diferentemente da água, refrigerantes — mesmo os sem açúcar — são ultraprocessados, contêm aditivos químicos e não contribuem para a hidratação do organismo.

Os efeitos negativos se estendem à saúde bucal e óssea. “Por conterem aditivos acidificados e valores mais baixos de pH, o consumo prolongado pode levar ao desgaste dentário e aumentar o risco de cáries”, alerta Rasteiro. O ácido fosfórico, comum nos refrigerantes à base de cola, pode ainda afetar a densidade óssea.

Para quem pretende melhorar os hábitos alimentares, a recomendação é investir em reeducação alimentar orientada por profissionais. “Manter o alto consumo do sabor doce dessas bebidas, mesmo isentas de calorias, vai dificultar a reeducação do paladar e potencialmente manter o consumo de outros doces”, explica a nutricionista. “O sabor doce, sem a chegada da glicose ao organismo, pode levar à busca de energia em outros alimentos, aumentando a procura por mais doces a longo prazo”.

Pesquisas têm relacionado o consumo frequente dessas bebidas a outros possíveis prejuízos, entre eles o impacto no comportamento alimentar. | Foto: Ilustrativa/Pexels

Perigos dos adoçantes

Os adoçantes artificiais utilizados nos refrigerantes zero preservam o sabor doce sem adicionar calorias, já que não são metabolizados pelo corpo. No entanto, o paladar adocicado pode gerar respostas hormonais indesejadas, como a liberação de insulina na expectativa da chegada de glicose — que não ocorre. “Evidências recentes indicam que esses compostos podem afetar negativamente o metabolismo, alterando a microbiota intestinal e impactando a forma como o corpo gerencia glicose e gordura”, afirma Rasteiro.

Os efeitos variam conforme o tipo e a quantidade de adoçante. Em 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o aspartame como “possivelmente carcinogênico para humanos”. Embora considere os adoçantes seguros dentro dos limites estabelecidos, o órgão recomenda não ultrapassar 40 mg por quilo de peso corporal ao dia.

Alternativas saudáveis

Com ou sem açúcar, os refrigerantes devem ser evitados, segundo especialistas. O Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, sequer estabelece recomendação de consumo para esse tipo de bebida.

Para reduzir a ingestão de refrigerantes e reeducar o paladar, opções naturais são alternativas viáveis, como águas saborizadas, chás gelados e água de coco. “Primeiramente, devemos lembrar que a água é a melhor opção. Porém, existem diversas bebidas que podem ser consumidas sem gerar prejuízos como os refrigerantes”, destaca Rasteiro.

Os adoçantes artificiais utilizados nos refrigerantes zero preservam o sabor doce sem adicionar calorias. | Foto: Ilustrativa/Pexels

Confira sugestões de preparos:

1. Água saborizada de limão e hortelã:
Ingredientes: 500 ml de água (com ou sem gás), suco de ½ limão, fatias de limão, folhas de hortelã e gelo.
Modo de preparo: Misture tudo e deixe em infusão por 10 a 15 minutos na geladeira.

2. Chá gelado de hibisco e canela:
Ingredientes: 500 ml de água, 1 colher de sopa de hibisco seco, 1 canela em pau e rodelas de gengibre.
Modo de preparo: Ferva a água com a canela e o gengibre. Desligue o fogo, acrescente o hibisco e tampe até esfriar. Coe e adicione gelo.

3. Refresco de maracujá:
Ingredientes: polpa de 1 a 2 maracujás, água com gás gelada, hortelã (opcional) e gelo.
Modo de preparo: Misture a polpa com a água com gás, a hortelã e o gelo.

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