OMS confirma segundo caso de ebola em Serra Leoa
OMS confirma segundo caso de ebola em Serra Leoa
Serra Leoa registrou um novo caso de Ebola, uma pessoa próxima à vítima que morreu há menos de dez dias no país, que reforçava nesta quinta-feira (21/1) os controles sanitários sistemáticos para prevenir novas contaminações.
A vítima é uma tia da estudante de 22 anos, Marie Jalloh, que morreu pela febre ebola no último 12 de janeiro na cidade de Magburaka (norte), onde a mulher estava em quarentena, segundo várias fontes oficiais em Serra Leoa e a Organização Mundial da Saúde (OMS) – que confirmou este segundo caso.
A identidade da mulher de 38 anos não foi revelada, e ela está sendo tratada pelo pseudônimo de “Tia M.”.
Segundo comunicado oficial lançado por Freetown, “Tia M.” foi colocada em quarentena em Magburaka em 17 de janeiro, com quatro pessoas consideradas como “de alto risco”. Ela começou a apresentar uma febre com diarreia na manhã de quarta-feira e logo foi transferida para uma unidade de isolamento, até que os exames confirmem a presença do vírus ebola.
Ela foi transferida para Freetown, num centro de tratamento adaptado dentro de um hospital militar.
Estes novos casos são um golpe para o país, onde o fim da transmissão do vírus tinha sido declarado em 7 de novembro no ano passado. Em entrevista à AFP, o porta-voz do ministério da Saúde serra-leonês, Sidi Yahya Tunis, estimou “que é muito provável que mais casos sejam registrados, já que muitas pessoas foram expostas” à primeira vítima.
“Ainda não conseguimos determinar qual foi a fonte de infecção ou de transmissão do vírus” para estes novos casos confirmados, disse.
Segundo outra fonte do governo, “Tia M. fez parte das mulheres que realizaram o ritual de lavagem do corpo de Marie Jalloh antes que ela fosse enterrada em Magburaka”.
Os corpos das vítimas de ebola são altamente contagiosos e a orientação é que sejam enterrados de maneira segura, o que para certas comunidades significa abrir mão de certos rituais tradicionais com lavagem e toques nos restos mortais, especialmente importantes em Serra Leoa, Guiné e Libéria, os países mais atingidos.
Estes três países concentram mais de 99% dos 11.300 mortos, sobre mais de 28.000 casos registrados desde o início da epidemia em dezembro de 2013 no sul da Guiné, um balanço considerado subestimado pela OMS.
– Em busca de contatos –
Além disso, uma campanha de vacinação das pessoas que tiveram contato foi lançada na terça-feira em várias comunidades do norte, de acordo com o chefe de serviços médicos de Serra Leoa, Brima Kargbo, explicando à AFP que a operação iria durar “até que todos os contatos sejam vacinados”.
Segundo ele, o produto utilizado é a vacina candidata VSV-EBOV, já testada na Guiné e numa cidade do norte de Serra Leoa sob quarentena.
Segundo a OMS, “150 contatos do primeiro caso foram identificadas, dos quais 42 são de alto risco”, e este número pode aumentar “já que há um segundo caso e não sabemos exatamente quantas pessoas entraram em contato com a tia”.
Oficialmente, todos os “contatos” registrados estavam em quarentena no norte de Serra Leoa, com exceção do pai de Marie Jalloh, isolado em Freetown, onde foi encontrado.
Além do hospital militar onde a mulher contaminada por admitida, “nós estamos retomando o funcionamento de outros centros” de tratamento de ebola que ainda não tinham sido desmontados, afirmou ainda Sidi Yahya Tunis.
“Nós restabelecemos a checagem de temperaturas e outras medidas sanitárias” de detecção e prevenção de ebola “nos principais pontos de controle rodoviários e regiões do país”, explicou.
Segundo as autoridades sanitárias, Marie Jalloh, que morava em Lunsar (norte), adoeceu no início do ano durante as férias e foi transportada em 7 de janeiro para Magburaka.
A revelação deste novo caso colocou novamente a população em estado de preocupação e medo, como a dona de casa Tity Kamara, 36 anos.
“Estávamos nos recuperando do choque causado pela morte de Marie Jalloh, e não sabemos se estamos a salvo”, desabafou à AFP.
Os testes sobre o corpo de Marie Jalloh deram positivo em 14 de janeiro, horas após a declaração da OMS do fim de “todas as redes de transmissão conhecidas” do vírus na África Ocidental.