SUS tem 37 mil equipamentos fora de uso no Brasil
SUS tem 37 mil equipamentos fora de uso no Brasil
Mesmo com as enormes filas de espera por exames e tratamentos, o Sistema Único de Saúde (SUS) tem hoje cerca de 37 mil equipamentos fora de uso em todo o país, mostra levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo, com base em dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) do Datasus. São aparelhos para os mais diversos fins, desde equipamentos para diagnóstico por imagem, como ultrassom e tomógrafo, até máquinas que asseguram a sobrevivência dos pacientes, como cadeiras de hemodiálise e incubadoras para recém-nascidos.
O número de aparelhos inutilizados inclui máquinas quebradas, em manutenção, obsoletas ou novas, mas que ainda estão à espera de instalação. A existência de equipamentos sem uso na rede pública contrasta com o tempo de espera que os pacientes enfrentam ao tentar agendar alguns tipos de exame.
Em Porto Alegre, uma empregada doméstica de 62 anos espera há quatro meses a confirmação da data de uma ecografia mamária, exame preventivo do câncer de mama. “Entreguei o encaminhamento em maio e, até agora, não foi marcado. Antes, o posto mesmo dava a requisição na hora e a gente só precisava ir até a clínica fazer, mas agora temos de esperar que avisem por telefone do agendamento”, diz a paciente, que não quis ser identificada.
Se a demora já é comum por causa da lista de espera, a situação se agravou há cerca de 20 dias, quando um dos aparelhos de ecografia da capital gaúcha apresentou problemas. De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre, “os reparos já foram acionados e o problema deve ser solucionado em até duas semanas”.
O Rio Grande do Sul é o terceiro Estado com o maior porcentual de aparelhos fora de uso em relação ao total de máquinas existentes nas unidades de saúde gaúchas. São 3.551 equipamentos inutilizados, 7,2% do total. Em primeiro e segundo lugar na lista dos Estados com mais máquinas sem utilização aparecem Rondônia e Distrito Federal.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, Ruffo de Freitas Júnior, a oferta ainda insuficiente de exames de diagnóstico do tumor de mama faz com que muitos casos de câncer sejam descobertos já em estágio avançado. “Temos máquinas velhas, que precisam de manutenção ou de substituição, mas temos também o problema da subutilização dos aparelhos. Os hospitais costumam fazer menos exames do que sua capacidade, por causa da falta de profissionais”, diz. Em todo o país, estão fora de uso 179 ecógrafos e 115 mamógrafos.