Fiocruz e EMS firmam parceria para produção nacional de canetas emagrecedoras
O acordo ocorre dois dias após o início da venda das primeiras canetas emagrecedoras nacionais
Por Bruna Castelo Branco.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por meio do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), firmou um acordo com a farmacêutica EMS para produzir no Brasil versões da liraglutida e da semaglutida, princípios ativos usados em medicamentos como Saxenda, Victoza, Ozempic e Wegovy. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (6), durante o Fórum Saúde, em Brasília.
O acordo ocorre dois dias após o início da venda das primeiras canetas nacionais de liraglutida nas farmácias e pode abrir caminho para a inclusão desses medicamentos no Sistema Único de Saúde (SUS). Para isso, é necessária uma avaliação da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS).
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Nas redes sociais, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, celebrou o anúncio: “Um grande passo”, escreveu, informando que a Anvisa fará um chamado público para que outras empresas também possam registrar medicamentos similares, o que deve estimular a concorrência e ampliar o acesso.
Produção e transferência de tecnologia
Pelo acordo, a EMS será responsável pela transferência de tecnologia, abrangendo tanto a produção do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) quanto do produto final. Inicialmente, a fabricação será feita na unidade da EMS em Hortolândia. A meta é transferir futuramente a produção para o Complexo Tecnológico de Medicamentos de Farmanguinhos, no Rio de Janeiro.
“A liraglutida e a semaglutida inauguram a estratégia da Fiocruz de se preparar também para a produção de medicamentos injetáveis”, destacou Silvia Santos, diretora de Farmanguinhos.
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Patentes em fim de validade
O avanço da produção nacional foi possível devido à expiração das patentes da Novo Nordisk, empresa dinamarquesa que desenvolveu os medicamentos originais.
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A patente da liraglutida (usada em Saxenda e Victoza) expirou em março de 2024, permitindo a produção do Olire, primeira caneta 100% nacional, desenvolvida pela EMS.
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A semaglutida (presente em Ozempic e Wegovy) terá a patente expirada em março de 2026. A Novo Nordisk tenta estender a exclusividade na Justiça, mas já perdeu em duas instâncias. O caso está no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Como funcionam os medicamentos
Ambas as substâncias são análogos de GLP-1, um hormônio que regula o apetite e a produção de insulina. Elas:
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Aumentam a sensação de saciedade;
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Retardam o esvaziamento gástrico;
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Ajudam no controle glicêmico (especialmente a semaglutida);
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Promovem o emagrecimento ao reduzir a ingestão de alimentos.
Liraglutida requer aplicação diária e, em estudos, promoveu uma perda média de 8% do peso corporal em 56 semanas. Já a semaglutida, com aplicação semanal, apresentou resultados superiores: redução de até 17,4% do peso corporal em 68 semanas.
A produção nacional representa um avanço no acesso a tratamentos modernos para diabetes e obesidade, e pode futuramente beneficiar milhões de brasileiros por meio do SUS.
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