Senhor do Bonfim discute regulamentação da Guerra de Espadas após anos de proibição

A cidade de Senhor do Bonfim discute, em parceria com a Associação Cultural dos Espadeiros, a possibilidade de regulamentar a Guerra de Espadas

Por Bruna Castelo Branco.

A cidade de Senhor do Bonfim, no norte da Bahia, discute, em parceria com a Associação Cultural dos Espadeiros (ACESB), a possibilidade de regulamentar a fabricação e realização de Guerra de Espadas na cidade, prática proibida desde 2017 na Bahia pelo risco de queimaduras e mutilações, além de riscos à vida. Desde aquela época, fabricar, possuir e soltar "espadas" é crime com pena que pode chegar até seis anos de prisão.

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O assunto foi discutido durante o Encontro de Saberes sobre a Guerra de Espadas, em Senhor do Bonfim, promovido pela Associação Cultural dos Espadeiros (ACESB), com apoio da Secretaria Municipal de Cultura e recursos do Programa Nacional Aldir Blanc (PNAB).

O assunto foi discutido durante o Encontro de Saberes sobre a Guerra de Espadas, em Senhor do Bonfim. | Foto: Ilustrativa/Pexels

O encontro abordou os aspectos culturais, técnicos, econômicos, jurídicos e sociais da prática, tratando a manifestação como patrimônio identitário do município. O presidente da ACESB, Alex Barbosa, falou sobre o potencial econômico do setor, citando Santo Antônio do Monte, em Minas Gerais, como referência nacional em pirotecnia.

O técnico do SENAI/MG, Rodrigo Magela, que estava no evento, apontou a viabilidade da regulamentação, desde que haja controle de segurança e capacitação profissional. O promotor Felipe Pazzola, do Ministério Público da Bahia (MP-BA), falou sobre a criação de norma federal específica que retire as espadas do enquadramento genérico de explosivos. Em 2018, porém, o MP-BA recomendou à cidade de Senhor do Bonfim que não promovesse ou cooperasse com a soltura da guerra de espadas, reforçando os riscos da prática.

Anualmente, o Corpo de Bombeiros publica alertas sobre os perigos na produção das espadas e outros explosivos, que é artesanal, e realizada, muitas vezes, em locais improvisados, como barracões e depósitos. Este ano, apesar da proibição, moradores do bairro de Periperi, em Salvador, foram filmados promovendo Guerras de Espadas na região.

No último 23 de junho, véspera de São João, ninguém foi preso pela atividade no município. Em nota publicada no período junino, a Prefeitura de Senhor do Bonfim reforçou a "importância de celebrar com responsabilidade e respeito às leis", e destacou que a Guerra de Espadas "representa riscos reais à vida e à segurança de todos e é considerada crime, conforme previsto na Lei Federal nº 10.826/2003".

"A fabricação, comercialização e queima de espadas são condutas proibidas e sujeitas a sanções penais. Além do risco à integridade física dos participantes e do público, o uso dessas armas artesanais pode causar incêndios, mutilações e traumas irreversíveis. A Prefeitura conta com o apoio das forças de segurança e das equipes de saúde para garantir uma festa segura e pacífica. Denúncias podem ser feitas anonimamente às autoridades competentes", concluiu a gestão municipal no comunicado.

A prática de Guerra de Espadas apresenta riscos significativos à saúde e à segurança. | Foto: Prefeitura de Senhor do Bonfim

No Encontro de Saberes sobre a Guerra de Espadas, o SENAI/MG chegou a realizar uma consultoria técnica e iniciou estudos para a implantação de uma fábrica de espadas na cidade. Também foi anunciada a criação da primeira cooperativa de produtores do país, passo decisivo para formalizar e regulamentar a atividade.

Riscos da Guerra de Espadas

A prática de Guerra de Espadas apresenta riscos significativos à saúde e à segurança, devido ao uso de artefatos explosivos confeccionados com pólvora. Entre os principais perigos estão ferimentos graves, queimaduras de 1º, 2º e 3º grau, traumas faciais e risco de perda de dedos. Além disso, a atividade, realizada, atualmente, em vias públicas e praças, pode causar danos materiais a residências e propriedades.

No Encontro de Saberes sobre a Guerra de Espadas, o SENAI/MG chegou a realizar uma consultoria técnica e iniciou estudos para a implantação de uma fábrica de espadas na cidade. | Foto: Redes Sociais

Confira, abaixo, alguns dos riscos à saúde de quem produz os artefatos, participa das "guerras" ou apenas assiste:

- Queimaduras: Podem variar de leves a graves, destruindo tecidos e, em casos de 3º grau, afetando ossos e nervos.

- Traumas: Impactos com os artefatos podem causar traumas, especialmente no rosto, e há risco de amputação de dedos.

- Acidentes: A fabricação caseira e a prática em locais improvisados aumentam a probabilidade de incêndios e explosões acidentais.

Apreensões

Neste ano, a Polícia Civil da Bahia apreendeu 1.250 espadas prontas para comercialização e mais de uma tonelada de insumos, como pólvora, destinados à fabricação de artefatos clandestinos.

As apreensões ocorreram em operações distintas com participação de outros órgãos de segurança em três municípios do Recôncavo Baiano, durante o mês de maio.

No total, foram identificadas aproximadamente 122.400 unidades de fogos de diferentes tamanhos, sendo que mais de 100 mil estavam em uma residência no bairro Maria Preta, em Santo Antônio de Jesus.

Como cuidar de queimaduras causadas por fogos de artifício

Se ocorrer uma queimadura, é importante agir rapidamente e de forma adequada para minimizar danos:

Procurar atendimento especializado:

Dirija-se a unidades de saúde com atendimento para queimados, como:

- Hospital Geral do Estado (HGE) – Salvador

- Hospital Regional de Santo Antônio de Jesus

- Hospital do Oeste – Barreiras

- Hospital Regional de Juazeiro

Primeiros socorros no local:

- Esfriar a queimadura com água corrente por vários minutos.

- Evitar tocar na queimadura, aplicar gelo, furar bolhas ou descolar tecidos grudados.

- Não usar substâncias caseiras, como manteiga ou creme dental, sobre o ferimento.

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