Em dez anos, mais de 2 milhões de pessoas recorreram ao auxílio-doença por transtornos mentais relacionados ao trabalho no Brasil
Saúde e adoecimento psíquico do trabalhador foi tema de seminário promovido pela CUT Bahia, nesta quarta-feira (25/10), e falaram sobre auxílio-doença
Divulgação
Dados da Previdência Social, compilados pelo Smartlab, do Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas sobre a Saúde do Trabalhador (Diesat), apontam que mais de 2 milhões de brasileiros se afastaram do trabalho entre os anos de 2012 e 2022 por conta de problemas causados por transtornos mentais e ganharam auxílio-doença. O adoecimento psíquico e saúde do trabalhador foram discutidos durante seminário promovido pela Central Única dos Trabalhadores na Bahia, nesta quarta-feira (25/10), na sede do Sindprev. O encontro contou com a presença de médicos e enfermeiros do trabalho, além de psicólogos, advogados e outros especialistas no tema.
De acordo com a pesquisadora Patrícia Marafon, integrante do Diesat, que é psicóloga e mestre em Políticas Sociais e Dinâmicas Regionais pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó-SC, os dados possibilitam retratar o desafio de se relacionar o adoecimento mental relacionado ao trabalho. “E eles são muito mais evidentes nas mulheres, que correspondem a 66% das notificações pois a ela recai o excesso da jornada de trabalho, muitas vezes dupla, e com esse trabalho que não é reconhecido ou valorizado, o cuidado com a família, a casa, os idosos, as crianças. A faixa etária de maior ênfase ocorre entre 30 e 49 anos. É uma idade muito produtiva, então tem-se um impacto muito grande”, avalia.
Um dos agravantes para a evolução deste quadro, conforme os especialistas, foi a Reforma Trabalhista, sancionada em 2016. A nova legislação flexibilização ainda mais as contratações de trabalho, abrindo margens a diversos tipos e perdas de direitos.
Integrante do Sindicato dos Psicólogos de São Paulo, Federação Nacional dos Psicólogos e representante do segmento dos trabalhadores no Conselho Nacional de Saúde, Fernanda Magano, afirmou que diversos são os males que hoje acometem os trabalhadores e citou como principais problemas a ansiedade, síndrome de Burnout, depressão, transtornos pós-traumáticos, aumento do consumo de álcool e drogas e aumento do dos casos de suicídio, além dos efeitos pós-covid. A principal faixa afetada por esses problemas é a de pessoas com idade entre 30 e 49 anos.
Sueda Fortaleza, médica do Trabalho da Diretoria de Vigilância e Atenção à Saúde do Trabalhador na Bahia, lembra que no Estado, os problemas de saúde mental respondem por mais de 7% dos afastamentos do ambiente laboral. Segundo ela, o risco do adoecimento está na organização do trabalho, que é voltada para a produção em larga escala com elementos à exemplo de excesso de cobranças, metas elevadas que vão além da capacidade humana, dentre outros aspectos. “Precisamos pensar essa organização em termos de relações do trabalho. Assédio moral é um determinante do adoecimento e ele vai dos colegas, do chefe e da própria estratégia de gestão do trabalho. Há um assédio para produzir mais. Setores como o bancário têm assédio em cadeia, que vai do executivo para o gerente e deste para o que está abaixo no organograma das empresas”, disse.
Ela alerta que não se pode responsabilizar o trabalhador, pois essa responsabilidade está no ambiente laboral. “As pessoas muito comprometidas com o trabalho são as mais vulneráveis. Muitas vezes o adoecimento não é físico, mas uma somatização”, explica.
Os especialistas estão em consenso que é preciso montar uma rede de acolhimento e acreditam que a Previdência Social precisa ser mais efetiva na defesa dos trabalhadores e liberar dados estatísticos para às informações sejam democratizadas.
A psicóloga Bianca Reis chamou a atenção para a síndrome que tem atingido os trabalhadores brasileiros. Segundo ela, a doença traz consigo uma redução significativa na produtividade dos profissionais e suas causas estão relacionadas à sobrecarga no trabalho, ao ambiente laboral tóxico e pode fazer com que as pessoas adquiram problemas físicos e psicológicos, além de alta propensão a doenças. “Geralmente, os fatores de risco são as cargas de trabalho excessiva, falha na rotina organizacional e falta de suporte social”, enumerou.
Para a especialista, é preciso que os trabalhadores estabeleçam um limite que equilibre a vida pessoal e profissional, invista em autocuidado, praticando atividades físicas e se auto proporcionando momentos de descanso, além de buscar apoio social e manter relacionamentos saudáveis.
A enfermeira Ana Carina Dunham pontuou que é preciso falar do adoecimento do trabalhador dentro do movimento sindical. “Me assusta ver que hoje as discussões de mesas de bar são sobre depressão e ansiedade”, conta. Segundo ela, as relações de trabalho, com assédios e cobranças e a falta de direitos e autonomia levam ao esgotamento individual.
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De acordo com a pesquisadora Patrícia Marafon, integrante do Diesat, que é psicóloga e mestre em Políticas Sociais e Dinâmicas Regionais pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó-SC, os dados possibilitam retratar o desafio de se relacionar o adoecimento mental relacionado ao trabalho. “E eles são muito mais evidentes nas mulheres, que correspondem a 66% das notificações pois a ela recai o excesso da jornada de trabalho, muitas vezes dupla, e com esse trabalho que não é reconhecido ou valorizado, o cuidado com a família, a casa, os idosos, as crianças. A faixa etária de maior ênfase ocorre entre 30 e 49 anos. É uma idade muito produtiva, então tem-se um impacto muito grande”, avalia.
Um dos agravantes para a evolução deste quadro, conforme os especialistas, foi a Reforma Trabalhista, sancionada em 2016. A nova legislação flexibilização ainda mais as contratações de trabalho, abrindo margens a diversos tipos e perdas de direitos.
Integrante do Sindicato dos Psicólogos de São Paulo, Federação Nacional dos Psicólogos e representante do segmento dos trabalhadores no Conselho Nacional de Saúde, Fernanda Magano, afirmou que diversos são os males que hoje acometem os trabalhadores e citou como principais problemas a ansiedade, síndrome de Burnout, depressão, transtornos pós-traumáticos, aumento do consumo de álcool e drogas e aumento do dos casos de suicídio, além dos efeitos pós-covid. A principal faixa afetada por esses problemas é a de pessoas com idade entre 30 e 49 anos.
Sueda Fortaleza, médica do Trabalho da Diretoria de Vigilância e Atenção à Saúde do Trabalhador na Bahia, lembra que no Estado, os problemas de saúde mental respondem por mais de 7% dos afastamentos do ambiente laboral. Segundo ela, o risco do adoecimento está na organização do trabalho, que é voltada para a produção em larga escala com elementos à exemplo de excesso de cobranças, metas elevadas que vão além da capacidade humana, dentre outros aspectos. “Precisamos pensar essa organização em termos de relações do trabalho. Assédio moral é um determinante do adoecimento e ele vai dos colegas, do chefe e da própria estratégia de gestão do trabalho. Há um assédio para produzir mais. Setores como o bancário têm assédio em cadeia, que vai do executivo para o gerente e deste para o que está abaixo no organograma das empresas”, disse.
Ela alerta que não se pode responsabilizar o trabalhador, pois essa responsabilidade está no ambiente laboral. “As pessoas muito comprometidas com o trabalho são as mais vulneráveis. Muitas vezes o adoecimento não é físico, mas uma somatização”, explica.
Os especialistas estão em consenso que é preciso montar uma rede de acolhimento e acreditam que a Previdência Social precisa ser mais efetiva na defesa dos trabalhadores e liberar dados estatísticos para às informações sejam democratizadas.
A psicóloga Bianca Reis chamou a atenção para a síndrome que tem atingido os trabalhadores brasileiros. Segundo ela, a doença traz consigo uma redução significativa na produtividade dos profissionais e suas causas estão relacionadas à sobrecarga no trabalho, ao ambiente laboral tóxico e pode fazer com que as pessoas adquiram problemas físicos e psicológicos, além de alta propensão a doenças. “Geralmente, os fatores de risco são as cargas de trabalho excessiva, falha na rotina organizacional e falta de suporte social”, enumerou.
Para a especialista, é preciso que os trabalhadores estabeleçam um limite que equilibre a vida pessoal e profissional, invista em autocuidado, praticando atividades físicas e se auto proporcionando momentos de descanso, além de buscar apoio social e manter relacionamentos saudáveis.
A enfermeira Ana Carina Dunham pontuou que é preciso falar do adoecimento do trabalhador dentro do movimento sindical. “Me assusta ver que hoje as discussões de mesas de bar são sobre depressão e ansiedade”, conta. Segundo ela, as relações de trabalho, com assédios e cobranças e a falta de direitos e autonomia levam ao esgotamento individual.
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