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CRISE: Cadê a axé music que estava aqui? Baianos estão fora da lista de mais ouvidos em 2017

CRISE: Cadê a axé music que estava aqui? Baianos estão fora da lista de mais ouvidos em 2017

Por Da Redação

CRISE: Cadê a axé music que estava aqui? Baianos estão fora da lista de mais ouvidos em 2017Divulgação/Montagem Aratu Online

Todo brasileiro raiz em algum momento da sua existência, principalmente se viveu intensamente os anos 90, já parou para requebrar em algum bate-estaca, encruzilhada, confraternização, batizado, sala de estar, avenida ou até mesmo dormindo ao som de uma música de axé. Contudo, a ascensão de outros ritmos musicais fez com que a crise do ritmo baiano aumentasse a cada dia, obrigando os seus artistas a sentirem saudades da época em que suas músicas chegavam ao topo e conseguiam mobilizar o país com letras que grudavam na cabeça.


O movimento foi responsável por emplacar grandes versos no nosso cotidiano como: “Pau que nasce torto nunca se endireita. Menina que requebra a mãe pega na cabeça. Domingo ela não vai. Vai, vai “, “Pra passar batom. De que cor? De violeta, na boca e na bochecha” “Vai buscar Dalila, ligeiro, ligeiro, ligeiro” e “Tá ficando apertadinha, por favor. Abre a rodinha, por favor” que poderiam claramente substituir o lema “Ordem e Progresso” que estampa a bandeira nacional e, aparentemente, em nada representa o nosso país.


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Mas o que foi tendência nos últimos 20 anos vem perdendo espaço no cenário nacional, fazendo com que o gênero criado na Bahia viva a ressaca da quarta-feira de cinzas constantemente. A situação atual do estilo musical não parece em nada com a época em que Daniela Mercury gritava aos quatro cantos do país que era a cor dessa cidade ou quando o gingado de Carla Perez, junto com o É o Tchan, assustava as criancinhas nos programas de auditório de Silvio Santos.


A questão causa bastante divergência entre especialistas, críticos e os próprios artistas. Enquanto uma parte acredita não existir crise no meio, por conta ainda do grande faturamento das principais estrelas do gênero, principalmente nos carnavais fora de época e na indústria televisiva, outra considera que o movimento não conseguiu se renovar e produzir artistas contemporâneos para bater de frente com as novas especificidades da indústria fonográfica.


“ANALISANDO ESSA CADEIA HEREDITÁRIA”


Diante de uma possível crise, uma coisa não há como negar: o axé não é mais o mesmo. A perda de popularidade do gênero musical, inclusive dentro do seu próprio estado de origem, é algo visto nitidamente nas rádios, festas de largo e nas plataformas de música em streaming. O sertanejo, o funk e até o irmão mais novo da axé, o arrocha, agora dividem as preferências nos ouvidos das pessoas.


A prova cabal dos tempos não tão gloriosos  são os dados que mostram as paradas musicais no Brasil em 2017. Nas rádios, o domínio é de artistas sertanejos. Das 10 músicas mais tocadas no último ano, todas são do gênero musical, de acordo com relatório divulgado pelo Instituto Crowley, no primeiro dia de 2018. A música “Acordando o Prédio”, do cantor Luan Santana, foi a canção que liderou o ranking, no período de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2017, no horário das 7h às 19h.


Não muito diferente do líder em execução nas rádios, outros cantores sertanejos fecham o top 10 de mais tocadas como a dupla Henrique e Juliano,  Zé Neto e Cristiano, Maiara e Maraisa, Marcos e Belutti e os solistas Wesley Safadão, Marília Mendonça, Gusttavo Lima e Anitta. As únicas baianas na lista não representam o axé no mercado musical: as irmãs Simone e Simaria, nascidas na cidade de Uibaí, a 515 km de Salvador, colocaram duas canções entre as mais tocadas: “Loka” e “Regime Fechado”.


A premissa baseada na Lei de Murphy que diz que “nada é tão ruim que não possa piorar” traduz muito a situação do gênero e artistas baianos no mercado musical nacional. Nenhuma música de axé aparece entre as 100 mais tocadas nas rádios do Brasil. A única baiana que aparece é Ivete Sangalo e em uma canção na qual faz parceria com a cantora sertaneja Naiara Azevedo.


Dados do Spotify – serviço de de streaming de música, apontam que a axé e os cantores baianos também não fazem mais parte da preferência dos usuários brasileiros. Dezenove dos 20 artistas mais ouvidos do país são brasileiros, sendo o penetra da lista apenas o britânico Ed Sheeran. Das 20 faixas mais executadas, 17 também são brasileiras. Os destaques do serviço online são as cantoras Anitta e Pabllo Vittar e o Dj Alok. A presença do pop entre as principais opções dos brasileiros no Spotify ainda não inibiu a popularidade dos cantores sertanejos que também dominam a parada por lá, sendo sete entre os 10 principais.



NAVIO PIRATA E NOVOS ARES 


Apesar da situação delicada que em nada parece com os versos “Não há quem resista a essa sinfonia, tambores e repiques” cantado por Carla Visi em “Vai sacudir, Vai abalar”, alguns nomes do cenário baiano conseguem inovar e despertar atenção do Brasil. Um deles é a banda Baiana System, que através das críticas políticas, das bases eletrônicas e do groove da afropercussão arrasta multidões por onde passa. Outro destaque são os meninos do ÀTTØØXXÁ que percorrem um caminho nunca visto na Bahia ao misturar diversas referências com o pagode.



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