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Como as ‘fake news’ contribuem para o crescimento dos discursos de ódio na Internet

Como as ‘fake news’ contribuem para o crescimento dos discursos de ódio na Internet

Por Da Redação

Como as ‘fake news’ contribuem para o crescimento dos discursos de ódio na InternetArte/Iza de Azevedo

Desde a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista, Anderson Gomes, na última quarta-feira (14/3), no Rio de Janeiro, surgiram várias notícias a respeito da sua história, como a de que já se envolveu amorosamente com um traficante e que teria sido eleita pelo Comando Vermelho, uma das maiores organizações criminosas do Brasil.


Sabe o que as duas têm em comum? São fake news (notícias falsas) que se espalharam rapidamente na Internet. Inclusive, até segunda-feira (19/3), o PSOL recebeu mais de 15 mil emails com denúncias de notícias falsas contra Marielle. Até a desembargadora Marília Castro Neves, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, caiu em uma mentira e acusou a falecida de estar “engajada com bandidos”.


Veja:


Foto: Reprodução/Facebook


Por isto, o partido da vereadora entrou com uma representação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra a magistrada. Não obstante, o próprio órgão informou, na segunda-feira, que investigará a mesma, já tendo uma reclamação disciplinar protocolada.


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Devido à repercussão do crime e do debate, muitas vezes acalorado, em torno do assunto, englobando também a vida pessoal e a carreira de Marielle, as (des)informações confundiram a cabeça de muita gente, a ponto de a equipe de comunicação dela sentir a necessidade de criar uma página para desmenti-las, intitulada “A verdade sobre Marielle”.


“A dor da sua morte e de tudo o que ela simbolizava desencadeou homenagens emocionadas em redes sociais e grandes manifestações nas ruas pelo Brasil e no mundo. Mas também gerou uma série de acusações falsas sobre a sua história e sua atuação. […] Uma coisa é debater sobre posicionamentos políticos. Outra bem diferente é caluniar, repercutir mentiras e desrespeitar a sua memória e o luto de seus familiares e amigos”, diz o texto inicial da página.


Pois é… Com o aumento das fake news, cresceram também os discursos de ódio. Em um ambiente (virtual) aparentemente propício a isso, muitas pessoas se aproveitam da situação para compartilhar opiniões ofensivas e preconceituosas, como o que aconteceu com o cantor e compositor Gilberto Gil.


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“Em cima” de uma falsa matéria que circulou em 2017, cujo título era “Gilberto Gil chora em show e diz que ‘SERGIO MORO É TERRORISTA, LULA É HONESTO'”, um determinado perfil do Facebook proferiu comentários de cunho racista contra o artista. Por isso, a referida rede social foi obrigada a informar, no prazo de 48 horas, os dados pessoais cadastrados do perfil, sob pena de multa diária no valor de R$ 3 mil.


No início do último mês de janeiro, o juiz Carlos Sérgio dos Santos Saraiva, do Plantão Judiciário do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), também determinou que o Facebook e o site Pense Brasil retirassem as postagens e qualquer link da falsa declaração.


MOTIVAÇÃO


Para a psicóloga Juliana Cunha, que trabalha junto à Organização Não Governamental (ONG) Safernet – associação civil de direito privado voltada à prevenção e ao combate a crimes contra os direitos humanos na Internet -, existem diferentes “disseminadores” de ódio.


“Há grupos relativamente organizados que se reúnem para produzir e disseminar conteúdos de ódio, como grupos neonazistas e fóruns anônimos (os chans), mas há também manifestações mais heterogêneas e dispersas e que ganharam mais visibilidade com a internet. A discriminação cotidiana, a injúria racial, a violência e o assédio contra mulheres, a perseguição contra trans se manifestam na internet como espelho das desigualdades da sociedade”, explicou em reportagem do site Uol.


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De acordo com números contabilizados pela referida ONG e passados ao Uol, que representam a soma das denúncias recebidas por ela, pela Polícia Federal e o Ministério dos Direitos Humanos, cerca de mil denúncias de violações de direitos humanos por dia durante os últimos dez anos.


Dessas, 63% são relacionadas a expressões de ódio, das quais 28% referem-se a racismo, seguidos de intolerância religiosa, neonazismo, xenofobia e homofobia. Quando o assunto é discriminação, sete a cada dez pedidos de ajuda vêm de mulheres.


LEGISLAÇÃO


Já existem alguns projetos de lei que preveem a prisão de quem produzir ou veicular fake news. Em recente entrevista ao Aratu Online, a advogada Ana Paula Moraes, especialista em direito digital, discordou que a medida fira à liberdade de expressão e que não sejam inconstitucionais.


“Estamos partindo do pressuposto que existe a produção e veiculação de notícias falsas. Uma vez comprovado que foi você quem propagou a notícia falsa, ou que você recebeu uma notícia verdadeira, e a adulterou de forma proposital, você pode, sim, ser preso, desde que a legislação preveja isso”, explicou, na ocasião. Para ela, o “centro da questão” é que as informações não são verídicas.


Contudo, fez a ressalva de que não significa, necessariamente, que a pessoa será presa com a aprovação das leis. “Existem todos aqueles princípios de réu primário, antecedentes criminais, etc”.


EM TEMPO


A estratégia de utilizar a própria Internet – principal meio de “proliferação” das fake news – como ferramenta para combatê-las, como fez a equipe de Marielle Franco, também foi uma ideia utilizada pelo Deputado Federal Jean Wyllys (PSOL). Em seu site, há uma aba exclusiva para conferir o que é verdade e o que é mentira a seu respeito. Clique aqui para ver.


Bastante ativo nas redes sociais, o político baiano e ex-BBB as explora de forma bem-humorada e até didática, a exemplo de vídeos explicativos em seu canal no Youtube.


Veja exemplo abaixo:



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*Publicada originalmente às 6h (21/3)


 


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