Esporte Clube Bahia: história, títulos e curiosidades do Tricolor de Aço
Fundado em 1º de janeiro de 1931, em Salvador, o Esporte Clube Bahia nasceu da união de ex-atletas do Clube Bahiano de Tênis e da Associação Atlética da Bahia
Por Dinaldo dos Santos.
O Esporte Clube Bahia, conhecido carinhosamente como Tricolor ou Esquadrão de Aço, é muito mais do que um time de futebol: é um dos maiores símbolos de identidade popular da Bahia.
Fundado em 1º de janeiro de 1931, em Salvador, o clube nasceu da união de ex-atletas do Clube Bahiano de Tênis e da Associação Atlética da Bahia. Desde o início, as cores azul, vermelho e branco, inspiradas na bandeira do estado, marcaram a ligação do time com grande parte do povo baiano.
Títulos do Tricolor de Aço
Após a sua fundação, o Tricolor de Aço não demorou a se colocar no mapa do futebol nacional. Ao longo de sua trajetória, o Esporte Clube Bahia acumulou dezenas de títulos, alguns deles com grande peso simbólico, que ajudaram a consolidar a imagem do clube como potência do futebol nordestino.
O Bahia foi o primeiro campeão brasileiro da história, em 1959, quando venceu o Santos de Pelé na decisão da Taça Brasil, competição reconhecida pela CBF como título nacional. Três décadas depois, em 1988, o clube voltou a fazer história ao derrotar o Internacional e conquistar o bicampeonato nacional.
Além disso, o Esquadrão é o maior vencedor da Copa do Nordeste, acumulando cinco títulos (2001, 2002 e 2017, 2021 e 2025). Na conquista regional mais recente, no último dia 6 de setembro, o Bahia sacramentou o pentacampeonato, de forma avassaladora, na Arena Fonte Nova, ao golear o Confiança por 5 a 0.
A conquista do penta se concretizou em Salvador, mas começou a ser construída, em Aracaju, onde o Bahia já havia goleado o adversário, por 4 a 1, na partida de ida, disputada no Batistão. O destaque da decisão final foi o atacante Tiago, oriundo da base, fazendo três gols na partida.
Na história das competições estaduais, o Bahia é também o maior vencedor com 51 conquistas. Esses títulos não apenas consolidaram o Tricolor como o principal clube baiano, mas sustentaram sua hegemonia no cenário local ao longo de diferentes gerações.
Por conta dessa performance, a década de 1970 ficou marcada como um dos períodos mais vitoriosos do Esporte Clube Bahia no futebol baiano. O Tricolor de Aço construiu uma hegemonia quase absoluta, coroada com uma sequência impressionante de sete títulos consecutivos do Campeonato Baiano, entre 1973 e 1979.
Ídolos que marcaram época no Bahia
O Esporte Clube Bahia sempre foi um celeiro de ídolos que marcaram gerações, cada um à sua maneira escrevendo capítulos inesquecíveis da trajetória do Esquadrão de Aço.
Entre os nomes mais emblemáticos, Bobô ocupa lugar de destaque. Craque do título brasileiro de 1988, o meia marcou época com seu talento, visão de jogo e gols decisivos. Ao seu lado, outros protagonistas daquela conquista, como Charles e Zé Carlos, ficaram eternizados na memória coletiva.
O lateral Daniel Alves, um dos maiores vencedores da história do futebol mundial, também começou sua trajetória profissional no clube, reforçando a importância do Bahia, também, como formador de atletas.
Confira nomes de alguns ídolos:
Nadinho – Considerado um dos primeiros grandes ídolos do Bahia, o goleiro marcou época nos anos 1950 e entrou para a história ao fazer parte do elenco campeão brasileiro de 1959, título que projetou o Esquadrão no cenário nacional.
Marito – Ponta direita que virou símbolo de raça e qualidade técnica no ataque do Bahia durante as décadas de 1950 e 1960, conquistando título o primeiro título brasileiro do clube. Ele ficou conhecido como "Diabo Loiro" e se tornou inesquecível para a torcida tricolor.
Roberto Rebouças – Zagueiro de grande destaque nos anos 1970, conhecido pela regularidade, aplicação tática, bravura de "xerife", e capacidade de comandar seus parceiros, sendo peça importante em conquistas regionais.
Douglas – Meio-campista habilidoso e de personalidade marcante, brilhou na década de 1970. Sua visão de jogo e qualidade nos passes o colocaram como referência criativa do time, lembrado com carinho pela torcida.
Baiaco – Outro nome lendário dos anos 70, foi volante de forte marcação e espírito de combatente. O baiano de São Francisco do Conde representava a garra que a arquibancada exigia em campo.
Beijoca – Atacante irreverente, de gols decisivos e estilo desbravador, que conquistou o coração da torcida nos anos 70. Seu apelido e sua presença folclórica o eternizaram como um dos símbolos da paixão tricolor.
Dadá Maravilha – Um dos maiores personagens do futebol brasileiro também vestiu a camisa do Bahia, no fim da década de 70. Com seu faro de gol inconfundível, deixou sua marca e trouxe espetáculo à Fonte Nova.
Cláudio Adão – Centroavante de refinada técnica, jogou no Bahia no ano de 1986, onde acrescentou qualidade e experiência ao ataque, que já tinha a presença de Bobô. Mesmo com passagem curta, marcou época pela eficiência e categoria.
Torcida e rivalidade do Tricolor
Se dentro de campo o Bahia construiu conquistas, fora dele o clube tem uma de suas maiores forças: a torcida. A Nação Tricolor é considerada uma das mais apaixonadas do país, capaz de lotar a Arena Fonte Nova em momentos decisivos ou de apoiar em qualquer canto do Brasil.
Localizada no coração de Salvador, a Arena Fonte Nova, onde o Bahia manda os seus jogos, é muito mais do que um estádio de futebol: é um símbolo da cultura esportiva baiana.
É lá que o Bahia, clube que carrega a paixão de milhões de torcedores, marca há muito tempo a sua história ao lado de uma nação de fãs apaixonados.
A história dste palco do futebol baiano começou em 1951, com a inauguração do Estádio Octávio Mangabeira, nome oficial da antiga praça esportiva. Mas, por que Fonte Nova?
O nome 'Fonte Nova' é uma referência às várias fontes de água que marcavam a paisagem local. Este aspecto natural da geografia, inclusive, deu nome à Ladeira das Fontes das Pedras, o principal acesso ao estádio.
Na Fonte Nova, por inúmeras vezes a maior rivalidade esportiva do estado entrou em campo. Bahia e o arquirrival, Vitória, dá vida ao clássico Ba-Vi, o maior do Nordeste. Mais do que um jogo, é um duelo que divide Salvador e mobiliza gerações de torcedores.
O famoso BAVI, além de ser o maior do futebol baiano e um dos principais clássicos do Brasil. Trata-se de uma das rivalidades mais intensas e tradicionais do país, responsável por dividir torcidas, mobilizar multidões e escrever capítulos memoráveis na história dos dois clubes.
Mas apesar do apelo e tradição, há sete anos o clássico é acompanhado somente por uma das torcidas, no estádio. Desde 2018, Bahia e Vitória, quando se encontram, jogam para torcida única, devido a conflitos violentos que já aconteceram entre grupos. No início do ano, o Ministério Público até tentou reverter essa medida, mas a situação ainda persiste.
Ao todo, 503 clássicos foram disputados entre Bahia e Vitória. A equipe Tricolor leva vantagem sobre a Rubro-Negra: venceu 196 vezes, perdeu 153 e houve 154 empates. No cômputo geral dos encontros foram marcados 1274 gols, sendo 683 assinalados pelo Bahia e 591 marcados pelo Vitória.
Nova era: Bahia e o Grupo City
Em 2023, o Bahia virou SAF e passou a integrar o City Football Group (CFG), conglomerado internacional que também administra o Manchester City. A mudança trouxe investimentos, profissionalização e a promessa de colocar o Tricolor em outro patamar competitivo.
Dívidas antigas foram praticamente quitadas e o elenco passou a receber reforços de maior peso.
Ainda em fase de construção, a parceria gera expectativa e esperança na torcida: o sonho é ver o Bahia novamente entre os gigantes do futebol brasileiro.
Com a entrada no CFG, o Bahia passou a realizar suas pré-temporadas em instalações de outras grandes equipes do conglomerado. Em 2024, a equipe comandada por Rogério Ceni ficou entre os dias 9 e 21 de janeiro na Inglaterra, onde utilizou as instalações do Manchester City. Neste ano, foi a vez de visitar a estrutura do Girona, em Catalunha, na Espanha.
Apesar da aquisição, o clube não perdeu totalmente sua identidade. A associação do Bahia, que segue existindo paralelamente à SAF, continua responsável por tradições, relação com torcedores, preservação da história e, sobretudo, por acompanhar o cumprimento das obrigações assumidas pelo Grupo City.
Essa divisão garante que o Tricolor de Aço mantenha sua ligação cultural com a torcida, ao mesmo tempo em que se beneficia da estrutura financeira e administrativa de um dos maiores grupos de futebol do mundo.
LEIA MAIS: Sequência de lesões no Bahia aumenta preocupação com excesso de jogos
Siga a gente no Insta, Facebook, Bluesky e X. Envie denúncia ou sugestão de pauta para (71) 99940 – 7440 (WhatsApp).