EM BUSCA DO SONHO: Tratamento gratuito vira ‘milagre’ para mulheres que desejam ser mães
EM BUSCA DO SONHO: Tratamento gratuito vira ‘milagre’ para mulheres que desejam ser mães
?Acho que 99% das mulheres sonham em ser mães?, opina Eliene Soares, de 38 anos. Única entre suas irmãs sem ter um filho, a recepcionista sempre desejou levar seu sangue adiante, mas só agora, depois de 13 anos casada com o promotor de vendas Cláudio Vieira, sentiu que era a o momento.
Após algumas tentativas frustradas, resolveu tentar algum tratamento hormonal e concorrer a uma entre as 100 consultas gratuitas oferecidas por uma clínica popular, no Comércio, numa ação comemorativa do Dia das Mães, nesta sexta-feira (12/5).
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A jornada de Eliene e Cláudio era compartilhada pela de inúmeros casais que ocupavam a sala da clínica, no centro de Salvador, naquele dia. Também no dia anterior, dezenas de candidatas a mães e a pais foram atendidos por uma equipe de nove médicos, entre ginecologistas e especialistas em reprodução humana.
Um deles era o doutor Joaquim Lopes, 69, que desde os 30 anos ajuda a trazer novos rebentos à cidade. O veterano não sabe explicar porque a vida o levou a uma rotina de dedicação a novos nascimentos, mas tem um palpite. ?Talvez seja porque eu tenha sido o primeiro e único filho de uma mulher aos 43 anos. Quase não cheguei a nascer?, afirma.
Desde 1978, ?alguns milhares de bebês? já nasceram sob a supervisão do olhar do médico. Um deles precisou de 13 tentativas de fertilização in vitro, método mais sofisticado de reprodução assistida, para engravidar.
A maioria das mulheres, porém, não precisa dos complexos procedimentos oferecidos pela medicina para serem mães. De acordo com o doutor Joaquim, a 2/3 dos casais basta apenas resolver problemas hormonais através de medicação com acompanhamento. ?Tem gente que nem sabe o que é período fértil?, salienta, alertando para a falta de informações de alguns dos seus pacientes.
Na ocasião, a equipe do doutor Joaquim entrevistou casais ansiosos, além de realizar exames preliminares, como o espermograma. Havia certo silêncio constrangido sempre que a reportagem tentava conversar com alguns dos casais. ?Eles têm muito receio em falar. Muita gente fica envergonhada porque acredita que tem algum problema?, explica a funcionária da clínica Rita Souza.
Marília Santos, de 30 anos, por exemplo, teve que olhar confusa para o marido, o vigilante Valmir Santos, 41, antes de ceder. ?É que não contamos para ninguém, nem para família nem para amigos. Não queremos dar falsas esperanças?, confessou a costureira, justificando a aversão à fotografia.
Seu esposo, ainda mais envergonhado, abaixava a voz o máximo possível, mas acabava baixando a guarda quando explicava o que os fizeram ir da Barra do Gil, na Ilha de Vera Cruz, à Salvador, sob uma chuva torrencial, naquela tarde. ?Já tentamos algumas vezes, mas é a primeira vez numa clínica?, relata.
Com 13 anos de casamento, ele e Marília se apegaram à primeira oportunidade que surgiu de realizar o sonho da paternidade, assim que souberam das consultas gratuitas pela TV. O nome da futura prole já está decidido: se for menino, João Vitor; se for menina, algum com a inicial do nome da mãe. ?Mas o sonho mesmo é que sejam gêmeos?, comentou, esperançosa, a costureira.