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Copa 2023: Presente em todas as Copas, Suécia joga pelo título inédito e coroação de uma geração

Sempre entre as favoritas, escandinavas tem apenas um europeu e nunca chegaram ao todo da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos

Por Da Redação

Copa 2023: Presente em todas as Copas, Suécia joga pelo título inédito e coroação de uma geração
Até o dia 20 de julho, Aratu On traz perfis especiais sobre todas as seleções que disputarão a Copa do Mundo de Futebol Feminino 2023, sediada nos países da Austrália e Nova Zelândia. Será uma equipe por dia, seguindo o ranking feminino da FIFA em ordem decrescente, com exceção do Brasil que será o último perfil. Confira aqui as publicações anteriores desse especial.
Uma das equipes mais temidas do futebol mundial, a Suécia carrega um tabu indigesto em torneios intercontinentais: Com duas medalhas de prata e um vice-campeonato mundial, a equipe europeia nunca chegou ao posto máximo das principais competições do futebol feminino e tem apenas uma Euro, a primeira, como conquista. E apesar de quase sempre terminar entre os melhores times de cada temporada, este é um histórico que não condiz com uma equipe altamente preparada e que vê na atual Copa do Mundo a sua oportunidade de entrar para a história da modalidade.
Origem e primeiras seleções
Assim como ocorreu nos países vizinhos, os primeiros relatos de jogos femininos na Suécia são do ano de 1918, em que a prática em si foi ridicularizada pela imprensa da época e teve dificuldades de popularização no país nórdico. Dentro deste cenário, era "permitido" as mulheres o jogo descompromissado ou com vias de caridade ou espetáculo. Qualquer movimento mais organizado ou "sério", era visto como propaganda feminista e enfrentava resitência dos suecos. Por conta disso, e diferente de outras regiões, a modalidade sequer foi usada como alternativa durante a Segunda Guerra Mundial
Nos anos 50, a cidade de Umea torna-se pioneira na construção e engajamento do primeiro torneio organizado para o futebol feminino sueco. Idealizado por um jornal local, a competição contava com cobertura séria e tinha presença de público cativo para os jogos. A situação durou pouco e o país só voltaria uma nova organização deste estilo nos anos 60.
Em 1965, universidades suecas passaram a promover e criar clubes de futebol feminino. O movimento cresceu rapidamente e foi além da vida acadêmica para formar clubes e associações nas várias cidades do país. O curioso é que desta época em diante, o número de equipes e torneios aumentou gradativamente em solo sueco, com campeonatos ajudando na popularização do esporte entre as mulheres.

Entre 1970 e 1971, grande parte do país já praticava o esporte e a Federação Sueca de Futebol (SvFF) não criava movimentos de apoio a prática. Entretanto, associações distritais passaram a dar apoio técnico e administrativo ao esporte, que também recebia um acompanhamento mais profissional e entusiasta de parte da imprensa nacional.
Por conta das iniciativas da UEFA em implementar um departamento de futebol feminino, em 1972 a SvFF adota a modalidade e cria um planejamento de integração em todos os níveis organizacionais. O curioso é que neste período, indo de encontro a tendências sociais que existiam em outros cantos do mundo, a entidade reúne peritos médicos para investigar o mito sobre a suposta fragilidade do corpo das mulheres a atividade deste esporte.
E após rejeitaram o fato - que ainda associava câncer de mama e outras lesões a esta prática - ficou decidido na Suécia que ambos os gêneros teriam o mesmo conjunto de regras e estrutura organizacional, mas ainda separados em modalidade. A exceção ficava por conta das categorias infantis, que poderiam apresentar grupos mistos.
No ano de 1973, foi formada a primeira seleção nacional e os primeiros jogos, contra os vizinhos nórdicos, aconteceram nos anos seguintes. Com crescente evolução, a equipe já despontava contra nações de outros cantos da Europa: em 79, a Suécia ficou em terceiro no Campeonato Europeu não-oficial organizado na Itália.
Primeira Euro e participações em mundiais
Ainda passando pelo processo de organização e estruturação interna, a Suécia compete na primeira Euro de 84 e chega à fase final após vencer um grupo composto por Noruega, Finlândia e Islândia. Na fase final, desbanca a Itália nas semifinais e derrota a Inglaterra na disputa de pênaltis depois de duas partidas terminadas em 1 a 0 para ambos os lados. Vale destacar que uma das atletas mais importantes deste elenco é a atual treinadora da Seleção Brasileira, Pia Sundhage.

Em 87, a equipe volta a fase final e novamente derrota a Inglaterra, só que agora nas semifinais. Na decisão, caem perante a Noruega (donas da casa) por 2 a 1. Dois anos depois, voltam a enfrentar suas rivais nórdicas em uma semifinal e perdem a oportunidade de irem para a terceira decisão seguida.
Durante o ano de 88, a Suécia é convidada a participar do Torneio Experimental da FIFA realizado na China. A competição é o embrião da Copa do Mundo e as auriazuis não fazem feio na competição. Na primeira fase, vencem Tchecoslováquia e Japão, empatando com os Estados Unidos. Nas quartas derrotam o Canadá e nas semifinais ultrapassam as donas da casa para chegar à decisão contra a Noruega, perdendo por 1 a 0.
Depois disso, a chegada da Suécia a fase final da Euro 89 dá vaga a primeira Copa do Mundo, em 1991. As Blågult estreiam com derrota de 3 a 2 para os Estados Unidos e logo depois goleiam o Japão por 8 a 0, além de derrotar o Brasil por 1 a 0 para assegurar vaga ao mata-mata. Nas quartas, derrotam a China por 1 a 0 e chegam as semifinais para enfrentar suas eternas rivais da Noruega. A goleada de 4 a 1 sofrida pelas suecas não abala o time, que fica com o terceiro lugar após dar 4 a 0 na Alemanha.
Sem conseguir vaga para a Euro de 91 e de 93, a Suécia retorna a Copa do Mundo de 95 como sede do torneio. E na ocasião, ela estreia novamente com derrota: 1 a 0 para o Brasil. Entretanto, o time se recupera na segunda rodada ao derrotar a Alemanha por 3 a 2 e assegura sua classificação ao vencer o Japão por 2 a 0. Porém, nas quartas, empata com a China e cai na disputa de penalidades por 4 a 3. Voltando a Euro em 95, a equipe amarga mais um vice-campeonato ao passar pela Noruega nas semifinais e ser derrotada pela Alemanha na decisão.

Vale destacar que com a exceção das Euro 91 e 93, a Suécia sempre esteve em todas as competições internacionais. E parte disso se deve ao fato do time nunca desperdiçar as chances que lhe são dadas: Na primeira edição do futebol feminino nos Jogos Olímpicos, em 96, a equipe azul e dourada foi selecionada por ser uma das oito melhores da Copa do ano anterior. No torneio, caíram para chinesas e estadunidenses, vencendo as dinamarquesas em sua despedida.
Em 97, a Eurocopa toma novo formato e a Suécia sedia o evento ao lado da Noruega. Com oito equipes, a fase de grupos começa com as donas da casa derrotando Espanha, Rússia e França, garantindo vaga nas semifinais. Entretanto, a equipe cai diante de uma Alemanha que já dominava o cenário regional.
Dois anos depois, a equipe chega a sua terceira Copa e após a fase de grupos (em que enfrenta China, Austrália e Gana), cai diante da Noruega nas quartas. Classificada para os Jogos de Sydney, não passa da fase de grupos contra Brasil, Austrália e Alemanha.
Nova era e protagonismo
Ao final do século XX, o futebol sueco sofreu uma transformação que não só manteve o país como um dos principais do esporte como também o levou a um nível maior ao que já pertencia. Em um cenário local com um campeonato já profissional, a chegada da equipe do Umea aprimorou um conjunto de atletas que não só se destacavam a nível dos clubes - chegando a conquistar a Champions League - como também renovaram a qualidade e o interesse pelas Blågult
Com isso, a Suécia emplaca dois vice-campeonatos que são marcantes para a história da equipe. Em 2001, pela Eurocopa, a equipe faz uma campanha quase impecável e só perde dois jogos no torneio, ambos para a campeã Alemanha. Na decisão, o revés chega apenas em um gol de ouro que finaliza a partida no início da prorrogação.

Na Copa do Mundo, a história se repete: Depois de uma estreia com derrota para os Estados Unidos, as suecas superam Coreia do Norte, Nigéria, Brasil e Canadá para caírem - novamente com um gol de ouro - para as imparáveis alemãs. Apesar disso, o jogo foi a partida de futebol mais assistida da história da televisão sueca e remodelou completamente a paixão da nação pela sua equipe. Nos Jogos de Atenas 2004, A Suécia tem um bom início e chega as semifinais, caindo para o Brasil na ocasião. Na decisão do bronze, nova derrota para as germânicas.
O ciclo de chegadas as semifinais se encerra com a Euro 2005, em que lideram uma chave com Dinamarca, Inglaterra e Finlândia para cair perante a Noruega. Em 2007, fazem a pior campanha de copas de sua história, ficando na fase de grupos pela primeira vez ao empatar com a Nigéria, perder para os EUA e vencer a Coreia do Norte. Nos Jogos de Pequim, avançam novamente às quartas e perdem para as carrascas alemães por 2 a 0.
Volta ao pódio, medalhas e desejo de título
Antes da Euro 2009, a SvFF efetua uma mudança em relação ao orçamento destinado ao time feminino, com aumentos que equivalem a quase 100% do que já fora investido em outras temporadas. Além disso, o time ganha sua própria arena nacional, a Gamla Ullevi em Gotemburgo.
Na Euro 2009, as suecas terminam mais uma vez na liderança da chave após vencerem Rússia e Itália, empatando com as inglesas na última rodada. Nas quartas, caem diante das rivais norueguesas e dão adeus a competição.
Já na Copa do Mundo de 2011 a sua performance melhora em relação aos torneios anteriores. Na primeira fase, faz uma surpreendente campanha de 100% de aproveitamento contra Colômbia, Coreia do Norte e Estados Unidos. Nas oitavas supera a Austrália e chega às semifinais para não resistir ao Japão, campeão daquele ano. Na decisão de terceiro lugar, supera a França e volta ao pódio de um Mundial. Um ano depois, em Londres, não repete o desempenho e acaba fora da disputa de medalhas nas quartas, contra a própria França.

Para o novo ciclo de torneios, a ex-jogadora Pia Sundhage assume como técnica da seleção e traz para o grupo a experiência que teve ao dirigir os Estados Unidos nos Ouros de 2008 e 2012, além do vice-campeonato do Mundial 2011. Na Euro de 2013, leva a equipe novamente as semifinais com eliminação para futura campeã Alemanha. Para a Copa de 2015 faz uma campanha com três empates na primeira fase (Nigéria, EUA e Austrália) e se classifica para as oitavas, caindo novamente contra as germânicas.
Entretanto, no Rio 2016 Pia faz sua melhor campanha no comando da equipe e leva o selecionado a sua primeira medalha de prata: Depois de uma fraca fase de grupos, tomando 5 a 1 do Brasil, elimina Estados Unidos e as mesmas brasileiras no penaltis para perder a decisão para... a Alemanha. Na Euro de 2017, porém, cai contra a anfitriã Holanda nas quartas e se despede da equipe nacional.
Com uma geração talentosa e bem estruturada, o treinador Peter Gerhardsson comanda um dos períodos mais marcantes da equipe. Na Copa de 2019, a Suécia vence Chile e Tailândia, perdendo apenas para os EUA na fase de grupos. No mata-mata, passa por Canadá e depois consegue uma importante classificação sob a carrasca Alemanha. Porém, não resiste a impetuosa Holanda - tomando um gol na prorrogação - se contentando com um terceiro lugar conquistado contra a Inglaterra. Nos Jogos de Tóquio, supera o desempenho ao vencer EUA, Austrália e Nova Zelândia na primeira fase, passa por Japão e novamente a Austrália para chegar na decisão. Infelizmente, perde nos penaltis para o Canadá, faturando a segunda prata da equipe.

Suécia na Copa do Mundo 2023
Após uma decepcionante Eurocopa, em que entra como favorita e cai nas semis com uma goleada de 4 a 0 da Inglaterra, a Suécia chega a Copa do Mundo sem negar a sua terceira posição no ranking da FIFA e seu favoritismo na busca pelo primeiro título. As auriazuis estreiam contra a África do Sul no dia 23/7 em Wellington, jogam contra a Itália no mesmo lugar no dia 29 e encerram a primeira fase no dia 2/8 em Hamilton, contra a Argentina.
Para chegar ao título, a principal arma sueca é Stina Blackstenius, atacante conhecida por sua marcação forte e habilidade para fazer gols. Mesmo se recuperando de lesão, a atleta é a esperança de gols e tem ao seu lado outros grandes nomes como as meias  Filippa Angeldahl e Caroline Seger, além das atacantes Sofia Jakobsson e Fridolona Rolfo.

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