Após tumulto, Motta afirma que Glauber Braga desrespeitou a Câmara
Segundo o presidente da Casa, eventuais excessos serão apurados: Após tumulto, Motta afirma que Glauber Braga desrespeitou a Câmara
Por João Tramm.
O episódio envolvendo a retirada forçada do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) provocou forte repercussão no plenário. Após tumulto, Motta afirma que Glauber Braga desrespeitou a Câmara, reforçando publicamente sua posição sobre o ato do parlamentar.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), declarou que a ocupação da cadeira da Presidência por Braga representou um desrespeito “à própria Câmara dos Deputados e ao Poder Legislativo”.

Esse é mais um episódio de tensão na gestão Hugo Motta, antes disso bolsonaristas ocuparam a cadeira do presidente da Casa para pedir que fosse pautado o projeto de anistia aos envolvidos nos atos do 8 de janeiro. Na época, deputados chegaram a questionar sua liderança e poder.
Após tumulto, Motta afirma que Glauber Braga desrespeitou a Câmara
Hugo Motta informou que determinou a apuração da conduta da segurança na interação com profissionais da imprensa. Segundo Motta, Braga é “reincidente”, relembrando que o parlamentar já havia ocupado uma comissão por mais de uma semana durante uma greve de fome. Para ele, o comportamento do deputado não encontra respaldo no regimento interno nem na “liturgia do cargo”.
Motta justificou a ação da Polícia Legislativa com base em norma da própria Mesa Diretora. Segundo ele, "O ato da mesa número 145, em seu artigo 7º, é claro: 'O ingresso, a circulação e a permanência nos edifícios e locais sob responsabilidade da Câmara dos Deputados estarão sujeitos à interrupção ou à suspensão por questão de segurança'".
Durante a retirada do parlamentar da Mesa Diretora, jornalistas foram empurrados por agentes da Polícia Legislativa. Antes mesmo de Braga ser removido, profissionais da imprensa já haviam sido orientados a deixar o plenário. A TV Câmara também interrompeu o sinal da sessão.
A saída de Braga ocorreu em meio a um cenário de grande tensão. Envolto por policiais legislativos que tentavam impedir a aproximação da imprensa, o deputado caminhava em direção aos jornalistas quando novos empurrões aconteceram. Motta declarou: "Determinei ainda a apuração de todo e qualquer excesso cometido quanto à cobertura da imprensa. Minha obrigação é proteger a democracia, do gesto autoritário disfarçado de protesto".

Braga reage
Após o episódio, Braga criticou a forma como foi retirado e comparou a atuação da Polícia Legislativa ao encerramento da ocupação realizada por parlamentares da oposição em agosto.
Ele também declarou: "Eu quero me solidarizar com a imprensa também que foi agredida e que teve o seu trabalho cerceado. Eu estou aqui há bastante tempo, há algum tempo pelo menos. Até hoje não tinha ouvido falar de cortarem o sinal da TV Câmara para que as pessoas não acompanhassem o que estava acontecendo dentro do plenário. A única coisa que eu pedi ao presidente da Câmara, Hugo Motta, foi que ele tivesse 1% do tratamento para comigo que teve com aqueles que sequestraram a mesa diretora da Câmara por 48 horas por dois dias em associação com um deputado que está nos Estados Unidos conspirando contra o nosso país".
Braga, ao lado das deputadas Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Célia Xakriabá (PSOL-MG), registrou boletim de ocorrência na 5ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal, alegando agressões sofridas durante o tumulto. Eles afirmam que a ação ocorreu por “mando” de Hugo Motta.
O deputado do PSOL permaneceu na cadeira da Presidência por pouco mais de duas horas nesta terça-feira (9), como forma de protesto contra a decisão de Motta de pautar para quarta-feira (10) o pedido de cassação de seu mandato. Ele foi retirado à força pela Polícia Legislativa. Durante a sessão, Motta afirmou:
“A cadeira da Presidência não pertence a mim. Ela pertence à República, pertence à democracia, pertence ao povo brasileiro. E nenhum parlamentar está autorizado a transformar em instrumento de intimidação ou desordem. Deputado pode muito, mas não pode tudo. Na democracia ele pode tudo dentro da lei e dentro do regimento. Fora disso, não é liberdade, é abuso. O presidente da Câmara não é responsável pelos atos que levaram determinadas cassações ao plenário, mas é, sim, responsável por garantir o rito, a ordem e o respeito à instituição”.
Quando a voz do povo é arrancada à força, é a democracia que sangra.
— Pastor Henrique Vieira (@pastorhenriquev) December 9, 2025
Ver @Glauber_Braga sendo retirado do plenário por defender transparência e enfrentar abusos revela o que muitos querem esconder: há quem prefira calar a verdade do que encarar a justiça. pic.twitter.com/42qcfj9WXq
O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados já aprovou o parecer pela cassação do deputado federal Glauber Braga (PSOL-SP). O resultado foi de 13 votos a favor e 5 contra a abertura do processo de cassação.
Glauber Braga chegou a realizar nove dias de greve de fome. Durante o período, ele ingeriu apenas água, soro e isotônicos, segundo informou sua assessoria, e perdeu cerca de cinco quilos.
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