Brasil está 'subordinado às grandes big techs', diz secretário do governo Lula
Em entrevista ao Aratu On, Inácio Arruda, do Ministério da Ciência e Tecnologia aponta que o Brasil está 'subordinado às grandes big techs', diz secretário do governo Lula
Por João Tramm.
Brasil está 'subordinado às grandes big techs', diz secretário do governo Lula. O Brasil ainda se encontra em um movimento em direção à soberania digital, afirma Inácio Arruda, secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Segundo ele, o país permanece atualmente subordinado às grandes big techs, que exercem forte influência sobre decisões políticas e estratégicas. A fala foi feita em entrevista exclusiva ao Aratu On com relação a um dos principais debates traçados na 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT).
Brasil está 'subordinado às grandes big techs', diz secretário do governo Lula
Arruda explica que, sem infraestrutura própria, o Brasil fica vulnerável a interrupções externas. “Se eu desligar a internet de hoje aqui, se lá nos Estados Unidos desligarem a internet, fico sem nenhuma infraestrutura. Alguns países já fizeram isso. Os russos já desligaram a internet, os chineses já podem fazer isso. O Brasil e a Índia, se tivéssemos correndo atrás, teríamos capacidade de ter nossa própria infraestrutura de maneira independente”, afirmou. Para ele, possuir infraestrutura própria não é apenas uma questão tecnológica, mas estratégica: “Quando você tiver isso, você se liga e você é respeitado”.
O secretário também destacou que a regulamentação das big techs é essencial para garantir a soberania nacional. Ele citou a atuação dos Estados Unidos em relação à Huawei como exemplo de como países com estrutura tecnológica robusta conseguem proteger suas empresas e plataformas. Segundo Arruda, a prioridade é manter a soberania do país acima de qualquer negociação: “Olha, eu negoceio com você tudo o que você quiser, menos a soberania do nosso país. Aqui você não vai meter a mão”.
Para enfrentar as grandes empresas internacionais, Arruda observa que é necessário ter empresas próprias de grande porte. “Quando você tem grandes big techs, quando você tem suas próprias estruturas, suas próprias empresas, você disputa com as outras, e elas se submetem à sua regra. Quando não tem essa infraestrutura capaz de permitir o surgimento dessas empresas de porte no seu país, termina submetida a uma pressão gigantesca, que é o que ocorre hoje no Brasil”, explicou.
Proteção da Criança e Adolecente na internet
No contexto da 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, a ministra Luciana Santos anunciou a destinação de R$ 100 milhões para estimular pesquisadores e startups a criarem soluções que protejam crianças e adolescentes online. Os recursos serão direcionados, por exemplo, a mecanismos de autenticação que resguardem a privacidade. O objetivo é usar a tecnologia como aliada na proteção dos jovens, em paralelo à busca por soberania digital.
Ao Aratu On, o secretário informou que o foco está em envolver startups e pequenas empresas de base tecnológica no desenvolvimento de produtos digitais nacionais. “Estamos adicionando as pequenas empresas de base tecnológica, nossas startups, para que desenvolvam os produtos. Muitos desses produtos podem ser usados pelas grandes companhias, mas temos que convocá-las para um grande diálogo”, afirmou.
Arruda destacou que, enquanto o país ainda desenvolve sua infraestrutura tecnológica, será necessário agir de forma estratégica para reduzir a dependência de grandes empresas internacionais. “Eu preciso fazer o que estou chamando de drible da vaca: procurar aplicativos desenvolvidos por nós, com soberania nossa, para disponibilizá-los à sociedade”, concluiu.
O debate de proteção das crianças na internet ganhou força desde a denúncia do youtuber Felca. Desde então, o influenciador afirma estar recebendo ameaças constantes. Como efeito, a política passou a discutir assuntos correlatos com a adultização, tanto na Bahia, quanto no campo nacional.
Inclusive, o Senado Federal chegou a aprovar o Projeto de Lei nº 2.628/2022, o ECA Digital, iniciativa que estende os direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para o ambiente digital.
Ainda neste debate, o ministro das Comunicações, Frederico Filho, negou que haja qualquer intenção de censura na proposta de regulamentação das redes sociais defendida pelo governo federal. A fala foi feita durante evento em Salvador, quando ele ainda ressaltou que setores como telecomunicações, tecnologia e radiodifusão já são altamente regulamentado.
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