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Brasil não “perdeu paciência” com Argentina em negociação com a UE, diz Dilma

Brasil não “perdeu paciência” com Argentina em negociação com a UE, diz Dilma

Por Da Redação

Brasil não “perdeu paciência” com Argentina em negociação com a UE, diz DilmaReprodução / Roberto Stuckert Filho/Presidência da República

Diante de mais uma tentativa sem sucesso de destravar um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE), a presidenta Dilma Rousseff disse hoje (11) que não ficou frustrada com a falta de resultados e que negociações desse tipo não são triviais e dependem de acordos internos nos blocos.


Dilma participou ontem (10) e hoje da 2º Cúpula entre a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia. A expectativa era de que a cúpula pudesse ser o cenário para o avanço da negociação entre o Mercosul e a UE, com a apresentação de suas ofertas comerciais, quando os dois lados montam uma lista de quais produtos poderão ter as tarifas zeradas. A apresentação tem que ser simultânea e já chegou a ser negociada em 2013 e 2104, mas não aconteceu.


?Não saio frustrada, isso não significa que não terá a data. Nós fazemos a proposta, aí eles têm de olhar as condições deles e fazer a mesma proposta. Acredito que é muito importante o Mercosul sinalizar que vai unido, acho que eles também vão ter de sinalizar porque, apesar de a Comissão Europeia ter o poder de firmar um acordo, esse acordo tem de ser de 27 países, não é trivial, nenhum país é igual ao outro?, avaliou, em entrevista antes de embarcar de volta ao Brasil.


Dilma defendeu a relação do Brasil com a Argentina, principal opositora do acordo com a UE dentro do Mercosul, e negou que o governo tenha ?perdido a paciência? com o país vizinho.


?Essa visão de que o governo perdeu a paciência com a Argentina não representa jamais o que o governo brasileiro pensa. A Argentina é um grande parceiro, temos de ter toda a consideração com a Argentina e não existe motivo para a Argentina não ir conosco?, ponderou. A presidenta argentina Cristina Kirchner não participou da cúpula em Bruxelas.


Dilma disse que criticar a posição da Argentina é uma tentativa de culpar sempre os latino-americanos e lembrou que a União Europeia também tem divergências internas sobre acordos comerciais com outros países e blocos.


?Vinte e sete países integram a União Europeia, se a gente não considerar que são países diferenciados e que eles têm também de fazer suas discussões, seria algo fantástico. Por que até hoje não saiu ainda um acordo entre a União Europeia e os Estados Unidos? Por que não saiu acordo entre a União Europeia e o Japão? Acordos bilaterais podem ser difíceis para qualquer país ou para qualquer região?, comparou.


Dilma disse que nenhum acordo que venha a ser fechado entre os blocos deve impedir a continuidade da Rodada Doha, um ciclo de negociações para liberalização do comércio mundial, iniciado em 2001. Os principais impasses estão nas negociações entre os países em desenvolvimento e desenvolvidos nos setores de agricultura, facilitação de comércio, dos serviços e manufaturados.


?Na verdade, [a Rodada Doha] é o que criaria um outro ambiente, um completo e diferente ambiente para o comércio internacional entre todos os países. Teria um efeito grande no Produto Interno Bruto do mundo um acordo internacional do padrão de Doha?.


Após a entrevista, a presidenta embarcou para o Brasil e vai pousar em Salvador, onde participará da abertura do 5º Congresso Nacional do PT. Segundo ela, a reunião será importante para o partido, ?que está em um momento de reflexão?.


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