Ex-ministro da Saúde, Nelson Teich diz que Brasil não aprende com erros durante pandemia
Ex-ministro da Saúde, Nelson Teich diz que Brasil não aprende com erros durante pandemia
O ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, concedeu uma entrevista à Rádio Eldorado, nesta terça-feira (30/6), e defendeu uma reforma completa nas ações de combate ao novo coronavírus. O oncologista deixou o comando da pasta no dia 15 de maio, menos de um mês após assumir.
Teich alegou que o Brasil não aprende com os erros cometidos durante a pandemia, e que a situação pode levar muito tempo. "Não temos um aprendizado com o que está acontecendo. O isolamento vai e volta, mas não vejo ninguém explicando porque deu certo ou errado. A discussão do lockdown é pobre, cada vez mais difícil de conseguir. A reação é cada vez mais difícil. Todo mundo deveria tentar criar um programa único (de medidas de distanciamento) e recomeçar do zero. Essa situação da pandemia não tem hora para acabar", declarou.
O ex-ministro também criticou a tentativa de minimizar a gravidade da pandemia. "O pior a se fazer é trazer uma imagem de segurança e confiança quando ela não existe. A liderança precisa saber navegar num mar revolto como este. A única coisa que não pode ser feita é achar que o mar está calmo, porque não está", disparou.
Na ocasião em que pediu demissão do cargo de ministro da Saúde, Teich havia sido pressionado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a liberar o uso da cloroquina no tratamento da doença. Ele também explicou os motivos pelos quais foi contra a decisão.
"Quando se incorporam medicamentos e tecnologias sem uma certeza absoluta do benefício, os recursos financeiros e humanos são alocados em coisas que não são as melhores para a sociedade. Sobrecarrega o sistema e pode estar tirando dinheiro de itens básicos, fundamentais. Temos pouco dinheiro. E quanto menos recursos, menos pode desperdiçar. Não era uma discussão específica sobre a cloroquina, mas como se trata essa incorporação de medicamentos e tecnologia", defendeu Teich, que criticou ainda a falta de um ministro da pasta, já que Eduardo Pazuello continua como interino, e afirmou que saiu do comando por divergências com Bolsonaro.
"O presidente tinha uma forma de conduzir e eu tinha outra, diferente. Se ele é o líder, tem uma forma de conduzir e tenho outra, sendo nomeado por ele, saio eu", esclareceu.
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