Pesquisa da USP consegue bloquear ação do zika em camundongos e evitar que fetos tenham microcefalia
Pesquisa da USP consegue bloquear ação do zika em camundongos e evitar que fetos tenham microcefalia
Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), conseguiram, em parceria com cientistas das universidades de Harvard e de Buenos Aires, bloquear a ação do vírus zika em camundongos. O trabalho conseguiu, inclusive, evitar que os fetos dos animais testados desenvolvessem microcefalia.
De acordo com a pesquisa, publicada na revista Nature Neuroscience e que teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), foi possível desvendar os mecanismos usados pelo vírus da zika para driblar o sistema de defesa imunológico dos camundongos. A microcefalia é causada porque o vírus consegue atravessar a placenta, se alojar no cérebro dos fetos e se multiplicar desenfreadamente em seus neurônios.
Segundo a pesquisa, o zika age estimulando uma proteína chamada de aril hidrocarboneto, ou AHR, que uma vez ativada, limita a defesa do organizamo e reduz a produção de interferon tipo 1, que tem importância na imunidade antiviral, e a proteína PML, que atrapalha a replicação do vírus.
A partir dessa descoberta, os pesquisadores testaram nos camundongos uma droga que impossibilita a ação da proteína AHR. “Descobrimos uma droga que ainda se encontra em estágio de desenvolvimento, mas que foi capaz de inibir a ativação do AHR induzida pelo Zika”, explicou o professor Jean Pierre Schatzmann Peron, da USP.
No estudo, administrado em fêmeas que carregavam fetos de camundongos infectados com o zika, foi possível perceber a melhora nas lesões por todo o corpo. No caso dos neurônios no cérebro, o remédio bloqueou em 100% a ação do vírus. “Os fetos tratados com a droga voltaram a nascer com peso normal. O comprimento total dos animais também melhorou. Na placenta e no cérebro, pudemos observar que a remissão do vírus foi total", esclareceu Peron.
Conforme o cientista, o próprimo passo é ver se algum laboratório se interessa em fazer a mesma pesquisa com macacos, que é um estágio preliminar obrigatório antes do início dos testes clínicos em humanos. Além disso, como se trata de um estudo em grávidas, é necessário saber se a droga é tóxica ou não na gravidez.
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