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Nizan compara negócios a Game Of Thrones: “quem é a Arya Stark da sua empresa?”

Nizan compara negócios a Game Of Thrones: “quem é a Arya Stark da sua empresa?”

Por Da Redação

Nizan compara negócios a Game Of Thrones: “quem é a Arya Stark da sua empresa?”Arte/ Vinícius Félix/ Aratu On

O empreendedor baiano Nizan Guanaes considera que empresas e segmentos perdem muito tempo apegados a práticas do passado, quando, em vez de negação, poderiam ser mais velozes para vencerem as batalhas de concorrência.


Usando o sucesso mundial da série Game Of Thrones, da HBO, o fundador do Grupo ABC de Comunicação considera que as startups bem sucedidas podem ser comparadas com a personagem Arya Stark: “E, se você quer sobreviver, é bom saber quem é a Arya Stark da sua empresa, a corajosa personagem da série da HBO, ágil e jovem como uma startup, que mata com sua adaga o Rei da Noite, comandante dos mortos-vivos.”


O aviso foi dado no artigo A Batalha dos Mortos e dos Vivos, publicado na Folha de São Paulo, em 7 de maio. Clique aqui para acessar.


Leia na íntegra a reflexão do premiado publicitário, criador do IG, e que já foi considerado uma das 100 personalidades mais criativas do planeta.


A BATALHA DOS MORTOS E DOS VIVOS


Se você quer sobreviver, é bom saber quem é a Arya Stark da sua empresa, ágil e jovem como uma startup


Nesses 40 anos de publicidade, vi impérios florescerem e ruírem. A diferença no mundo de hoje é a velocidade com que ambas as coisas acontecem. Mas o padrão do declínio, aos meus olhos, segue bastante parecido, permeado por nuances nos diferentes setores.


Não é científico o que vou descrever, nem baseado em data. É baseado em tudo o que vi e senti, nas coisas que passaram pela minha frente e pelas minhas costas, nas coisas que ficaram para trás e que foram para a frente, inclusive nos meus negócios.


Os passos que levam ao fim, seja o fim de um negócio, de um setor, de uma era, de uma vantagem competitiva, começam com um primeiro passo que é negar o futuro. Adoro a palavra inglesa ?denial? (negação).


Organizações e pessoas perdem tempo precioso negando um sol nascendo, um novo modelo de negócio, uma disrupção tecnológica. Quando lançamos o iG, em 2000, vivia ouvindo chacota. Para muitos, o modelo de internet grátis parecia uma aberração. Ia às agências vender mídia, e profissionais muito inteligentes perguntavam: ?Você acha mesmo que esse troço de internet vai dar certo??.


Assustador que perguntassem isso no passado, mas mais assustador que perguntem isto hoje: ?Você acha que a venda online vai vingar??. A resposta é Magalu, uma rede de lojas com valor de mercado de mais de R$ 35 bilhões, que tem uma senhora rede física e uma experiencia digital incrível.


A negação consome anos que a empresa podia estar devotando à reinvenção. No pior cenário, pode levá-la ao fim.


A indústria da carne vai gastar um tempo precioso negando empresas de ?carne vegetal? como Beyond Meat e Impossible Foods, mas Beyond Meat estreou na Nasdaq semana passada com uma alta de 163% no primeiro dia. E um amigo que sabe tudo desse mercado disse que o sabor do hambúrguer vegano da Impossible Foods é fantástico.


O segundo passo terminal é tentar evitar o futuro com vantagens regulatórias. O consumidor, cada vez mais empoderado e informado, vai ruir esse escudo que o faz pagar mais caro por produtos piores do que os que um mercado aberto e competitivo pode oferecer.


O terceiro passo terminal é tentar replicar o futuro de um jeito antigo, o que é perda de tempo (irrecuperável) e de dinheiro (idem).


Outro passo rumo ao fim é gastar tempo demais com os resultados do trimestre, do dia a dia, e, de tanto focar o resultado, não ter gente suficiente na empresa olhando o vento, a nuvem, o céu.


Fica a pergunta que não quer calar: de que lado você está? Dos vivos ou dos mortos-vivos? A batalha dos vivos e dos mortos-vivos em ?Game of Thrones? é a batalha das empresas, dos pensamentos, dos Estados.


E, se você quer sobreviver, é bom saber quem é a Arya Stark da sua empresa, a corajosa personagem da série da HBO, ágil e jovem como uma startup, que mata com sua adaga o Rei da Noite, comandante dos mortos-vivos.


E, antes que eu encerre esta coluna com a soberba dos sabe-tudo, quero revelar um momento em que não dei a devida atenção ao futuro.


Fui convidado para falar sobre o Brasil num evento organizado por Bill Gates. Estavam lá os maiores presidentes-executivos do mundo e gente como Jeff Bezos, Warren Buffett, Martin Sorrell, Barry Diller.


Um sujeito chegou do meu lado e se apresentou: ?Oi, sou o Reed Hastings, tenho uma empresa que está começando aqui nos EUA e precisando de ajuda no Brasil?.


Eu não ouvi o cara direito, não dei muita atenção, mas o nome da empresa dele era Netflix.


Nizan Guanaes

Empreendedor, fundador do Grupo ABC


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