TENDÊNCIA: Novas em Salvador, escolas investem em programação como ‘idioma’ entre jovens
TENDÊNCIA: Novas em Salvador, escolas investem em programação como ‘idioma’ entre jovens
“O que é binário?”, pergunta o professor Igor Mendes à sua turma de alunos, que vai de 8 a 11 anos. “É a linguagem das máquinas!”, responde, prontamente, a caçula do grupo, numa sala cheia de computadores, na qual quase todos estão conectados num jogo didático voltado para o aprendizado dos códigos dos eletrônicos.
O século XXI exige que, além de inglês, saibamos nos comunicar também em códigos binários. Para que seus filhos se alfabetizem cada vez mais numa época dominada por computadores, celulares e demais eletrônicos, alguns pais os têm matriculado em cursos voltados para a programação, em escolas que recentemente surgiram Salvador.
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Estas novas instituições oferecem aulas para jovens de 6 a 16 anos, usando jogos online que já fazem parte do dia a dia das crianças, como Minecraft (jogo de montagem de bloco para construção de prédios, casas e até cidades que virou febre entre jovens). Aprendendo a programar computadores, os alunos desenvolvem coisas novas na Internet, como os games.
“Essa geração já cresceu acostumada com a tecnologia. Sempre digo que o cordão umbilical deles é o cabo USB”, opina Igor, um dos professores da SuperGeeks, na Pituba. Formado em engenharia da computação, ele se dedica a ensinar os bê-a-bá da programação às crianças. “É algo que vai beneficiá-los em vários sentidos, fazendo com que eles não sejam apenas meros usuários passivos da Internet.”
Há quatro anos de existência em São Paulo, só em março deste ano a escola SuperGeeks, que é a primeira a ensinar programação e robótica às crianças no Brasil, veio à Salvador. “Alguns pais têm preconceito, dizem que não querem que o filho seja um programador. Mas quando se matricula a criança no curso de inglês, não se pretende que ele seja um tradutor, não é?”, afirma a coordenadora Elisângela Medeiros, que largou a engenharia para gerir o curso.
Os pais que procuram os cursos têm motivações semelhantes: aprofundar o conhecimento dos filhos nas ferramentas digitais e ampliar seus horizontes. “Queria que meus filhos aprendessem mais sobre o que eles faziam todos os dias”, explica a psicopedagoga Edilene Oliveira, 39, que matriculou seus filhos João, 11, e Maria, 8, na “escola do futuro”. Ao final do curso, que chega a durar quatro anos e meio, eles irão desenvolver um game sozinhos.
A HappyCode tem uma proposta semelhante. Trazida à Salvador em outubro de 2016 pelo empresário espanhol Ignário Amigó, a escola, também na Pituba, se dedica a ensinar técnicas de criação e desenvolvimento de jogos aos meninos e meninas que vem procurá-la.
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Professor e pesquisador da área de cibercultura da Universidade Federal da Bahia (UFBA), André Lemos matriculou seu filho, de apenas 8 anos, nesta escola a fim de ensiná-lo as regras da “linguagem da contemporaneidade”. “Acredito que os dispositivos estão cada vez mais presentes em tudo o que a gente vê e vive. No futuro, as pessoas vão mexer com muito mais tranquilidade nestas coisas que ainda estamos aprendendo a lidar”, aposta.
Para além da praticidade, há ainda um aspecto político no ensino da programação às novas gerações. Professor da UFBA e pesquisador na área de educomunicação, Nelson Pretto advoga para um futuro no qual as pessoas aprendam a programar os computadores para assim programarem o mundo. “Numa Internet cada vez menos livre, repleta de algorítimos e conduzida por aplicativos de uso limitado, aprender a mexer nos códigos criadores da Web pode ser um caminho para uma rede mais diversa”, defende.
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