Bolsonaro usou deputado baiano para burlar medidas cautelares, aponta PF

Investigação aponta que Bolsonaro trocou mensagens por WhatsApp com Capitão Alden a respeito de manifestação de apoiadores realizada em Salvador

Por Matheus Caldas.

Conversas do deputado federal baiano Capitão Alden (PL) com o Jair Bolsonaro (PL) indicam, segundo a Polícia Federal, o modus operandi do ex-presidente para burlar as medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Posteriormente, o ex-chefe de Estado foi preso. 

As informações culminaram com o indiciamento de Bolsonaro e do filho dele, Eduardo Bolsonaro, nesta quarta-feira (20), por suposta coação (intimidação) a autoridades que atuam no processo que apura suposta tentativa de golpe de Estado na qual o ex-presidente é réu.

Capitão Alden | Foto: Kayo Magalhães / Câmara dos Deputados

A investigação aponta que Bolsonaro trocou mensagens por WhatsApp com Capitão Alden a respeito de manifestação de apoiadores realizada em Salvador.

De acordo com a Polícia Federal, Alden, prestes a discursar no ato, perguntou ao ex-presidente se poderia receber um áudio para ser reproduzido em trio elétrico (veja abaixo).

Bolsonaro respondeu: "Alden, se eu falar qualquer coisa, dá problema. Você pode ligar para mim na imagem falando: 'Estou aqui com a imagem do Bolsonaro, está mandando abraço a todos vocês e parabenizando'. Aí você pode. Você fala. Eu não posso falar, não. Valeu", disse o ex-presidente, conforme registrado no inquérito.

Na sequência, o parlamentar perguntou se poderia ligar para o presidente, o que aconteceu posteriormente. O relatório da PF indica que a ligação ocorreu às 12h10 e durou 14 segundos. Em seguida, Bolsonaro enviou um vídeo a Alden para que fosse repassado aos manifestantes.

No vídeo, Bolsonaro cumprimenta os apoiadores, mas afirma que não poderia se pronunciar. O material foi publicado pelo deputado na própria conta no X, antigo Twitter (veja abaixo).

Foto: reprodução/PF

Após o envio do vídeo, Bolsonaro enviou a seguinte mensagem: "Obrigado Bahia. Dep Cap Alden. Pela
liberdade Jair Bolsonaro". Poucos minutos depois, o ex-presidente manda uma foto sentado, olhando para um aparelho celular, e uma mensagem dizendo: "De casa acompanhando. Obrigado todos. Pela nossa liberdade. Jair Bolsonaro".

Foto: PF

Para os investigadores, mesmo ao evitar declarações diretas para não descumprir restrições judiciais, Bolsonaro "parece orientar o deputado sobre como proceder para a exposição de sua imagem". O documento ainda destaca que a conversa evidencia "o modus operandi de utilização de terceiros para burlar a medida cautelar" imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

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O que diz Capitão Alden

Em nota enviada à imprensa, Capitão Alden diz que “não há qualquer ato ilícito nessa troca de mensagens”. “A manifestação foi pública, cívica e amparada pelo direito constitucional de livre reunião e livre manifestação do pensamento”, defende.

“Defender que Bolsonaro está proibido de dar entrevistas, se estas forem reproduzidas nas redes sociais por terceiros, enquanto deputado, reafirmo ser temerário. Lembremos de direitos como liberdade de imprensa, o direito à informação e o livre exercício da política”, acrescenta.

Ele ainda classificou a conversa como "saudação do presidente ao povo baiano”. “[Foi] enviada por mim como porta-voz de milhares de cidadãos que estavam nas ruas, de forma pacífica, defendendo a democracia, a liberdade de expressão e o respeito à Constituição”, diz. 

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