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A VIOLÊNCIA COMO ELA É: Secretaria de Educação remaneja escolas, ignora ‘guerra da droga’ e expõe estudantes na periferia de Salvador

A VIOLÊNCIA COMO ELA É: Secretaria de Educação remaneja escolas, ignora ‘guerra da droga’ e expõe estudantes na periferia de Salvador

Por Da Redação

A VIOLÊNCIA COMO ELA É: Secretaria de Educação remaneja escolas, ignora ‘guerra da droga’ e expõe estudantes na periferia de SalvadorReprodução | Google Maps

Estudantes que fazem parte do programa Educação para Jovens e Adultos (EJA) têm enfrentado dificuldades para prosseguir nos estudos. Isso porquê a Secretaria Municipal de Educação (Smed) reduziu o número de turmas de EJA. Algumas simplesmente foram canceladas e outras tantas fundidas às demais turmas em bairros vizinhos. As aulas do programa acontecem no turno da noite nas escolas municipais de Salvador.


Com o remanejamento, além das barreiras como o cansaço e a dificuldade de aprendizado, os estudantes enfrentam o medo de serem vítimas da violência.


Ao remanejar as turmas da noite para escolas em bairros vizinhos, a Secretaria Municipal de Educação ignora os problemas que envolvem as periferias de Salvador — a exemplo  da criminalidade e rixas provocadas pelo tráfico de drogas.


Com as mudanças, muitos alunos afirmam ter medo de ir para a escola vizinha e sofrer retaliações sendo confundidos com rivais de facções criminosas.


MURO DE BERLIM


A professora Manuela Cristina dava aula na escola municipal São Roque, no bairro do Lobato (Subúrbio Ferroviário de Salvador). Ela explica que a instituição foi nucleada – termo usado quando uma escola é fechada e seus funcionários e alunos são transferidos para uma unidade vizinha. Agora, ela está alocada na escola municipal Professora Eufrosina Miranda, também no Lobato.


Ela explica que o bairro é dividido entre os moradores do lado esquerdo e do lado direito por uma briga de facções rivais. “Nós professores e os nossos alunos do antigo São Roque estamos com medo de frequentar a escola para qual fomos transferidos. Temos que atravessar para o outro lado do bairro, o lado rival. Temos medo de morrer”, disse.


INDICATIVO DE GREVE


O Sindicato dos Professores da Rede de Ensino Municipal de Salvador (APLB) vai se reunir em assembleia com o Secretário Municipal de Educação Guilherme Bellintani nesta quarta-feira (2/3), às 14h, no estádio de Pituaçu. A pauta da reunião será esse sucateamento da educação nas turmas de EJA, além da universalização da reserva da jornada de trabalho.


Inicialmente, o sindicato apontou 34 escolas nucleadas em Salvador. Mas, segundo a diretora do sindicato, Elza Melo, esse número já diminuiu depois de um movimento organizado pelos professores municipais.


“Exigimos que as inscrições para as turmas noturnas fossem reabertas até o mês de março e a Secretaria nos atendeu. Os alunos do noturno geralmente só começam a se matricular depois que passa o Carnaval porque muitos deles trabalham na festa e necessitam dessa renda extra”, explicou.


“Mas nós vamos ter um novo balanço de quantas turmas foram canceladas e reabertas depois dessa reunião com a Secretaria de Educação”, completou Elza.


A diretora disse ainda que a categoria aprovou indicativo de greve por causa da demora da Secretaria de Educação em colocar mais professores em todas as unidades escolares para atender o direito da reserva da jornada de trabalho. “Estamos fazendo um movimento desde janeiro para pressionar a Secretaria a colocar mais professores nas escolas pra dividir o tempo com os professores já existentes”, disse.


Os professores têm direito a 2/3 de seu tempo para interagiram com os estudantes em sala de aula. O 1/3 restante é o tempo que o professor tem fora da sala para planejar aulas, avaliações e projetos educacionais em geral. “Temos o chamado professor primeiro regente e quando ele está fora da sala é o segundo regente que assume a aula. A cada duas turmas em uma escola, deve haver três professores disponíveis na instituição pra não deixar os alunos sem aula”, afirmou.


O indicativo de greve foi dado pela categoria na assembleia realizada com a Secretaria de Educação na última quinta-feira (25/2). “Se nessa próxima assembleia que vai acontecer sentirmos que a Secretaria está se delongando em nos atender, vamos sim iniciar uma greve na rede municipal de ensino de Salvador”, ressaltou Elza.


A equipe de reportagem do Aratu Online tentou fazer contato com o Secretário Municipal de Educação, Guilherme Bellintani, para que pudesse dar seu posicionamento sobre esta polêmica, mas não obteve sucesso. A  assessoria de imprensa da pasta também não atendeu às ligações.


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