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Brasileira conta drama de estudar na Itália durante pandemia do coronavírus; "só saio quando preciso"

Brasileira conta drama de estudar na Itália durante pandemia do coronavírus; "só saio quando preciso"

Por Cris Almeida

Brasileira conta drama de estudar na Itália durante pandemia do coronavírus; "só saio quando preciso"divulgação

A Itália amanheceu com quase 13 mil casos confirmados de coronavírus, nesta quinta-feira (12/3). Em 24 horas, o total de mortes passou de 196 para os significativos 827 óbitos. Foi o maior aumento diário em termos absolutos registrado em qualquer lugar do mundo desde que o vírus surgiu na China, no fim do ano passado. É sob esses números que a alagoana Natália Ávila Brandão, de 24 anos, está vivendo, em Milão, durante esse período de quarentena do país europeu. 


Recém-formada em arquitetura pela PUC-Rio, Natália chegou à Itália há um mês, para cursar mestrado pela instituição Politecnico di Milano, mas afirma que não teve tempo nem mesmo de conviver com professores e colegas. "Fui na primeira semana conhecer o campus e as pessoas e resolver umas coisas mais burocráticas, mas na semana seguinte, já suspenderam as aulas e as atividades escolares".


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Natália Brandão nos primeiros dias na Itália, quando o país ainda não estava na quarentena. Foto: arquivo pessoal

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Para que o calendário acadêmico não fosse totalmente prejudicado, algumas disciplinas estão sendo realizadas online. Isto porque, sair de casa para ir até à universidade não é um dos motivos liberados pelo governo italiano. No início da semana, a polícia restringiu a circulação das pessoas para apenas algumas situações.


Segundo o primeiro-ministro do país, Giuseppe Conte, todos empresários devem fechar suas portas e só devem permanecer abertos farmácias, supermercados e bancos. Os restaurantes e bares não podem continuar funcionando depois das 18h e, enquanto estiverem abertos, têm que respeitar a obrigatoriedade de distância de um metro entre os clientes, ou suas atividades serão suspensas. Serviços de entrega de comida também podem manter as atividades. Além disso, todas as empresas precisam exigir que os seus funcionários trabalhem de casa, com exceção daquelas companhias que necessitam da presença física dos trabalhadores. As medidas permanecerão até o dia 3 de abril e, aqueles que desobedecerem as regras, fato que tem acontecido, serão punidos pelo governo. As consequências do não cumprimento destas regras são multa de até € 206 - cerca de R$1.100 ou prisão de um a 12 anos.


Os avisos orientam que as pessoas que estão na Itália durante a quarentena vão a loja de alimentos perto de casa; evite compras desnecessárias; só saia em situações familiares urgentes; manejo diário de animais de estimação - necessidades fisiológicas e veterinárias do animal; e esporte ao ar livre, mantendo pelo menos um metro de distância. 


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Comunicado da polícia italiana sobre quarentena. Foto: divulgação

"Eu estou me sentindo muito presa aqui, principalmente agora que estou sozinha, porque os meus colegas voltaram para a Espanha, de onde são. Minha sorte é que tem outros brasileiros aqui no prédio e, às vezes, eu desço para ver eles. É o que eu tenho feito para me distrair, além de cozinhar, desenhar, ver filmes ou fazer algum dever de casa, quando tem. Só saio quando preciso", disse Natália ao Aratu On


A estudante revelou que o clima na cidade é de medo. "Tem muita notícia ruim rolando. Eu tinha perdido o medo nas semanas anteriores, mas com essa questão de fechamento da fronteira, e proibição de sair de casa, fiquei bem preocupada". Natália conta que, apesar de tudo, está tranquila para andar na rua e toma algumas medidas preventivas, como andar com álcool em gel, usar máscara em lugares fechados e evitar chegar muito perto das pessoas.


"O que mais me dá medo é de adoecer aqui, precisar ir num hospital e não ter leito para mim. Eu tive amigdalite há algumas semanas e, como minha mãe é médica, trouxe uns antibióticos para mim. Aproveitei umas amigas médicas também, fiz vídeoconferência, mostrei minha garganta, expliquei os sintomas e elas falaram quais eu deveria tomar. É assim que eu tenho feito para não ir até o hospital com imunidade baixa e contrair coronavírus lá". 


A jovem alerta, ainda, que a situação do Brasil pode chegar nesse mesmo patamar. Natália acredita que os brasileiros precisam ter mais consciência do quanto o vírus é devastador e dar a importância devida. "Daqui a pouco pode estar como está aqui. É um absurdo que não tenham tomado medidas drásticas logo no início aqui, caso contrário a gente poderia estar muito melhor". 


Natália enviou vídeos ao Aratu On, mostrando a situação da cidade. Nas imagens é possível ver ruas e estações do metrô vazias, filas em supermercados, pessoas usando máscaras e farmácias abertas.


Confira: 



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