Saúde

Número de grávidas mortas pela Covid-19 em quatro meses já é maior que em 2020

O levantamento é do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz (IFF/Fiocruz).

Por Da Redação

Número de grávidas mortas pela Covid-19 em quatro meses já é maior que em 2020 ilustrativa/Pixabay

Entre janeiro e abril de 2021, o número de mulheres grávidas e puerpéras mortas em decorrência da Covid-19 foi de 653. O número já ultrapassou os óbitos maternos pela doença, registrados durante todo o ano de 2020, que foi de 432, de acordo com o Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz (IFF/Fiocruz).


Segundo o obstetra Marcos Nakamura, pesquisador do instituto, se nada for feito em relação a esses dados, o número de mortes de gestantes e puerpéras até dezembro de 2021 "pode ser de três a quatro vezes maior do que em 2020". Em entrevista ao blog Universa, do UOL, o perfil dos casos mudou do ano passado para cá.


"Quando avaliamos a letalidade, ou seja, a relação entre mortes e infectados, percebemos que piorou neste ano para toda a população. Para gestantes e puérperas, mais do que dobrou. Em 2020, no pico da pandemia, a taxa era de 9%. Em abril, foi de 20%", explicou o médico.


COMORBIDADES


Ainda conforme levantamento do IFF/Fiocruz, 60% das gestantes e mães que morreram em 2021 não possuíam comorbidades. Segundo Nakamura, a gravidez por si só já é um fator de vulnerabilidade para a mulher, por isso o aumento das complicações para a doença.


"Quando a mulher está no terceiro trimestre da gestação, o aumento do tamanho do útero diminui a capacidade de expansão do tórax e de reserva respiratória. Isso acontece em todas as gestações. Mas se a mãe for afetada por uma doença que compromete o funcionamento do pulmão, como é o caso da covid, ela vai piorar mais rapidamente porque já tem perda de função de parte do órgão", disse, ao UOL. Já no pós-parto, o grande problema é a associação entre o coronavírus e a trombose, pois há uma predisposição para a formação de coágulos. 


O Brasil lidera o ranking de países com maiores números de mortes maternas na pandemia, de acordo com pesquisa do "International Journal of Gynecology and Obstetrics". Conforme a publicação, 77% das gestantes que morrram de Covid-19 no mundo são brasileiras. Em maio deste ano, apenas as gestantes com comorbidades foram incluídas nos grupos prioritários do Plano Nacional de Imunizações.


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