Governo do Estado promete segurança a advogados do caso Mãe Bernadete e pensão a familiares da vítima
Familiares da líder quilombola e yalorixá Mãe Bernadete, assassinada a tiros dentro de casa no último 17 de agosto, em Simões Filho, se reuniram na noite desta quarta-feira (6/9) com Jerônimo Rodrigues (PT)
Formalização da segurança de Jurandir e Wellington Pacífico, pensão para os familiares de Mãe Bernadete e segurança para os advogados que cuidam do caso da líder quilombola assassinada em Simões Filho — esses foram alguns dos tópicos discutidos durante a reunião que aconteceu na noite desta quarta-feira (9/6), entre o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), e Jurandir e Wellington Pacífico, filho e neto de Mãe Bernadete, de 72 anos, executada a tiros no último 17 de agosto dentro da própria casa.
Ao Aratu On, um dos advogados da família da vítima, David Menezes, listou os principais assuntos discutidos durante o encontro:
"Formalização da segurança de Jurandir e de Wellington, fornecimento de segurança para [David Menezes] mim e para Dr. Leandro Santos, pensão para os familiares de Mãe Bernadete, até que seja discutido o valor das indenizações a serem pagas pelo governo estadual em decorrência da falha grotesca do programa de proteção ao qual Mãe Bernadete estava submetida, bem como possibilidades de parcerias entre Governo Estadual e o Instituto Mãe Bernadete, criado por nós com o objetivo de ser uma plataforma sólida para a elaboração e execução de políticas públicas voltadas para as comunidades tradicionais da Bahia, em especial às quilombolas".
Mais cedo, David relatou à reportagem que, ao chegar ao local da reunião, na Central de Inteligência da Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP), ele e Leandro Santos, que também faz parte da equipe jurídica que representa a família de Mãe Bernadete, foram impedidos de participar do encontro.
“O governador ordenou que nós, advogados da família de Mãe Bernadete, fôssemos barrados, contra a vontade expressa e manifestada de Jurandir e Wellignton”, afirmou Menezes, que ainda lamentou: “O governador rodeado de secretários e assessores de um lado, e a família sozinha e completamente fragilizada do outro”.
PRISÕES
Ao menos três pessoas já foram presas, por participação direta ou indireta, no assassinato da líder quilombola Bernadete Pacífico, ocorrida no dia 17 de agosto, no município de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). A informação foi divulgada pelo secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner, durante entrevista coletiva. Na oportunidade, ele atualizou as investigações sobre o crime. A coletiva aconteceu no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro de Itapuã, nesta segunda-feira (4).
Um dos suspeitos, localizado no dia 25 de agosto, estava com o celular de Mãe Bernadete. A segunda prisão foi a do executor dos tiros, no município de Araçás. A terceira pessoa, encontrada junto ao indivíduo flagrado com o aparelho móvel, foi detida em Simões Filho e estava com as armas utilizadas no crime. As informações foram confirmadas pela delegada-geral da Polícia Civil, Heloísa Brito.
O secretário explicou, ainda, que a polícia não tem provas de que tenha se tratado de um crime encomendado. Além disso, não é possível estabelecer, até aqui, uma relação entre a morte da líder quilombola e a do seu filho, Flávio Gabriel Pacífico, o Binho, assassinado em 2017. “Até agora, não existe nenhuma hipótese de que esses homens tenham sido contratados para cometer o crime, nem se sabe se há relação com a morte do filho de Mãe Bernadete”.
Ao todo, as autoridades já colheram depoimento de 64 pessoas. Segundo Werner, a coletiva e as prisões são prestações de contas do que as forças policiais estão fazendo. “A gente não vai deixar passar nenhum tipo de crime. Fazemos questão de dar esse panorama”. Ainda conforme o secretário, todos os departamentos da Polícia Civil estão engajados para concluir o inquérito.
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