Wandinha da Silva: Netflix divulga série com vídeo em Xique-Xique, Bahia
Vídeo divulgado pela Netflix mostra 'Wandinha da Silva de Souza Santos' morando em Xique-Xique, Bahia
Por, Juana Castro e Bruna Castelo Branco.
De forma inusitada e bem-humorada, a Netflix divulgou, nesta quinta-feira (21), um vídeo promocional da série 'Wandinha'. No vídeo, a personagem gótica - integrante da Família Addams - é transportada para o sertão baiano, mais precisamente para a cidade de Xique-Xique, a cerca de 600 quilômetros de Salvador.
Criada para o lançamento da segunda temporada, a produção brinca com a ideia de como seria a vida da protagonista se ela fosse nordestina. Para tal, o vídeo contou com a participação do Ponto de Cultura Cia Ribeir'art, envolvendo artistas e moradores locais.
No momento de publicação desta nota, a publicação com 'Wandinha da Silva de Souza Santos' já contava com quase 1 milhão de visualizações no Instagram.
Confira abaixo:
'Ninguém me entende aqui em Xique-Xique, Bahia'
A escolha de Xique-Xique, no Vale São-Franciscano da Bahia, não foi aleatória. A cidade, que já é um fenômeno da internet, tem o nome frequentemente utilizado em memes que ironizam sua suposta distância dos grandes centros urbanos.
A Netflix, inclusive, já tinha aproveitado o cenário na campanha de divulgação de Wandinha, lançando um outdoor no município no início deste mês de agosto. "Não é meme! Levei a Wandinha para Xique-Xique, Bahia".
Segunda temporada de Wandinha na Netflix
A segunda temporada de Wandinha foi lançada em duas partes. Os primeiros quatro episódios já estão disponíveis no catálogo desde o início de agosto, enquanto os restantes chegam à plataforma em 3 de setembro de 2025.
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Sobre Xique-Xique: história e fama da cidade
Apesar da notoriedade recente, o município é um dos mais antigos da Bahia, fundado em 1714. Localizada às margens do Rio São Francisco, Xique-Xique possui um nome que remete a uma espécie de cacto nativo da região. Sua popularidade atual, no entanto, está mais ligada ao humor da internet do que aos seus dados demográficos.
A expressão “Aqui em Xique-Xique/Bahia está tudo normal” tornou-se recorrente em memes publicados no X (antigo Twitter) e no TikTok. As postagens fazem alusão à ideia de que, por estar em uma região remota, os moradores da cidade não se preocupam com acontecimentos globais. Em tom de brincadeira, internautas usam frases como: “moro em Xique-Xique, então não me preocupo com isso”. Em ocasiões como o Oscar, por exemplo, surgiram comentários do tipo: “Aqui em Xique-Xique, Fernanda Torres já ganhou”.
Durante as eleições dos Estados Unidos e o Conclave, em Roma, também circulou um meme que dizia: "Caravana para votar nas eleições/ir ao Conclave. Saída: Xique-Xique-BA".
O humor em torno de Xique-Xique começou a ganhar força em 2023, mas foi em 2024 que se espalhou de forma viral, impulsionando a curiosidade do público sobre a cidade. A repercussão levou o nome do município a circular com frequência nas plataformas digitais, transformando Xique-Xique em um símbolo do humor brasileiro na internet.
Como é Xique-Xique?
Apesar da notoriedade recente, o município é uma das cidades mais antigas da Bahia. Fundada em 1714 e emancipada em 6 de julho de 1832, Xique-Xique está localizada às margens do Rio São Francisco e ocupa uma área de 5.079,662 km². Com população estimada em 46.979 habitantes em 2024, a cidade apresenta baixa densidade demográfica, de 9,2 habitantes por km², segundo o IBGE. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) registrado em 2010 foi de 0,585, classificado como baixo.
A popularidade atual de Xique-Xique não está relacionada apenas a sua localização ou dados demográficos, mas também ao nome peculiar, que remete a um tipo de cacto nativo da região. Em meio ao fenômeno nas redes, uma frase resume bem o tom dos memes: "Aqui em Xique-Xique está tudo normal".
O cacto Xique-Xique
O xique-xique (Xiquexique gounellei), espécie endêmica do Brasil e presente em grande parte do Nordeste, é mais do que um simples cacto: é um símbolo de resistência, fonte de alimento, inspiração cultural e peça-chave na biodiversidade do semiárido.
Encontrado em paisagens áridas do sertão, o xique-xique pertence à família Cactaceae, adaptada a ambientes de escassez hídrica. A planta domina áreas de Caatinga e Cerrado em estados como Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, além de aparecer, em menor escala, em Minas Gerais. Com caules suculentos, cheios de espinhos e capazes de atingir até três metros de altura, o xique-xique cresce sobre solos pedregosos e rasos, especialmente em afloramentos rochosos.
A estrutura da planta é resultado de uma longa adaptação ao clima semiárido. Sem folhas, que evoluíram para espinhos, o caule passou a realizar a fotossíntese, minimizando a perda de água e protegendo-se de predadores. Essa arquitetura não impede, porém, que o xique-xique seja um elo vital para a fauna local.
As flores noturnas da espécie atraem morcegos nectarívoros, beija-flores e insetos polinizadores. Os frutos, de interior exótico e visual semelhante ao da pitaya, são consumidos por aves, roedores e répteis. Já em tempos de estiagem, seus caules servem de alimento para cabras e ovelhas.
O ser humano também se beneficia da planta. Os frutos doces podem ser consumidos in natura ou transformados em sucos, geleias, doces e sorvetes. Além do uso alimentar, o xique-xique é utilizado na medicina popular, na forma de chás com propriedades associadas ao alívio de diversas condições de saúde. Ricos em antioxidantes, potássio e cálcio, os frutos contribuem para o fortalecimento do sistema imunológico e a melhora da digestão.
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