“Perguntaram se tinha passagem e mataram”, diz família de morto em atentado no Barro Duro
“Perguntaram se tinha passagem e mataram”, diz família de morto em atentado no Barro Duro
Parentes de três homens assassinados no bairro do Barro Duro, em Salvador, dizem que o trio foi executado por encapuzados que se passaram por policiais civis. Wenderson Gabriel, Eliomar da Cunha Rosa e Evandro Silva Santos foram mortos no último sábado (9/6), mesmo fim de semana em que o número de homicídios na capital baiana e Região Metropolitana elevou até a atenção da Secretaria da Segurança Pública (SSP).
“Ele [Wenderson] estava na companhia da esposa e do filho, de cinco anos, na rua, quando foi abordado por nove homens se dizendo policiais civis. Os suspeitos, divididos em três carros, mandaram a mulher se afastar junto com a criança e perguntaram se [a vítima] já possuía alguma passagem pela polícia. Quando Wenderson confirmou que sim, por furto, foi morto ali mesmo”, conta uma familiar do rapaz que, por questão de segurança, não se identifica.
Ainda segundo o ele, o filho de Wenderson está com problemas psicológicos desde o assassinato, ocorrido por volta das 22h. “Ele está precisando de um psicólogo. Desde o final de semana [em que tudo aconteceu], acorda bastante agitado procurando pelo pai. A esposa dele também está sofrendo muito”, relata. As outras duas vítimas, de acordo com testemunhas que presenciaram tudo, foram executadas minutos depois de Wenderson Gabriel.
PROTESTO
Nesta quarta-feira (13/6), os parentes de Wenderson, Eliomar e Evandro fizeram uma manifestação na BA-526 (CIA/Aeroporto) para chamar a atenção sobre o caso. Além disso, eles acusam policiais militares da 49ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/São Cristóvão) de reprimir esses atos com violência. “Na segunda-feira, fizemos também um protesto. Depois disso, os agentes do PETO [Pelotão de Emprego Tático Operacional] estão chegando aterrorizando na nossa comunidade, que está acuada”, critica ainda o denunciante.
GRUPO DE EXTERMÍNIO
A ação ocorrida no Barro Duro não foi única. Naquele fim de semana foram registrados 29 homicídios em Salvador e Região Metropolitana. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) diz que está investigando todos os casos, que começaram a acontecer horas depois da morte do policial militar Gustavo Gonzaga da Silva. Ele foi surpreendido no início da manhã de sábado e teve seu corpo praticamente mutilado pelos suspeitos.
Nessa semana, o Secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa, admitiu a possibilidade de um grupo de extermínio estar agindo para vingar o crime contra o PM. “Estranhamos o comportamento de 17 homicídios no sábado, na forma que alguns ocorreram. DHPP [Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa] está analisando junto com a Força Tarefa [da SSP]. Se presume que algumas ocorrências foram feitas por grupos de extermínio. Estamos avaliando se esses grupos tinham operação entre eles ou se foi em decorrência de alguma insatisfação por conta da morte do colega, uma morte brutal?, avaliou, durante entrevista coletiva cedida à imprensa.
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*Publicada originalmente às 14h23 (13/6)