Quadrilha formada por PMs que extorquia parentes de criminosos é desarticulada
Quadrilha formada por PMs que extorquia parentes de criminosos é desarticulada
Uma quadrilha envolvida em extorsões, integrada por seis pessoas, dentre as quais três policiais militares da ativa e um da reserva, um comerciante e um mototaxista, foi desarticulada após investigação da Polícia Civil. Os dois últimos criminosos atuavam como “X-9”, termo usado como sinônimo para informante. A informação foi divulgada na tarde desta quinta-feira (29), pela Secretaria de Segurança Pública.
Lúcio Ferreira de Jesus, 35 anos, lotado na Rondesp/Central, Maurício Santos Santana, 34, da 39ª CIPM/Boca do Rio e Clovis de Miranda Silva, 33, da 23ª CIPM/Tancredo Neves (da esquerda para a direita na foto acima), além do soldado Danilo Pereira Silva, 30, já na reserva, foram presos em pontos diferentes de Salvador. Todos foram encaminhados à sede da Polícia Civil, onde prestaram depoimento e posteriormente levados para o Batalhão de Choque, em Lauro de Freitas.
Já o comerciante Clemílson Meira Santos, 25, e o mototaxista José Vitor Pires de Novaes, 29, se encontram recolhidos nas carceragens das delegacias de Repressão e Furtos e Roubos (DRFR), na Baixa do Fiscal, e Repressão a Furtos e Roubos de Veículos (DRFRV), nas dependências do Detran.
Investigação
Há cerca de um mês, cruzando dados estatísticos de diversas unidades territoriais e especializadas, a Polícia Civil observou que havia aumentado, nos últimos meses, o número de ocorrências envolvendo sequestro mediante extorsão ou chantagem praticadas por pessoas que se identificavam como policiais. Pelos depoimentos das vítimas, a maneira de agir da quadrilha era sempre a mesma e a descrição física dos criminosos muito semelhante.
Outro detalhe que chamou a atenção dos policiais que fizeram o trabalho foi o fato de que os alvos terem o mesmo perfil: parentes de traficantes sequestrados em troca do pagamento de resgate ou pessoas com problemas com a Justiça. Os bandidos exigiam algum tipo de pagamento em dinheiro ou bens (carros e motocicletas), para mantê-los longe de novos problemas com a polícia.
O diretor do DCCP, delegado Moisés Damasceno, explicou que os policiais escolhiam estes alvos, acreditando que, por serem pessoas com atividades ilícitas ou processadas no passado por algum tipo de crime, jamais procurariam a polícia para denunciá-los. Damasceno disse também que a quadrilha agia com muita violência e, apesar de formada em parte por policiais militares, se apresentava sempre como integrantes da Polícia Civil. Até mesmo os dois “X-9”, cuja função era receber os pagamentos exigidos, assim agiam.
Apreensões
Com a quadrilha, a polícia apreendeu cinco armas (dois revólveres 38, duas pistolas 380 e uma pistola ponto 40, de uso da PM), além de munições para diversos calibres. Foram ainda apreendidos R$ 4 mil, uma motocicleta, dois automóveis Gol, placas, registros do Detran, coletes antibalísticos, balaclavas, fardas das Forças Armadas, bonés, facas, celulares, algemas e roupas. Também participaram da captura dos criminosos policiais da Coordenação de Operações Especiais (COE) da Polícia Civil.
Em nota, a Polícia Militar disse que “repudia os delitos cometidos pelos soldados e que eles irão responder até a última instância na esfera administrativa”. A PM destacou também “não aceitar o comportamento de policiais que não honram a farda que vestem e reafirma o compromisso institucional de proteger e servir à população”.