Faxina de fim de ano pode aliviar a mente e reduzir a ansiedade, diz estudo
Com a proximidade do fim do ano, muitas pessoas aproveitam para organizar a casa, armários e gavetas e descartar objetos que já não usam mais
Por Bruna Castelo Branco.
Já coloca uma roupa velha e vai preparando a vassoura! Com a proximidade do fim do ano, muitas pessoas aproveitam para organizar a casa, armários e gavetas e descartar objetos que já não usam mais. Além do aspecto prático, a chamada “faxina de fim de ano” tem um significado simbólico associado à saúde mental, sintomas de depressão e ansiedade, funcionando como um gesto de encerramento de ciclos. As informações são da Agência Einstein.
“O fim do ano funciona como um marcador temporal simbólico. Nós temos a tendência de organizar nossa vida em ciclos. Assim, quando um ciclo se encerra, como um ano, existe uma tendência a revisar, ajustar e ‘preparar terreno’ para o próximo”, explica a psicóloga Ana Lúcia Karasin, do Espaço Einstein Bem-estar e Saúde Mental, do Einstein Hospital Israelita.
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Segundo a especialista, o ato de organizar o ambiente também pode ajudar no processamento das emoções acumuladas ao longo do ano. “Ao organizar o ambiente, pode haver uma reorganização do nosso mundo interno, encerrando pendências, elaborando experiências e ressignificando momentos vividos”, afirma Karasin.
O processo envolve ainda o exercício do desapego. Doar roupas que não servem mais, descartar papéis sem função ou se desfazer de objetos sem significado vai além de liberar espaço físico. “Pode parecer um gesto simbólico, mas ele tem um enorme poder. Quando a pessoa se desfaz de objetos que não fazem mais sentido, ela libera espaço físico e, simbolicamente, autoriza-se a abrir espaço mental e emocional”, diz a psicóloga. “Esse tipo de ação funciona como um rito de encerramento de ciclo, ajudando o cérebro a transicionar da lógica do ‘acúmulo’ para a lógica da ‘renovação’.”
Impactos na saúde mental
Ao final de um dia de faxina, é comum o relato de cansaço físico acompanhado de sensação de alívio mental. De acordo com Karasin, ambientes organizados contribuem para o bem-estar psicológico. “Eles favorecem uma sensação de previsibilidade e segurança, pilares importantes para a regulação emocional”, afirma.

Já a desorganização pode ter o efeito oposto. O excesso de estímulos visuais funciona como um fator de desgaste constante. “Um ambiente mais limpo e simples reduz a sobrecarga cognitiva e pode favorecer estabilidade”, ressalta a especialista.
A organização do espaço também pode ajudar a reduzir a ansiedade, ainda que não seja uma solução definitiva. “A ansiedade está ligada a uma sensação de descontrole. Organizar o ambiente devolve à pessoa a percepção de que pode intervir na própria realidade, gerando um efeito calmante e fortalecendo a autoeficácia”, explica Karasin.
A busca por renovação tende a se intensificar no fim do ano por causa do significado coletivo atribuído ao período, marcado por promessas de mudanças e novos projetos. “Culturalmente, marca um recomeço. Aprendemos que ‘no próximo ano tudo pode ser diferente’, e isso cria expectativas positivas de renovação”, observa a psicóloga.

Para manter o bem-estar ao longo do ano, Ana Lúcia Karasin recomenda práticas simples e contínuas, como criar rituais semanais curtos de arrumação, estabelecer metas realistas, manter momentos de pausa e autorreflexão e revisar periodicamente o que deve permanecer, sejam objetos, hábitos ou relações.
“No fim das contas, a faxina de fim de ano é menos sobre a casa e mais sobre a própria pessoa. Arrumar, limpar e descartar são formas de materializar o desejo de recomeçar. Um gesto simples, mas profundamente simbólico, de se organizar para o que vem pela frente”, conclui a psicóloga.
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