Política

Secretário terá reunião com cônsul da China sobre trabalho escravo em obras da BYD

Entre novembro e dezembro de 2024, o MPT identificou graves irregularidades nas condições de trabalho no canteiro de obras da montadora BYD em Camaçari

Por Bruna Castelo Branco

Secretário terá reunião com cônsul da China sobre trabalho escravo em obras da BYDSegundo Augusto Vasconcelos, a Setre está acompanhando o trabalho de fiscalização do MPT. | Foto: João Brandão/Aratu On

O Secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre) da Bahia, Augusto Vasconcelos, disse, em coletiva de imprensa, que, ainda nesta terça-feira (7), participará de uma reunião com o cônsul da China para discutir denúncias de trabalho análogo à escravidão nas obras da fábrica da BYD em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS).


"Nós enfrentamos e repudiamos quaisquer violações de direitos, estamos acompanhando isso no detalhe. Teremos, hoje ainda, uma reunião com o cônsul da China, que vem a Salvador para tratar conosco sobre esse assunto", apontou Vasconcelos.


Entre novembro e dezembro de 2024, o Ministério Público do Trabalho (MPT) identificou graves irregularidades nas condições de trabalho no canteiro de obras da montadora BYD em Camaçari.


Os trabalhadores resgatados eram, em sua maioria, chineses contratados pela empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda. | Foto: MPT/Divulgação


Na ocasião, uma força-tarefa resgatou 163 trabalhadores, principalmente chineses, em situação análoga à escravidão. Entre as irregularidades constatadas estavam alojamentos precários, condições degradantes de trabalho e retenção de documentos.


Segundo Augusto Vasconcelos, a Setre está acompanhando o trabalho de fiscalização do MPT, e a pasta ainda deve se reunir com as entidades fiscalizadoras, como o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), para discutir o assunto.


"Nosso governador Jerônimo Rodrigues está determinado a assegurar que a BYD signifique uma janela de oportunidades para gerar empregos, tanto na área automobilística, quanto em outros setores", finalizou.




Trabalho análogo à escravidão


Os trabalhadores resgatados eram, em sua maioria, chineses contratados pela empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., que prestava serviços para a BYD. Eles estavam distribuídos em quatro alojamentos principais em Camaçari, com condições consideradas alarmantes.


Os alojamentos apresentavam diversas irregularidades, incluindo:


- Banheiros em condições precárias, sem separação por sexo e sem assentos sanitários adequados;

- Falta de locais apropriados para lavar roupas, obrigando os trabalhadores a utilizarem os banheiros para essa finalidade;

- Cozinhas inadequadas, sem armários para armazenamento de alimentos e com materiais de construção próximos à comida;

- Refeitórios insuficientes, o que levava os trabalhadores a comerem em suas camas.


Após a denúncia, no final de novembro, a BYD anunciou a rescisão do contrato com a construtora terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda. A empresa também afirmou que garantirá os direitos trabalhistas dos operários e que os trabalhadores resgatados serão transferidos para alojamentos em melhores condições.


Empresa contesta acusações de 'escravizados' chineses em fábrica da BYD na Bahia


Em nota, a montadora apontou que “não tolera desrespeito à legislação brasileira e à dignidade humana”, e afirmou que a empresa irá colaborar com as autoridades para solucionar o caso.


Com informações de João Brandão


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